Zero K

Zero K Don DeLillo




Resenhas - Zero K


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Ana Claudia 29/02/2024

Zero K foi o primeiro livro do Don Delillo que eu li. Irei iniciar o livro Ponto Omega na sequência.
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José Cláudio 07/09/2021

Achei interessante a discussão ética que a obra traz sobre a questão da criogenia, um processo no qual não sabemos muito sobre o desenvolvimento atual mas que provavelmente estará presente num futuro próximo, no mais é uma boa obra de ficção
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Cristiano.Vituri 07/01/2021

Devaneios, futurismo e psiquiatria.
Jeffrey Lockhart é filho do milionário Ross Lockhart.

Ross foi casado com Madeleine, aparentemente, tinham um relacionamento conturbado, facadas e brigas. Assim Jeff foi criado pela mãe apenas.

Ross, homem de negócios, construiu um laboratório futurista em algum lugar desértico da Ásia Central (Tcheliabinsk-Russia), com objetivo de congelar pessoas e futuramente "revivê-las", tanto que sua atual esposa Artis, doente, decide passar pelo processo chamado Convergência.

Jeff é um cara estranho, na pagina 217 mostra sintomas de TOC:
"...vejo se a porta está trancada, destrancando-a e trancando-a de novo", além disso cria a todo momento realidades paralelas, imagina nomes para pessoas desconhecidas e tenta imaginar conversas que terá em entrevistas de emprego, na psiquiatria:TRANSTORNO DE DEVANEIO EXCESSIVO.

Namora um tempo Emma. Relacionamento frio, nos seus passeios e encontros Delillo aproveita para descrever os sentimentos e compreensões do mundo de Jeff. Uma avalanche de teorias, percepções da cidade, do ônibus dos detalhes do quarto de dormir.
Um livro gostoso de ler, nos indaga sobre vários aspectos da vida, sociedade e trabalho. Merece 5 estrelas!
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Fabíola 19/10/2018

Zero k: o antigo desejo
|Resenha|?
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É o tipo de livro que nunca escolho (está dentro de ficção científica, eu particularmente enxergo uma grande distopia)... mas confesso que a capa me atraiu. Não conhecia o escritor e já desejo ler outras obras mais famosas como ruído branco.
Iniciei a leitura de forma despretensiosa e de repente a narrativa me ganhou.
Uma temática bem atual e controversa. Don Delillo explora a criogenia, mas não apenas de pessoas que realmente morreram...o nome Zero k é um projeto de acesso limitado a high society e que desejam não morrer agora. Como sempre a busca pela eternidade.
Ler a temática do suicídio assistido através do narrador principal Jeffrey foi intenso e espetacular. O autor utiliza a técnica da narrativa dissociativa, é preciso abrir a mente para compreender e acompanhar o narrador. Esse artifício foi genial em minha opinião.
Existem passagens extremamente marcantes e que nos fazem refletir...o amor verdadeiro é capaz de sobreviver a morte? Seria ético antecipar sua morte por ele? É realmente possível a eternidade? O que realmente é real diante de nosso olhar?
No projeto Zero k diversos cientistas, filósofos, antropólogos, estudiosos que acreditam ter encontrado através da criogenia a resposta para esse salto de fé. Sim, a fé é utilizada em união a ciência altamente tecnológica para concretização do maior e obscuro desejo humano: tornar-se eterno.
Indico a leitura como um dos meus favoritos. Precisei de vários dias para assimilar tantos sentimentos...admito que minha visão é influenciada pelo que acredito e por isso não sou a favor desse tipo de projeto, pois sei que somos imortais (eterno apenas Deus).
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Paulo 29/07/2018

A ética por trás de criogenar pessoas para um futuro distante sempre foi uma discussão ética que perpassou os últimos anos. Quem criogenar? Por que criogenar? Ao mesmo tempo somos apresentados a um personagem extremamente blasé que não se conforma com o que o sistema lhe coloca. Don DeLillo nos apresenta uma ficção científica sobre os nossos tempos, onde a reflexão é mais importante do que o cientificismo da coisa.

Vou começar destacando aula de escrita dada pelo autor. Ele consegue ter muita profundidade em cada frase criada. Existe não apenas um segundo significado, mas também uma sonoridade nas palavras. Elas parecem certas aonde se encontram. Pétreas, absolutas. Sua narrativa é em terceira pessoa, a partir do ponto de vista do Jeffrey. O discurso percebido é o direto, mas com longos diálogos contemplativos onde os personagens expõem suas ideias e concepções. Temos capítulos bem temáticos onde o protagonista vai construindo bloco a bloco a sua visão de mundo. Vale destacar também uma preferência do autor por períodos curtos e perguntas que suscitam respostas repetidas. Por exemplo: "Tudo bem?... Tudo bem." Essa repetição serve para enfatizar a ideia explorada pelo autor. Ou até para produzir algo categórico para encerrar o assunto e avançar na ideia.

Queria destacar também o trecho onde ele explora o ponto de vista da Artis. Ele brinca afirmando que se trataria de uma narrativa em terceira e em primeira pessoa simultaneamente. E a gente realmente percebe isso naquele trecho. Ao mesmo tempo em que ela está enxergando a narrativa, ela está contando sobre si mesma e observando o cenário. É um experimento muito interessante e que só deu certo por causa das condições nas quais a personagem se encontrava.

Outro ponto é que podemos basicamente dividir o livro em duas grandes narrativas: uma em que Jeffrey vai se encontrar com Ross na Convergência e a segunda parte em que acontece dois anos depois. É possível perceber uma temática comum aos dois trechos que é a busca pelo seu papel no mundo. Jeffrey critica Ross porque acredita que seu pai ainda não cumpriu seu papel no mundo. Tendo sido um pai ausente, ele fez de seu filho uma pessoa incompleta. Ao não enxergar seu lugar no mundo, Jeffrey tem essa postura blasé. Ele ainda se encontra em busca de um significado para si e este significado só viria a partir de uma definição de seu pai.

"O tempo. Eu sinto o tempo em mim por toda parte. Mas não sei o que ele é.

​O único tempo que eu sei é o que eu sinto. É tudo agora. Mas não sei o que isso quer dizer."

A grande discussão do livro é acerca da nossa identidade como indivíduos dentro da sociedade contemporânea. Ross é um homem de negócios, um projetista. Alguém que entende de previsões e de movimentos. Quando sua segunda esposa entra em um estado terminal, a reação imediata dele é desejar estar com ela. Mas, quando argumentos plausíveis são apresentados para ele, o que era instinto dá lugar a uma análise profunda. Porém, Ross é uma pessoa ausente. Não fica claro se ele ama ou amou tanto Madeline quanto Artis. A impressão que passa é que Artis parece ser uma pessoa que deu um norte para o personagem. Não à toa, quando Ross fica sem Artis ele adoece imediatamente.

Jeffrey é uma completa incógnita. Por ele ter essa postura blasé, ele questiona e contra-argumenta. Para mim, DeLillo usa Jeffrey como um personagem-orelha na primeira parte e com um personagem ativo no segundo. O papel de Jeffrey na primeira parte é percorrer os corredores de Convergência e ter acesso às diversas linhas de pensamento. Em um momento eles estão discutindo as motivações que levaram Ross a seguir Artis na criogenia. Isso porque Ross não está doente. Ele precisaria ser morto para depois ser criogenado. A discussão gira em torno da ética por trás dessa morte: é ou não é assassinato? A gente acaba entrando na discussão acerca da eutanásia, mas uma eutanásia sem uma doença. Uma expectativa de um tempo futuro vindouro que seria uma espécie de Época de Ouro. Há também uma discussão religiosa sobre o que viria no porvir. Um personagem conhecido como O Monge estaria ali para mostrar as implicações religiosas nesta postura de Ross. Interessante que o personagem guia o pensamento de Jeffrey ao longo da discussão.

Há também uma forte importância no ato de nomear e definir. Isso me fez associar ao mito egípcio da nomeação. Nomear dá poder a alguém. Poder esse ligado à vida e à morte. Jeffrey leva esse ato de nomear até além: encadear as palavras, buscar sua semântica e até em que língua uma determinada palavra se encontra. Uma das passagens mais importantes nesse tema é quando Jeffrey leva Stak até o museu e mostra a ele uma pedra. A ideia é dizer a Stak que apesar de a pedra possuir um nome, ela não existe. É uma noção heideggeriana de que a existência estaria relacionada à racionalidade. Somente os seres humanos, capazes de estabelecer lógica e razão existiriam. Animais, plantas e objetos são, mas não existem. É uma discussão que redunda em camadas e mais camadas de contra-argumentos.

Zero K pertence a toda uma vertente de livros que exploram a relação da sociedade com o indivíduo. Obras como Passagem para o Ocidente (de Mohsin Hamid), O Conto da Aia (de Margaret Atwood) e até o Não me Abandone Jamais (do Kazuo Ishiguro) utilizam a ficção científica para criticar algum tema presente nos dias de hoje. Não se importam tanto com a cientificidade por trás do termo ficção científica, mas do aspecto social dele. Para mim, é uma leitura que vale a pena.

site: www.ficcoeshumanas.com
Fabíola 16/10/2018minha estante
Boas observações em sua resenha.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/05/2018

Editora Companhia das Letras, 224 páginas, tradução de Paulo Henriques Britto.

Não há dúvidas sobre a consistência e qualidade da produção literária de Don DeLillo, premiado em 2010 com o PEN/Saul Bellow Award, igualou-se a Philip Roth (2007), Cormac McCarthy (2009) e Toni Morrison (2016), outros grandes nomes da literatura contemporânea dos Estados Unidos agraciados anteriormente. Os seus romances exploram problemas modernos da sociedade norte-americana como poluição, terrorismo e a era digital. Em seu mais recente romance, Zero K, o tema é a eterna aspiração humana pela imortalidade, representada aqui pelo procedimento de preservação de corpos a baixa temperatura, um processo já conhecido como criogenia, que considera a possibilidade de que os avanços da medicina e tecnologia permitam ressuscitá-los em um futuro remoto. O argumento bem poderia ser classificado à primeira vista como ficção científica (embora também o seja), contudo, Don DeLillo vai bem mais além, sem querer desmerecer o gênero.

Jeffrey Lockhart é chamado pelo pai, Ross, para acompanhar, juntamente com ele, os últimos momentos da sua madrasta Artis Martineau que sofre de um mal degenerativo e será submetida, imediatamente após o seu falecimento, a um processo de preservação criogênica, sendo o seu corpo armazenado por tempo indeterminado em uma capsula com a temperatura controlada. As instalações onde será realizado este procedimento, assim como o armazenamento da capsula em uma cripta no subsolo, ficam localizadas em uma remota região da antiga União Soviética, hoje Quirguistão, e o empreendimento, que tem Ross como um dos patrocinadores, chamado de Convergência. O toque de gênio de Don DeLillo fica claro quando ele imagina que alguma consciência, ainda remanescente, possa ter sobrevivido na cápsula criogênica, independente da viabilidade científica (aqui a abordagem é completamente ficcional), não deixa de ser um devaneio fascinante como podemos comprovar no trecho em destaque abaixo.

"Solidão, sim. Imagine-se sozinho e congelado na cripta, na cápsula. Novas tecnologias permitirão que o cérebro funcione no nível da identidade? É isso que vocês talvez precisem encarar. A mente consciente. Solidão in extremis. Pense na palavra inglesa: 'alone'. Do inglês médio, 'all one'. Todo, um. Você se despe da pessoa. A pessoa é a máscara, o personagem criado no pot-pourri de dramas que constitui a sua vida. Cai a máscara, e a pessoa se transforma em 'você' no sentido mais verdadeiro. Todo um. O eu. O que é o eu? Tudo que você é, sem os outros, nem amigos nem estranhos nem namorados nem filhos nem ruas para percorrer nem comida para comer nem espelhos em que se ver. Mas será que você é alguém sem os outros?" (Pág. 67)

O romance é narrado em primeira pessoa por Jeffrey que relembra momentos do seu passado e problemas decorrentes da separação dos pais, inclusive a morte da mãe, tudo isso enquanto explora as instalações do complexo da Convergência. A experiência ficcional fica ainda mais interessante e o foco narrativo muda quando um capítulo inteiro é dedicado aos pensamentos de Artis após o congelamento: "Mas será que sou quem eu era.", "Acho que sou alguém. Tem alguém aqui e eu sinto isso em mim ou comigo.", "O tempo. Eu sinto o tempo em mim por toda parte. Mas não sei o que ele é." e assim por diante, por toda a eternidade. Um "diálogo" claustrofóbico consigo mesmo, difícil imaginar algo mais parecido com o inferno. Não deixa de ser irônico o fato de que, para preservar a vida, o homem tenha criado uma morte sem fim. Este é um dos paradoxos que me ocorrem após a leitura de Zero K.

Quando o próprio Ross Lockhart decide se submeter ao processo de congelamento, antecipando a sua morte natural e juntando-se a um grupo de voluntários chamados de "arautos", percebemos que o empreendimento científico se transforma aos poucos em uma espécie de seita. DeLillo levanta uma série de questionamentos religiosos, filosóficos e, é claro, também éticos, no decorrer do romance, como por exemplo: "Será que a morte é uma coisa boa? Não é ela que define o valor das nossas vidas, minuto a minuto, ano a ano?", "Qual o sentido da vida se ela se torna ilimitada?", "O que significa morrer?", "Onde estão os mortos?", "A morte é um hábito difícil de perder.", "O que vamos encontrar aqui? Uma promessa mais garantida do que os outros mundos inefáveis das religiões organizadas do mundo", "Precisamos mesmo de uma promessa? Por que não morrer, pura e simplesmente? Porque somos humanos e nos apegamos. Neste caso, não a uma tradição religiosa, mas à ciência do presente e do futuro."

A ciência nas mãos de Don Delillo é só uma desculpa para que ele mostre o que sabe fazer melhor, escrever sobre os impasses do homem contemporâneo diante de um mundo confuso onde até a morte perde o sentido.
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Leituras do Sam 01/04/2018

Imortalidade do corpo ou da alma?
Não quero recontar a sinopse do livro, mas quero sim dizer que é um bom livro, que mais apresenta perguntas do que respostas, que acrescenta vocabulário, imaginação e reflexões ao leitor durante toda a leitura.
O que vamos querer daqui pra frente em relação a vida? Vamos querer, como as religiões pregam, a busca pela preservação da alma pós morte ou iremos querer cada vez mais o prolongamento da vida?
Ler esse livro acrescentou bastante coisa filosoficamente falando ao meu pensamento e interpretação dos rumos da humanidade atual.

@leiturasdosamm
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Rodrigo.Vieira 11/01/2018

ZERO K
Tema muito interessante a ser explorado, mas o autor tenta fugir das formas usuais de narrativa, acaba em devaneios herméticos, e o livro não flui. Não gostei.
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Rodrigo 10/01/2018

ZERO K
Tema muito interessante a ser explorado, mas o autor tenta fugir das formas usuais de narrativa, acaba em devaneios herméticos, e o livro não flui. Não gostei.
Fabíola 09/10/2018minha estante
Achei os devaneios fantásticos...deram o tom para narrativa. Mostram na verdade a sistematização de uma mente brilhante.




Felipe Novaes 04/01/2018

A ficção científica introspectiva de Delillo
A proposta de Delillo é interessante por juntar um tema querido da ficção científica, que se encaixa como uma luva nas questões do mundo tecnológico contemporâneo, mas fugindo do senso comum das narrativas em terceira pessoa.

O narrador é o filho do protagonista, tendo que lidar com o projeto ambicioso do seu pai: alcançar a imortalidade.

Ele narra os acontecimentos e se engaja em reflexões, meio num estilo Montagne, que dar certo ar de ensaio à narrativa às vezes. São as ressonâncias internas da concretização do sonho mais ancestrais da espécie humana, que movimentou devaneios místicos e míticos, e hoje movimenta sonhos tecnológicos.

Quais as implicações existenciais para seres definidos pela finitude?
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Paulo Sousa 04/11/2017

Zero K
Livro lido 5°/out//52°/2017
Título: Zero K
Título original: Zero K
Autor: Don Delillo (EUA)
Tradução: Paulo Henriques Britto
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 2016
Páginas 272
Classificação: ????????
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eu conheci don delillo por uma entrevista de philip roth onde ele citava alguns autores contemporâneos que mereciam ser lidos. Além de delillo, roth citara joyce carol oates, de quem li ?as cataratas?, um romance perturbadamente psicológico e intricado por dramas de pessoas comuns.
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à época também li ?ruído branco? o aclamado romance de delillo que lhe angariara o american book award de 1985, cujas páginas contam a história de um professor universitário que vive numa cidade do interior evacuada por um acidente industrial.
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em zero k delillo atinge um ápice literário magistral. antevendo um futuro ainda incerto e sem nitidez, o autor concebe a história de Jeffrey Lockhart, que, a convite do pai, viaja para um lugar remoto onde são desenvolvidas técnicas de criogenia voltadas para a conservação do corpo humano. diante de tantas perguntas, horrores e anseios, jeffrey vai nos apresentando o ambiente do projeto convergência, cujo pai é um dos criadores.
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mas ele não está ali por acaso: na verdade vai presenciar a ?morte? da sua madrasta artis, cujo corpo será conservado numa cápsula e ?ressuscitado? num futuro remoto...
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delillo traz através desse romance, antigos debates sobre o estudo da imortalidade humana, sobre o sentido do existir, a latência existencial do corpo ao ser ?desligado? é posto para hibernar em cápsulas cujas temperaturas chegam à marca do ?zero k?.
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o romance, páginas não muito fáceis de ler, mistura ambivalências existenciais, o próprio medo do futuro calamitoso marcado por guerras e pestilências cada vez mais intensas e a busca por respostas ante à discrepante concepção de uma eterna existência num mundo cada vez mais fragilizado.
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delillo está mais atual do que nunca. obrigado, roth!
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