spoiler visualizarMisses Claire 28/11/2020
Jojo Moyes não para de surpreender
Vou começar com a única coisa que para mim faltou: Jean. Na primeira metade, temos Jean para lá e Jean para cá, mas depois que ela foi retirada do navio, não ouvimos um pio dela. Entendo que seu histórico no Victoria havia acabado, mas não podia ao menos ter alguma carta, ou ela se encontrar com alguma das personagens no final da história... Nada? Me faltou Jean. Ela é tão protagonista como Avice, Margaret e Frances, mas parece que do meio do livro para frente, Jojo se esqueceu disto.
O final de Frances não podia ser mais perfeito. Suspeitei que ia acabar como acabou, mas não tinha certeza. Jojo realmente me deu um baita de um susto. O romance de Nicol e Frances aqueceu meu coração e fez de minha vida algo mais feliz. E a história dela, toda a história dela, desde o começo da bebedeira da mãe até a morte de Chalkie, me causou calafrios. Foi maravilhosa. Como eu disse no título, Jojo não para de nos surpreender.
Avice. Não sei o que tenho dizer sobre essa menina a não ser que quero que ela queime no mármore do inferno. Meu Deus!!! Acho que nunca tive tanta raiva de uma personagem. No incêndio, quando ela não queria levantar da cama, juro que fingi que era Frances e gritei com ela, me surpreende que meus pais não entraram no quarto para checar que estava tudo bem. Mas acho que o amadurecimento dela, foi algo que vale a pena ver. É bem sutil e complicado de perceber, mas está lá. E ela realmente passou por muita coisa (não mais que Frances, mas isso não vem à questão). Descobrir que o marido já era casado, o aborto, tudo isso em uma só viagem de navio. Sem contar a imprevisibilidade de o que todas elas estavam enfrentando naquela viagem. Ela tem uma personalidade da típica mitida e exibida clichê, mas é muito mais que isso. Não julgue um livro pela capa. Esse ditado se encaixa perfeitamente em Avice.
Margaret. De todas as personagens, é a única que entrou na viagem com um objetivo, e saiu dela com ele cumprido e sem modificações nele. É claro que não incluo Maude Gonne nesse "sem modificações", afinal, seria extremamente desrespeitoso de minha parte, visto que ela partiu meu coração com seu corpinho frio no banheiro. Mas enfim, vemos que o amor que Margaret tinha com o marido era o único que valia a pena dentre as três esposas (não incluo Frances por ser viúva), isto porque nada que ocorreu fez um desistir do outro, visto que resistiram por semanas de viagem, e ainda mais meses um longe do outro. E a recepção que tiveram foi muito fofa, preciso admitir. Maudie, como eu já disse, partiu meu coração. Ela mesma teve uma jornada importante, que não deve ser ignorada. E parece uma tragédia tão grande que ela resistiu a três meses confinada em uma cabine apenas para morrer no último dia. Ela é uma personagem importantíssima para a trama.
Jean também é interessante. Ela é considerada uma "vadia", quando na realidade, acho que é uma das mais inocentes dentre elas. Pode ver até a si mesma como a menina que vai a festas e fuma cigarros na companhia de garotos sem camisa, mas é apenas uma criança, e querendo ou não, deixa isto transparecer. Quando ela recebeu o telegrama, tive dificuldades em acreditar. E tive dificuldades em aceitar a enorme injustiça a que havia sido exposta. Jurei ódio a todas as oficiais daquele navio. Jean é mais uma prova, além de Frances, do que as mulheres tinham de suportar naquela época, e ainda têm, e é um absurdo.
O navio das noivas é mais que incrível, e mais que glamouroso, pois nos ensina coisas que não são nem incríveis nem glamourosas, mas que existem, e nos faz questionar boa parte das coisas que acontecem em nossas vidas. É arrebatador, e loucamente maravilhoso.