Mariana Dal Chico 27/11/2018“Socorro!!!” foi o que pensei quando terminei de ler “A Obscena Senhora D” de Hilda Hilst.
Esse foi meu primeiro contato com a prosa da autora, eu estava preparada para encontrar uma leitura que exigisse mais atenção de mim como leitora, mas o que encontrei, foi algo muito mais desafiador.
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A narrativa da autora é uma mistura de técnicas, que passa por diálogos de teatro, crônica, prosa poética, fluxo de consciência.
Não há indicação de diálogo, mudança de ponto de vista de personagem, presente e passado se misturam. É como se os personagens disputassem a vez de falar, interrompendo uns aos outros, eles são difusos, difícil encontrar seus contornos.
A linha entre pensamento e ação é tênue. Contradições e opostos se chocam, bem como o divino e o profano.
Para mim, é um livro que precisa ser lido do começo ao fim sem muitas interrupções, o texto não permite distrações, é preciso se entregar completamente a ele, caso contrário, perde-se o fio da meada e a confusão está formada.
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“paixão é a grossa artéria jorrando volúpia e ilusão, é a boca que pronuncia o mundo, púrpura sobre tua camada de emoções, escarlate sobre a tua vida, paixão é esse aberto do teu peito e também teu deserto.”
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Ainda tenho muito que refletir sobre a leitura desse livro, procurar alguns textos de apoio e, com certeza, reler.
Gostei da leitura, do desconforto que me causou, bem como as dúvidas que gerou e agora reverberam.
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