Onde os velhos não têm vez

Onde os velhos não têm vez Cormac McCarthy




Resenhas - Onde os Velhos Não Têm Vez


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Flávia Menezes 03/02/2024

NADA NA VIDA É MAIS CRUEL QUE UM COVARDE.
?Onde os velhos não têm vez? é um romance western e policial de um dos maiores escritores norte-americano contemporâneos, Cormac McCarthy, que ficou conhecido ?por suas representações gráficas de violência e seu estilo de escrita único, reconhecível por um uso esparso de pontuação e atribuição?.

Publicado em 19 de setembro de 2006, o romance tem como cenário o impiedoso deserto da fronteira do Texas com o México nos anos 1980. A trama inicia quando Llewelyn Moss, um jovem veterano da guerra do Vietnã, está à caça de antílopes próximo ao Rio Grande, e se depara com uma cena violenta de corpos cravejados de balas, um carregamento de heroína e mais de 2 milhões de dólares.

Quando decide pegar o dinheiro, Llewelyn sabe que aquele é o exato instante em que sua vida mudará para sempre, tendo ali iniciado uma verdadeira caça de homens.

No encalço de Llewelyn está o psicopata Anton Chigurh, contratado por um cartel para reaver o dinheiro, que por sua vez será perseguido por um ex-agente das forças especiais americanas. E atrás de todos eles, está o Xerife Bell, um homem atormentado por um segredo do passado, que segue sua vida tendo por base seus mais fortes valores morais.

Nesta caçada sanguinária, o destino de cada um deles dependerá do quanto estarão dispostos a sacrificar tudo em suas vidas.

A narrativa de Cormac muito embora seja econômica, possui uma agilidade e fôlego tão impressionantes que nos sentimos apreensivos em várias partes da leitura. E toda essa angústia e apreensão serão os elementos fundamentais para abrir caminho ao impacto que sofreremos com cada uma das tragédias que acompanham essa história do seu começo até o fim.

Apesar de toda a violência, acompanhar a cada início de capítulo os pensamentos, divagações e confidências pessoais do Xerife Bell, nos faz refletir sobre importantes temas, tais como os laços de amor, de sangue e os deveres que assumimos com cada pessoa que cruza o nosso caminho, cujas escolhas que tomamos serão responsáveis por moldar a nossa vida, tanto quanto poderão ser aquelas capazes de mudar completamente o nosso destino.

A cada livro que leio do McCarthy, eu confesso que me apaixono ainda mais pela sua escrita e por esse irresistível universo de faroeste que ele nos apresenta.

E muito embora, neste romance específico, eu preciso dizer que seu final foi tão abrupto, a ponto de dar aquela sensação de que algo ficou faltando, não há como encerrar essa resenha sem dizer que McCarthy é um verdadeiro mago das palavras, que ao descrever seus cenários e nos fazer mergulhar na vida dos seus personagens, ele é capaz de nos transportar para esse universo árido e brutal, que mesmo sendo repleto de tragédia, também é repleto por essa moral que rege a nossa humanidade.

?Meu pai sempre me disse para apenas fazer o melhor que puder e dizer a verdade. Dizia que não havia nada capaz de deixar um homem com a mente mais tranquila do que acordar pela manhã e não ter que tentar decidir quem você é. E se você fez alguma coisa errada apenas se levante e diga que fez e que sente muito e siga em frente. Não arraste as coisas junto com você.?
Henrique Sanches 03/02/2024minha estante
Wow, que resenha... parabéns. Eu assisti o filme que fizeram deste livro e gostei. Vou colocá-lo na lista de leituras futuras...


Flávia Menezes 03/02/2024minha estante
Henrique, muito obrigada!!! Então! Agora preciso assistir o filme, porque o livro? Realmente foi incrível! Coloca na lista sim. Mesmo tendo assistido ao filme, McCarthy sempre vale a pena! ?


Leo Moura 03/02/2024minha estante
Estava na expectativa dessa resenha! Que delícia ler um texto tão completo! Concordo contigo sobre o desfecho, mas o todo compensa com a qualidade da escrita, diálogos,enfim. Você me lembrou um detalhe: os pensamentos do xerife a cada início de capítulo! O tom de conversa deles é bom demais.


Flávia Menezes 03/02/2024minha estante
Leo, muito obrigada! Depois das suas colocações sobre esse livro na sua resenha, também resolvi rever a minha nota! rsrs Mas eu também penso como você: o todo compensa as partes que ficaram estranhas. E sobre isso do Xerife... confesso que eu aguardava ansiosa pelos inícios de capítulo só para acompanhar esses pensamentos deles. E a confissão... algo tão simples... mas que nos faz pensar em como em um momento como aquele era tudo o que ele tinha que fazer. Que livro, e me deixou mais curiosa ainda para ir para "Meridiano de Sangue".


Cleber 04/02/2024minha estante
Ainda não li nenhum livro do Cormac, adorei sua resenha e vou ter que colocar na minha lista??????


Flávia Menezes 04/02/2024minha estante
Cleber, muito obrigada! E coloca na sua lista sim! Vale a pena conferir esse autor. Agora, uma dica que sempre gosto de deixar sobre ele é começar com ?Todos os Belos Cavalos?. Mas esse também é fantástico. Espero que goste quando for ler. Ficarei de olho nas suas impressões.


Vênus_Alice 04/02/2024minha estante
que resenha espetacular!
me cativou a ler ?


Flávia Menezes 04/02/2024minha estante
Alice, minha querida, muito obrigada! Leia sim. E se me permite uma sugestão sobre McCarthy?leia ?Todos os Belos Cavalos?. ?


Vênus_Alice 04/02/2024minha estante
obrigada pela sugestão, lerei!


Cleber 04/02/2024minha estante
Obrigado pela dica, Flávia!?


Regis 12/02/2024minha estante
Adorei a resenha, Flávia! ???
Sou fã tanto do livro quanto da maravilhosa adaptação dos Irmãos Coen. Javier Bardem como Anton Chigurh dá vida, com extrema perfeição, a esse icônico psicopata.


Flávia Menezes 12/02/2024minha estante
Regis, muito obrigada!!! ?
Agora você me deixou bem curiosa pra ver a adaptação. Javíer fazendo o Chigurh? Nossa! Deve ter mesmo sido icônico! Agora estou doida pra ver!!!


Regis 12/02/2024minha estante
É a excelência da interpretação de um personagem tão magistralmente criado. Você vai adorar, Flávia. ?




Regis 14/04/2023

Frenético, curioso e muito instigante
Llwelyn Moss, é um caçador que acidentalmente encontra um carro com corpos crivados de bala, um carregamento de heroína e mais de dois milhões de dólares abandonados no meio do deserto; o encarregado de investigar o caso é o xerife Bell, que se depara ao longo da investigação com o psicopata Anton Chigurh, contratado por um cartel para reaver o dinheiro. A partir daí a história se desenrola com muita ação, perseguição suspense e violência.

O livro é ambientado na década de 80 na fronteira do Texas com o México, é um faroeste impiedoso e cruel.
O autor tem uma prosa ágil e enxuta. Possui uma narrativa corrida sem nenhuma vírgula e faz uso sucessivo da conjunção "e" na separação de orações coordenadas. Ex:

"Quando terminou tirou a carteira do subdelegado do bolso e pegou o dinheiro e o colocou no bolso da camisa e jogou a carteira no chão. Então pegou seu tanque de ar e o aparelho de choque e saiu pela porta e entrou no carro do subdelegado e ligou o motor e deu ré e saiu e pegou a estrada."

As vezes vejo leitores reclamando da troca do travessão, que é usado na língua portuguesa para inserir diálogos, pelas aspas que é comumente usadas na língua inglesa, mas aqui nesse livro não há nenhum, nem outro. Quando começamos a ler tudo isso causa estranhamento, mas logo acostumamos e a leitura segue ágil e dinâmica.

Quis ler esse livro por ter visto a adaptação dos Irmãos Coen de 2007 para o cinema e gostado muito. Anton Chigurh está entre os maiores personagens de mente complexa e psicopáticos do cinema.
Para mim ele está entre Norman Bates, Hannibal Lecter, John Doe de Seven e Arthur Fleck.
Em 2013 um grupo de psiquiatras belgas, fizeram um estudo sobre a representação das características psicopáticas no cinema, e assistiram mais de 400 filmes para decidir quais psicopatas fictícios tinham traços que se assemelham a realidade. O personagem eleito: foi Anton Chigurh.
E o filme o adapta fielmente como é descrito por Cormac McCarthy no livro.


Anton não é um personagem simples nem raso, ele é uma força da natureza, a personificação da morte, um exterminador com uma missão, uma máquina de matar que não para por nada. Em momento algum sabemos algo sobre seu passado nem o vemos expressar sentimentos, o que o torna mais ameaçador ainda. Um personagem complexo e marcante que desperta a curiosidade e o interesse assim que entra em cena. Sem falar de sua icônica arma que evidencia exatamente o que as pessoas são para ele: apenas gado.
O personagem age através de valores bem definidos: com total descrença pelo livre árbitro e desprezo à fraqueza.

O livro é narrado pelo personagem do Xerife Ed Tom Bell, que age como testemunha dos fatos, mas estando sempre a um passo atrás de Moss e Chigurh. Já em idade avançada Bell tem dificuldade em aceitar que não se enquadra mais aos novos tempos nem consegue compreender a crescente onda de violência no mundo, enfrentando o dilema entre combater essa nova ameaça ou se retirar para estender um pouco mais sua vida.
Bell é um homem desiludido, um perfeito exemplo do conservadorismo americano. Um homem que pensa duas vezes ou mais antes de tomar uma atitude insensata e heroica.

Llwelyn Moss é um personagem que toma decisões que o coloca no centro de uma caçada sangrenta e lépida. Um homem astuto, veterano de guerra; que tem certeza que pode se equiparar ao intelecto de seu antagonista.

O livro quebra corajosamente com o tradicional modelo de westerns, onde vilões e heróis têm papéis muito bem definidos.
A história é cheia de ação e a leitura é frenética. O suspense e o clima de perseguição faz a gente não querer parar de ler. Os personagens são ótimos e bem desenvolvidos fazendo com que tudo em torno deles seja curioso e instigante.
O saldo ao final do livro é muito positivo e levanta algumas questões importantes.

Onde os Velhos não têm Vez é um faroeste revisionista que aborda a crescente violência do mundo, e possui um enigmático final que com certeza me fará passar um tempo considerável pensando a respeito.
Adorei o livro e recomendo.
Max 14/04/2023minha estante
Ótima resenha, Regis!?
Na versão do cinema, a cena em que o malvado joga a moedinha prá cima, decidindo a vida do vendedor, é espetacular...?


Regis 14/04/2023minha estante
Obrigada, Max. ?
Devo dizer que no livro essa cena não deixa nada a desejar, e o asco que Chigurh sente pelo dono do mercadinho é maravilhosamente bem descrito.


@tigloko 15/04/2023minha estante
Excelente resenha Regis ?


Regis 16/04/2023minha estante
Obrigada, Tiago. ?


Lia Earnshaw 16/04/2023minha estante
Preciso ler!!! Amo o filme


HenryClerval 18/04/2023minha estante
Ótima resenha, Régis! ?


Regis 18/04/2023minha estante
Obrigada, Leandro! ?


Regis 15/05/2023minha estante
Leia sim, Lia, você vai gostar. ??




Andre.28 03/04/2024

Um thriler brutal no Velho Oeste
Logo de cara dá pra perceber que o livro é um thriller extremamente violento, com violência bem explícita. A História se passa no Velho Oeste americano, que ultimamanete vem sido marcado pela atuação violenta do psicopata Anton Chigurh, um homem que não deixa testemunhas de seus crimes, um assassino cruel que tem suas próprias leis em uma caçada humana em que ele próprio vai matando pessoas aleatoriamente. O destino cruza esse psicopata com o do ex-combatente e atirador do exército Llewelyn Moss, agora um homem comum em fuga com uma mala cheia de dinheiro do tráfico de drogas. Nesse tempo vemos o investigador e xerife da polícia do Texas Ed Tom Bell, um homem à moda antiga que sempre está um passo atrás do assassino e segue o rastro desses homicídios e a brutal caçada humana na fronteira com o México.

O livro em si tem um início um tanto lento, mas a partir dos 25-30% o ritmo se torna frenético. Chigurh é um assassino profissional imprevisível, sem escrúpulos ao se sentir um semi deus que decide quem vive e quem morre aleatoriamente, ele é um ser asqueroso que contrapõe o relato do velho xerife Bell, em uma onda de violência gratuita. Aos poucos dá pra entender o sentido do título, muito pelo ponto de vista do xerife e seu código moral saudosista em meio a brutalidade humana e a sua maldade escancarada dos tempos modernos. O final é perturbador e aberto, brutal, cruel e sanguinário. O ritmo em si é mais aproximado do suspense e do thriller psicológico do que uma obra de ação. O livro é muito bom, fluído na maior parte do tempo, e sabe prende o leitor com passagens frenéticas que misturam adrenalina, raiva em um tom angustiante e coeso.
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Vanderson.Gomes 11/03/2023

Estilo cruel de sempre
O autor mantém seu estilo cruel, detalhista e transparente, da forma que descreve os acontecimentos parece que você está dentro da sala junto aos personagens, característica muito marcante e excelente porque traz emoções junto com a história. Leitura muito boa!!!
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Caio 01/02/2024

Escrita confusa, história muito boa
Não sei muito o que dizer a respeito do livro. Poucas vezes isso acontece comigo. Sei que gostei, porém a escrita do autor ainda confunde um pouco. Penso que não custaria pular uma linha para a pessoa entender que mudou o cenário, o personagem e a cena. Sei que é o estilo do cara e talvez isto torne a leitura um ato mais complexo. Ele sabe descrever os eventos com perfeição. Não tem vergonha de repetir a mesma frase num curto espaço de tempo: "Parou e ficou escutando."
Gostei muito de tudo que li, embora não saiba descrever o porquê com exatidão.
Recomendo com a ressalva que a escrita é um pouco confusa, entretanto a história é muito boa e os personagens são bem reais.
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Gabriel1994 02/03/2023

Um Ótimo Dia Para Fazer Negócios
Meu segundo livro do escritor Cormac McCarthy e com toda certeza posso adiantar que foram dois tiros certeiros no alvo!

A Estrada foi meu primeiro livro do ano e adorei tanto a escrita como a história da obra e fiquei com uma vontade muito grande de ler outros livros do escritor americano e parti na empreitada de ler Onde os Velhos não Tem Vez.

A Estrada livro ganhador do prêmio Pulitzer. Onde os Velhos não Tem Vez obra adaptada para o cinema que rendeu o prêmio do Óscar. Posso afirmar sem medo nenhum que são dois livraços!

Onde os Velhos não Tem Vez é um livro com aquele cenário de faroeste, caipira e de foras-da-lei moderno, que vai entregar ao leitor uma corrida de gato e rato sanguinária com matanças em uma trama eletrizante e cheia de ação.

Vamos acompanhar o personagem Moss que em um dia de caça acaba se deparando com um cenário catastrófico quando encontra uma verdadeira matança entre cartéis pelo qual não sobrou nenhum para contar história. E como um bom curioso caipira, Moss vai vasculhar e acaba encontrando uma valise cheia da grana, com milhões de dólares capazes de mudar completamente sua vida. Mas como bem sabemos "o que vem fácil, vai fácil" e "O melhor do pior" não poderia ser algo além do que algo pior ainda... Levando isso em conta, o caipira detentor da valise irá partir em uma desventura fugindo de um matador de aluguel cujo nome responde por Chigurh que tem um único pensamento: Matar e varrer tudo que vê pela frente até ter a valise em suas mãos.

Com o caipira Moss, o matador Chigurh e o Xerife Bell vamos acompanhar essa história cheia de acontecimentos e com os traços sanguinários e crueis de uma terra com leis, mas com caras foras da lei.

Cormac McCarthy não se resume apenas na trama envolvente. O autor vai trabalhar o moral e, dentro das situações que levam o leitor a torcer ou odiar os personagens, irá estabelecer diálogos e pensamentos que levarão o leitor a questionar e refletir.

Acredito muito que os pontos morais que o autor coloca na obra harmonizam bem com a trama. Ele sabe encaixar de forma linear, tornando essas questões reflexivas mais leves de serem recebidas pelo leitor (com excessão de uma personagem que surgiu do nada, através de uma carona para servir de ouvido palestrante, o que passou batido até).

Esse livro é maravilhoso! Todo cenário, ação constante, diálogos ferventes e cheios de efeitos, fugas e todo esse elemento gato e rato da história, encaixa com tamanha perfeição digna de um livro 5 estrelas.

Você vai sentir aquela raiva, você vai torcer pelo personagem principal mesmo tendo na mente que pode dar ruim, você vai se frustrar e se surpreender. Cormac entregou o ouro nessa obra e ter lido esse livro foi a sorte grande no garimpo!

Únicas críticas que tenho é sobre uma personagem colocada aleatoriamente (como já mencionei) e o livro não ter a separação de final da obra e posfácio, pois acredito terem dois finais. O autor usou o espaço depois do desfecho para colocar essas questões morais, levantadas através do personagem Xerife Bell, que são muito válidas e servem de complemento para o leitor e para a história também.

Recomendo muito este livro e agora mais do nunca quero ler todas as obras do autor!!

BOM PRA CARAMBA!!!
Brujo 02/03/2023minha estante
Eu não li o livro, mas vi o filme com o Javier Barden e achei fantástico, mas não gostei do final ... Isso acontece com o livro ?


Gabriel1994 04/03/2023minha estante
Depende. Você não gostou do filme pelo desfecho? Se for por isso no livro não tem final feliz.

A história tem dois finais que vc precisa ficar ligado pra não perder o eixo.

Tem o desfecho em relação ao Moss e toda trama com a valise de dinheiro e outro final (seria mais um posfácio) onde o autor usa basicamente um dos personagens para trazer uma lição de moral ou complemento filosófico para a história.


Brujo 04/03/2023minha estante
Então, eu gostei do filme, só o encerramento que me desagradou...
Esse segundo final do livro deve corresponder ao policial contando o sonho dele no fim do filme, não é?


Gabriel1994 05/03/2023minha estante
Eeeexaato!!! É o Xerife relatando o sonho...




Bruno 03/02/2024

Já assisti diversas vezes o filme, sendo ele um dos meus favoritos da vida. Mas nunca havia lido o livro, até por estar meio sumido das prateleiras brasileiras. Quando vi o anúncio desta nova edição da Alfaguara não hesitei.
Me surpreendi em constatar o quão fiel a adaptação cinematográfica foi ao livro. As cenas, cortes e diálogos muito similares.
Minha segunda experiência com o autor e garanto que virá mais por aí. Que escrita gostosa de ler. Que diálogos leves e profundos ao mesmo tempo.

Pena ser tão curtinho. Gostei demais!
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Aline 07/03/2011

Onde os Velhos não têm Vez
[ http://blog.meiapalavra.com.br/2011/02/14/onde-os-velhos-nao-tem-vez-cormac-mccarthy/ ]

Onde os Velhos não têm Vez é um romance do escritor norte-americano Cormac McCarthy, adaptado para o cinema em 2007 pelos irmãos Joel e Ethan Coen, com uma fidelidade quase absoluta e poucas vezes vista antes. Mas esta não é a história da adaptação vencedora do oscar de melhor filme em 2008, e sim da excelente obra de McCarthy.
A história é a da fuga de Llewelyn Moss, homem que acha uma válise (e alguns corpos de homens mortos) em meio a um deserto com mais de dois milhões de dólares. A partir do momento em que decide pegá-la para si, é perseguido incessantemente por Anton Chigurh, um assassino psicopata em busca da válise. Por sua vez, o xerife Ed Tom Bell investiga as mortes relacionadas à operação que falhou e deu fim à maleta, se envolvendo assim na história da perseguição de Moss.
O título do romance (no original, No Country for Old Men) se refere justamente à personagem do xerife. Em certa passagem, ele diz que antigamente os professores das escolas tinham que se preocupar apenas com conversas em salas de aula e crianças mascando chicletes. Anos depois, as preocupações são bem mais graves: assassinato. Estupro. Bell não se conforma com os efeitos dos narcóticos sobre as pessoas. É como se não houvesse mais lugar para pessoas como ele, que ainda possuem valores morais e princípios.
O escritor alterna a narrativa entre os diversos personagens, mostrando alguns pensamentos de Bell em primeira pessoa, (dando a ele uma dimensão que os outros personagens não possuem) e simplesmente descrevendo as ações dos demais em terceira. A narrativa é crua e com pouco espaço para reflexões, exceto as do xerife e segue por isso em um ritmo quase cinematográfico. McCarthy possui um estilo de escrever que pode irritar os leitores no início: o uso excessivo de es e a falta de vírgulas, travessões ou aspas, fazendo com que as vezes fiquemos perdidos entre as frases. Porém a narrativa é ágil e hipnotizante. Ele não se demora muito em descrições; assim a história flui tranquilamente.
Por fim, vale mencionar outro personagem: o psicopata Chigurh. Mesmo vendo apenas suas ações e diálogos, conseguimos ver toda a loucura e princípios deturpados do personagem, que aposta vidas no cara ou coroa. Mas enfim, fico por aqui para não dar mais spoilers sobre a trama. A quem se interessar pelo livro, só digo uma coisa: vale MUITO a pena.
Angelo 27/06/2011minha estante
Ótima resenha. Vai direto para a minha lista de futuras leituras.




Maria 13/08/2021

O livro é uma grande caça onde gato corre atrás do rato, mas as tensões que são apresentadas, as cartas jogadas na mesa, toda vez que chega perto de uma pista o paradeiro muda, a aflição bombástica e incentivadora é quase 100% na história.. bicho TUDO ISSO É SENSACIONAL!!!

Não da pra falar sobre esse livro e não citar a adaptação cinematográfica, que transmite a mesma emoção da leitura, obra bem feita é assim mesmo, conceito e aclamação sempre. ASSISTAM ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ.
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Luiz Miranda 14/12/2022

No Country for Old Men
Terceiro Cormac que leio, e assim como os outros 2, uma bela experiência. O cânone americano continua com sua escrita peculiar, sem uso de aspas ou travessão para pontuar os diálogos, mas bem mais inteligível que em Meridiano de Sangue, por exemplo.

Trata de uma transação de drogas que dá errado e coloca 2 milhões de dólares na mão de um caipira que nada tem a ver com o pato. Imediatamente traficantes, policiais e um assassino de nome Chigurh, saem no encalço da grana, dando início a um tenso thriller policial.

A história é pontuada por reflexões de um experiente delegado envolvido na investigação. A exposição de seu código moral é material interessante, mas pode desagradar os mais pernósticos. O livro teve uma adaptação bastante fiel para o cinema pelas mãos dos irmãos Coen, vencedora de 4 Oscars, incluindo melhor filme. Um triunfo artístico e financeiro.

Sem dúvida um dos melhores livros que li este ano, também funciona como uma boa introdução a obra deste que é um dos melhores escritores americanos da segunda metade do século 20.
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Roberta 11/11/2020

Onde os velhos não tem vez
Uma escrita interessante. O autor não nos conta algumas cenas, deixando apenas na imaginação, sem detalhes. Nunca tinha lido nada assim, mas gostei. O filme já era um dos meus favoritos, o livro não ficou atrás
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Emanuel.Silva 26/10/2020

Piscar pode custar caro
Em Onde os velhos não têm vez a escrita minimalista e extremamente econômica de McCarthy é mostrada em plenitude, nos revelando mais uma vez, ser dominador da arte da escrita. Portanto, não se engane, ao abrir esse livro, você se torna uma presa deste escritor e assim como o animal entregue na planície, você vai escutar o barulho do disparo, instantes depois de ter sido acertado pelo projétil. E então será tarde demais e você já estará capturado.
Llwelyn Moss, um ex-combatente do Vietnã, encontra durante uma caçada um carro com corpos crivados de bala, um carregamento de heroína e milhões de dólares. Moss decide levar o dinheiro, nas palavras de McCarthy “Toda a sua vida estava ali diante dele”, ao optar por isso, seu destino muda por completo, se é que nosso destino pode ser alterado. Entra em cena Anton Chigurh, um assassino de aluguel, contrato por um Cartel para recuperar o dinheiro. Tal qual Tom e Jerry, inicia-se a caçada por Moss e seguindo o rastro de sangue e violência que a perseguição vai deixando encontra-se o xerife Ed Tom Bell.

Bell e Chigurh são claramente os protagonistas desse livro, Moss é o intermédio entre eles. O xerife é um homem velho, um ex-combatente da Segunda Guerra, com valores dos heróis de chapéu que recheavam os romances western, temos contato com os monólogos de Bell, suas angústias e reflexões sobre esse novo mundo, os anos 80. Conhecemos um homem preocupado com a sua cidade, com seu país, com o mundo.

“Leio os jornais todas as manhãs. Principalmente acho para tentar descobrir o que é que possa estar vindo na minha direção. Não que eu tenha muito sucesso em evitar que viesse.” Bell.

Do outro lado do ringue, temos Chigurh, descrito como um “assassino psicopata”, ele é fechado, enigmático, com ideias e valores obscuros, sem empatia alguma. Chigurh é o oposto de Bell, é o novo mundo, os novos valores, o incompreendido, a reta final das linhas do destino que desembocam em um lugar de desesperança, brutalidade e individualismos.



No fim, McCarthy nos entrega um romance policial impecável, uma caçada de gato e rato que tira o fôlego, te deixa tenso, cenas de encontros e desencontros memoráveis. É um livro de clima denso, onde a sensação de que algo ruim vai te atingir é constante. Os diálogos como em todo livro dele são ótimos e as discussões sobre valores, sociedade, velhice, a vida e seu fim, são a cereja do bolo.

Ficha técnica: Editora Alfaguara, Ano 2006, 256 páginas, cara ou coroa?

site: http://sebovelho.blogspot.com/2020/10/resenha-onde-os-velhos-nao-tem-vez-de.html
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Martony.Demes 09/06/2023

Eu fiquei curioso sobre esse livro pois o filme é incrível! Bom, o filme segue quase que fielmente o livro. Exceto os finais com comentários e mensagens do narrador, o Xerife!

Não seria preciso eu dizer o quanto é ótimo o livro e também o filme! E nem precisa contar detalhes! Qual o melhor? É óbvio que o filme é muito melhor! A atuação de Javier Bardem como o Chigurh é espetacular!
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Newton Nitro 22/09/2014

De cara com um Profeta da Destruição!
No Country for Old Men / Onde os Velhos Não tem Vez é um tour de force, uma viagem brutal por uma espécie de comédia de erros escritos em sangue. O livro derrama tensão em cada página, e impressionou a fidelidade que a versão cinematográfica teve em replicar as cenas do livro. É claro que o estilo cinematográfico de Cormac ajudou, a narrativa quase nunca entra dentro da mente dos personagens, tudo é narrado pelo lado de fora, pelo que uma câmera filmaria se estivesse na cena com os personagens. A vida interior é mostrada por indução e pelos diálogos. E que diálogos!

O livro se passa durante os anos 80, no sudoeste do texas, quando um veterano da guerra do vietnam encontra um monte de traficantes mortos, junto com heroína e 2.4 milhões de dólares em dinheiro. A partir desse evento, a narrativa acelera em uma caçada humana descrita dentro da prosa impecável do Cormac McCarthy.

O personagem que unifica a narrativa é um sherife, no melhor estilo velho de guerra, que está cançado da sua vida de luta contra o crime e preocupado com a monstruosidade dos criminosos da nova geração. Esse aumento progressivo da monstruosidade, da crueldade sem sentido ressoa por toda a história.

A narrativa parte inicialmente do ponto de vista do xerife Ed Tom Bell tem de lidar com a amoralidade crescente que afeta sua pequena cidade de fronteira, como resultado do tráfico de drogas. Bell, que já está cançado de sua profissão, chega ao limite ao enfrentar uma onda de violência que envolve pelo menos dez assassinatos.

Llewelyn Moss é o grande azarado da história é o próprio cara que encontra os milhões de dólares do narco tráfico. Azarado porque, para persegui-lo, Cormac criou um dos maiores monstros que já vi na literatura de crime, Anton Chigurh.

Chigurth, o "profeta da destruição", é um sociopata psicótico, a encarnação do mundo violento do comércio de drogas,, uma nova forma de assassino, determinado em remodelar toda uma nação. Chigurth é uma força primal no livro, quase como um deus no submundo. Quando ele aparece na narrativa eu prendia a respiração, sabendo que algo sombrio da condição humana seria revelado. Junto com o Frank Ballard do Child of God, e o Judge do Blood Meridian, Chigurth é mais um dos monstros realistas do Cormac, mais um personagem que congela as veias dos olhos durante a leitura.

Em termos de estilo, o que dizer? Prosa perfeita, essencial, nem uma palavra sequer desperdiçada, diálogos medonhos de tão bem escritos. E mais uma vez Cormac prova que é um dos mais poderosos descritor de paisagens que eu já li na vida. Dotado de uma visão emocional poderosa, é medonho ver o que ele consegue fazer apenas com frases declarativas, e descrições extremamente cirúrgicas e breves. Um livro para ser estudado por quem curte escrever.

O livro não fecha as narrativas nem se preocupa com justiça poética. Esse é o mundo brutal de Comarc, tirando o "A Estrada"/The Road, nenhum dos seus livros se preocupam com qualquer forma de "final feliz". Os finais de seus livros, dos quais o No Country for Old Men é um exemplo clássico, não resolve muita coisa, os elementos da narrativa não se encaixam perfeitamente e ele deixa muita coisa para a livre interpretação do leitor.

Recomendadíssimo (mas li o livro no original, em inglês, fica a torcida para que a tradução para o português tenha sido bem feita)!

E depois dessa pausa com o Cormac, de volta a leitura das Crônicas Saxônicas, com O Cavaleiro da Morte / The Pale Horseman (O Cavaleiro Pálido). Da sangueira do Texas para a sangueira saxônica! :)
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