O artista da pá

O artista da pá Varlam Chalámov




Resenhas - O Artista da Pá


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Gabi 26/02/2020

Continuação de "A margem esquerda", Chalámov narra sua transição do trabalho braçal com a pá para o curso de enfermagem, que deu a chance de exercer.
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none 18/07/2019

Prosa sofrida como documento
Não compartilho com o autor a opinião que ele defende sobre literatura, mas respeito e recomendo a leitura de seus textos de difícil interpretação, leitura pesada como não poderia deixar de ser. As personagens de Chalámov nos seus contos de Kolimá são prisioneiros políticos, encarcerados, enfermeiros, mineiros, lenhadores, bandidos condenados do campo de concentração stalinista. Esse volume especificamente contém estórias inexplicáveis e que não podem ser enquadradas nos padrões usuais da literatura, não são biografias, não são romances nem exatamente contos, são crônicas, ou, nas palavras do autor ''não é prosa de documento, mas prosa sofrida como documento.'' E que fique bem claro, segundo o próprio autor que ele não se enquadra como um herói, como muita gente que lê esses livros quer considerar. As exigências de Chalamov para essa nova literatura, além de mostrar as inúmeras verdades do mundo, é escrever sobre sangue e destino. É isso o que em maior ou menor grau fazem hoje Svetlana Aleksiévitch , Roberto Saviano, é o que em maior ou menor grau fez André Maurois nas biografias de Byron, Shelley e Disraeli, ou Irving Stone em Sede de Viver (sobre a vida de Van Gogh), e Nadiejda Mandelstan sobre a vida do marido Ossip. O conto que eu mais gostei nesse volume foi O procurador verde, sobre as fugas impossíveis, para mim já vale a leitura integral, mas o ensaio final de Varlam Chalamov sobre literatura, repito, ainda que não concorde integralmente com o autor, é coerente com sua experiência sofrida e seu ponto de vista com relação à Kolimá e suas histórias.
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Lopes 13/03/2018

A integridade da vida
Já sabemos que hoje qualquer aproximação de obras que são verdadeiros projetos de vida,se torna um calabouço dependendo da entrega do autor e seu desprendimento daquilo que se escreve, perpétua e denuncia. Varlam Chalámov trouxe à tona toda sua vida, seu trabalho e esperança nas páginas destes "Contos de Kolimá" como, primeiramente denúncia do horror dos campos de "trabalho" russo, e em segundo - o que vai se formando através dos volumes - todo e qualquer esquema artístico que alivie uma pena, de si, do mundo, enovelando o leitor num estado ambíguo entre a infinitude literária e a rápida finitude humana. Claro que deveria ser diferente, mas o horror elaborado e o terror enraizado não nos deixa suportar esse desejo. Mesmo que tenhamos isso consciente, não ocorre. Olhar aquele mundo, às vezes, é afastá-lo mais depressa possível. Não vivemos para isso. São cotidianos e realidades que se automutilam, dentro de um sistema que sofre uma metástase terrorista a ponto de um banho significar um anseio ao ódio. Precisa-se aqui odiar, criar um sentimento que evidencie e interrompa cada ação contrária ao humano, regida por ideologias que nem sequer conseguem se suportar - nenhuma, na verdade nem deveria existir - com tamanha opacidade e distância de Moscou, mesmo que existissem ordens diretas. O artista da pá destrói a realidade ao falar de sua experiência como enfermeiro, que o faz aproximar daquela ajuda humana, se assemelhando com a arte. A pá, em outra ocasião, é o que assenta, a que barra o horror tão comum. Se a comida é o alimento básico, nestes campos ela se torna uma abundância de dignidade. Ultrapassa qualquer esquecimento, sendo ela o esquecimento de si e da vida. A dor corriqueira é variada, mata, destrói, impõe, sem se quer poder desviar dela. Chalámov ao sair vivo destes campos propôs um retorno ao terror. São contos tão reais que eles se permitem virar arte para nos causar espanto e vozes permanentes de combate ao monstro que nos tornamos a cada dia, ao que se propõe aniquilar quem já não pode mais morrer, o humano.
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Mussi 06/05/2017

Volume 3
Uma visão sociológica do crime
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