Mariana - @escreve.mariana 10/02/2020Um exercício à empatia [IG: @epifaniasliterarias_]A partir dessa história, conheci e me encantei por Rosa Howard, uma criança inteligente, sensível, que adora palavras, principalmente homônimos, números primos e regras – as de trânsito, as de sala de aula e as gramaticais.
Assim, acompanhamos o desenvolvimento da protagonista, que aprende a conhecer a si mesma e aos outros que a cercam, assim como a conviver com alguns que, por vezes, não a compreendem e parecem não fazer questão. O relacionamento com seu pai é, no mínimo, conturbado. Isso porque, além de não ser capaz de lidar com a Rosa, creio que não era sua vontade ser pai, fosse de uma criança neurotípica ou atípica.
De outro modo, a relação entre Rosa e seu tio Weldon é aquela que dá um quentinho no coração. Juntamente com Poça, sua cachorrinha adotada, e que passou a ocupar um espaço significativo em sua vida e rotina, Rosa encontra um porto seguro e a afirmação de que, além de ser suficiente, é digna de amor e carinho.
O equilíbrio de sua vida é abalado no dia em que seu pai permite que a Poça saia durante uma tempestade.
"As tardes ficaram longas. Parecia que tinham muitos vazios: o vazio entre olhar a caixa da minha mãe e começar a fazer o dever de casa, o vazio entre terminar meu dever de casa e começar a fazer o jantar. Não sei o que fazer com esses vazios. A Poça costumava preenchê-los. Como se preenche um vazio?"
Rosa é autista. No entanto, um diagnóstico está longe de defini-la. Com muita delicadeza, Rosa nos ensina diferentes significados para o amor e a amizade, bem como nos dá uma lição sobre empatia, isto é, sobre a capacidade de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. E é dessa forma que Rosa começa a conquistar a amizade de seus colegas da escola, que passam a enxergá-la como uma criança merecedora de respeito e afeto.
Essa é uma obra que me apresentou à Rosa, cuja história, apesar de única, compartilha diversas semelhanças com as de outras pessoas no espectro, que merecem ser ouvidas e ter suas individualidades respeitadas.