Aisha Andris @AishandoBooks 25/06/2020
Uma verdadeira novela de época
Nós começamos a história acompanhando Sophia, uma jovem bonita e inteligente, que se apaixona por Edmund, um cavalheiro de uma classe muito superior à qual pertence, mas que parece ser correspondida por ele. Com seu charme, consegue o impossível: um convite para o evento mais exclusivo da temporada: o baile da duquesa de Richmond, tia do homem que conquistou seu coração. Só que o que era para ser uma noite de festa, terminará de forma completamente diferente e trará descobertas e reviravoltas que mudarão o destino não apenas dos pombinhos, mas de todos aqueles que os cercam, trazendo consequências que continuarão a “assombrá-los” vinte e cinco anos depois, onde a maior parte da história realmente se passa.
Enquanto lia, eu senti que “Belgravia” tinha um ar bem novelesco, com os dramas e os “casos de família” (sim, a Christina Rocha se refestelaria em ter os Trenchard e os condes de Granthan & cia em seu programa) que se desenrolam ao mesmo tempo que o conflito principal da trama. Temos direito a embates “culturais” entre pessoas de diferentes classes sociais, brigas entre irmãos, traições entre cônjuges, alpinistas sociais tentando conquistar espaço onde apenas o sangue nobre tem vez, disputas por herança, “playboys” mimados que vivem para gastar o dinheiro que não é deles e, em meio a tudo isso, um romancezinho fofo para aliviar um pouco o clima. Mas já aviso que ele se desenvolve de forma bem condizente com a época, sem nenhum dos arroubos ardentes de paixão a que estamos acostumados na maioria dos livros do gênero. Ainda assim, é um casal pelo qual torci muito, que realmente merecia a felicidade. São, talvez, os únicos personagens realmente bons da história.
Eu gostei bastante deste livro. Achei-o muito bem construído, com personagens densos e interessantes, com caráteres dúbios, às vezes, mas que surpreendem a gente ao longo da narrativa, e até conseguimos terminar a leitura nos importando com eles. E um ponto que curti muito é que aqui não ficamos focados apenas nas famílias importantes, mas também na criadagem, que tem um papel importante e ativo na história. A ambientação é impecável, Julian Fellowes realmente consegue nos transportar para a Londres dos anos 1840, especialmente o recém-nascido bairro de Belgravia, com direito à aparição de personalidades da época que realmente existiram. O desenvolvimento do mistério também foi muito bem feito, com as peças se encaixando certinho e sendo reveladas no momento oportuno. Minha única reclamação é que achei a escrita do autor um pouco morna, no sentido de não passar tanta emoção quanto deveria, porque temos muitas cenas que deveriam provocar lágrimas ou fazer o coração bater mais depressa, mas isso não aconteceu comigo. Ainda assim, recomendo a leitura!
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