Má feminista

Má feminista Roxane Gay




Resenhas - Má Feminista


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Clariar 02/03/2024

Fiquei decepcionada, pois o primeiro livro que li da autora (Fome), é um dos meus favoritos e me arrebatou, me impactou... faz anos que li e até hoje lembro do que li, mas Má Feminista não é nem de longe marcante.
Muitas citações de séries e programas que tornam praticamente impossível o aproveitamento da leitura e ensaios aleatórios que não condiziam a temática feminista.
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mia 29/07/2023

Feminismo e cultura pop
Li esse livro pela indicação da minha musa Anya Taylor Joy. O livro é muito bom, entretanto, em alguns capítulos eu fiquei perdida porque ela dissertou sobre um filme/série que eu nunca assisti, então senti que minha experiência foi limitada. Tirando isso, o livro é bem interessante e eu me peguei rindo em alguns momentos com as críticas da autora, principalmente no capítulo que ela detona o Quentin Tarantino.

Enfim, foi uma boa leitura e vou recomendar para minhas amigas.
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alice 17/05/2023

Achei interessante alguns tópicos do livro, mas não gostei da forma como ela descrevia elementos culturais de um jeito muito extenso. eu saia de um cap dela descrevendo todo o plot de cinquenta tons de cinza p outro dela descrevendo um filme do michael b jordan, achei isso meio chato. rachei o bico com ela xingando orange is the new black e tyler the creator (coisas q gosto mt). mas num geral teve pontos interessantes que eu genuinamente gostei de ler e me interessei porém tava louca pra finalmente acabar de ler!
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Aléxia 02/05/2023

Ensaios sobre gênero, raça e entretenimento nos anos 2010
Eu tinha muito preconceito com ensaios até conhecer a Jia Tolentino (Falso Espelho top livros de 2021). Aí eu percebi que na verdade eu adoro esse gênero porque de alguma forma me identifico com a mistura de opiniões pessoais baseadas na própria experiência e linhas de argumentação não acadêmicas que conectam pontos às vezes aleatórios.

Má Feminista é uma série de ensaios sobre gênero, raça e entretenimento da professora de escrita criativa Roxane Gay - mulher negra norte-americana e filha de pais haitianos. Ela explica o nome do livro já na largada: ela se sente aquém das feministas “sérias” que conhecem a fundo a teoria de gênero, mas mesmo assim prefere contribuir com esse tema da forma como pode.

O livro, publicado originalmente em 2014, tem 200% a energia desse início de década. É até fofa a ingenuidade com que certos temas são tratados - como aquele otimismo naïve de que as redes sociais davam voz a pautas e pessoas que normalmente não ganhavam visibilidade na grande mídia. Pois bem, dez anos depois, olha o monstro que se criou.

Outra coisa que mudou foi a reivindicação pela representatividade no entretenimento, que ainda era tão incipiente. A forma introdutória como ela aborda esse assunto mostra que o cenário era completamente outro no momento em que o texto foi escrito. Nesse caso, ponto pra gente: a discussão continua avançando.

Pra mim, um dos pontos altos e atemporais da autora é o tom ácido das resenhas antirracistas de filmes como Histórias Cruzadas e Django Livre. Ela faz um contraponto essencial pra uma leitura mais óbvia e passadora de pano que se tem deles.

No geral, o livro é uma forma de furar a bolha e ler opiniões diferentes que te ajudam a expandir certas percepções.
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Stephanie214 27/06/2022

Uma feminista imperfeita
A autora mostra através de ensaios suas experiências pessoais e opiniões sobre: Racismo,violência contra a mulher, política, sexualidade, cultura do estupro, violência policial, raça,gênero, relacionamentos, trabalho, preconceito,filmes,séries, músicas, livros e feminismo.
Foi muito bom conhecer a autora e o que ela pensa sobre cada questão pois sendo uma mulher negra, filha de imigrantes, escritora e feminista tem muito a dizer sobre o mundo a sua volta.
Cada ensaio complementa o outro trazendo mais informações e fazendo o público refletir sobre suas palavras (pelo menos eu me senti assim).
A própria se declara sendo uma má feminista pois está fracassando como feminista, sendo uma bem ruim e uma confusão de contradições. E que aceitar livremente o rótulo de feminista não seria justo com as boas feministas. Acho que o que ela quis dizer é que toda mulher no fundo é feminista mesmo que não saiba ou que se negue a ser, lutar pelos nossos direitos é um dever para que possamos ter um futuro melhor para as garotas e mulheres, sem medo de ser quem são, estarem expostas a algum tipo de violência ou feminicídio,lutar por políticas públicas que ajudem as mulheres desde pequenas até quando forem adultas e poderem escolher se querem ter um filho ou não sem interferência do estado. No final não há um jeito certo de ser feminista basta só ser feminista.
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Mary Manzolli 26/02/2022

Bom mas não me ganhou
Resenha curtinha hoje porque não me conectei com essa leitura, mas vou falar um pouquinho dela.

Má Feminista já é considerado um clássico contemporâneo sobre os desafios e lutas das mulheres e as barreiras que ainda precisam ser quebradas. Roxane é irônica, mordaz, de uma sinceridade intimidante e os ensaios, na maior parte do tempo são corajosos, engraçados e questionadores.

O livro é, basicamente, um compilado de ensaios e artigos escritos pela autora, que tratam de feminismo, feminismo sob o viés racial, racismo, análises de séries, filmes, livros, músicas e cultura pop, dentro de um olhar social, além de um artigo pessoal sobre sua participação em campeonatos de Scrabble (palavras cruzadas).

Não há como negar que Roxane Gay tenha um olhar diferenciado sobre o feminismo, principalmente aquele que se relaciona às mulheres negras.

Alguns ensaios são, realmente muito bons, principalmente no que diz respeito às duras críticas ao feminismo que padroniza mulheres, outros não me prenderam tanto por abordarem sobre séries, filmes e outros temas da cultura pop os quais não conheço, apesar de entender a intenção da autora em demonstrar o quanto o tipo de cultura que consumimos pode moldar quem somos e nos manter presos a esteriótipos de gênero, raça e sexualidade.

Embora eu não goste de postar resenhas de livros que não me agradaram, entendo que Má Feminista é um bom livro, apesar da minha falta de conexão com muitos dos ensaios, sinto que saí desta leitura com alguma bagagem, então valeu a pena e, provavelmente, um outro leitor pode ter uma experiência diferente, principalmente se tiver mais afinidade com os gosto de Roxane para séries e filmes.
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Catarina 02/11/2021

Bem-vindos a uma grande decepção literária!
Eu estava extremamente empolgada e ansiosa para ler esse livro. É o meu primeiro da Roxane Gay e depois de tudo que eu ouvi falar dela eu estava em um estado absurdo de ânimo para ler logo.

Pelo título, eu esperava que os ensaios fossem debater o feminismo de uma forma mais incisiva, fugindo um pouco do superficial, falando também sobre raça e classe, bem no estilo dos livros da Bell Hooks, só que eu estava enganada.

Eu sinceramente não entendi o propósito desse livro. Os ensaios não tem um elo entre eles, parece que muita coisa tá ali só para fazer volume, sabe? Os ensaios que são de fato sobre o feminismo são interessantes e muito bem escritos, o problema é que são poucos quando comparados aos demais com temas aleatórios.

Muitos dos ensaios são um suco do twitter e da cultura pop, ou seja, se você é alheio assim como eu, te digo que você vai ficar boiando na maior parte dos textos. Filmes e séries que eu nunca ouvi falar na minha vida são citados e debatidos a rodo e quem nunca assistiu fica simplesmente perdido. Foi muito difícil terminar esse livro, cogitei várias vezes abandonar, a única razão de ter persistido era a esperança de que em algum momento iria melhorar, spoiler alert: não melhora.

Ainda pretendo ler outros livros da Roxane Gay, talvez “Má Feminista” não foi uma boa escolha para conhecer a escrita da autora. O livro não é ruim, mas se fossem retirados alguns textos do livro (como o que fala sobre jogar Scrabble/Jogos de Palavras Cruzadas) e deixassem apenas aqueles que realmente falam sobre o feminismo, com certeza o resultado seria mais satisfatório.
Alanna. 02/11/2021minha estante
Eu lembro de ter tido essa mesma sensação lendo esse livro, que parece que são muitos pensamentos aleatórios em forma de texto. Mas eu já comecei a leitura sabendo disso, quem me indicou já havia me dito, então não criei expectativa e consegui aproveitar a leitura por essa variedade de temas. Eu acho que os textos dela sobre feminismo são realmente melhores que os demais, mas como não esperava apenas isso, a leitura não me decepcionou.


Catarina 02/11/2021minha estante
Foi isso me incomodou tanto, era pra ser um livro sobre feminismo aí ela começa a falar de tanta coisa aleatória que simplesmente não condiz com a proposta do livro. O que mais me chocou foi o tanto de avaliação positiva que esse livro tem aqui no skoob achei até que eu tava doida por não ter gostado, eu fui ler as opiniões do pessoal lá no goodreads e por lá o livro não foi tão bem recebido assim.. Sorte sua já ter ido ler já sabendo disso kkkk eu fui na maior expectativa e fui tombada.




Michelly 28/04/2021

Será que sou uma péssima feminista?
Vamos começar pelo conteúdo do livro: como o próprio nome diz, é um ensaio (um conteúdo que não é definitivo) sobre como Roxane foi levada ao movimento feminista e como não acha se encaixar nos padrões que o próprio movimento definem.
Aqui, Gay faz análises de obras, músicas, políticas de saúde que tratam sobre desigualdade de gênero, sobre racismo, sobre livros que normalizam relacionamentos tóxicos, homossexualidade e cultura da magreza.
O que eu achei? Eu gostei, pois é tudo escrito de forma compreensível e sem termos exageradamente complicados. Tudo tem um contexto com uma experiência da própria autora e me identifiquei com alguns relatos.
E ela tem dúvidas se pode ser considerada feminista, mesmo sendo ativa em causas sociais, se declarando a favor ou contra pautas discutidas... Não seriam esses fatores que a faz parte do feminismo? Porém a "irmandade" tem criado padrões do que deve existir e de quem devemos ser, sendo que o feminismo é sobre você fazer escolhas.
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Carol 25/03/2021

Bom
Roxane tem um escrita direta e sem paps na língua... gosto disso! Mas o livro não me prendeu como eu gostaria...
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Alanna. 02/12/2020

O que é ser uma má feminista?
É muito louco o modo como esse livro caiu nas minhas mãos, e muito louco como eu me identifiquei com a leitura, desde o começo, no sentido do que Roxane Gay fala sobre o ser uma má feminista, mas o livro vai muito além disso.

A autora aborda diversos assuntos nesse livro. Um deles é a representatividade em séries e filmes, e no modo como nos apegamos a um personagem como um personagem transformador e quebrador de paradigmas apenas por esse ser personagem ser gordo, ou negro, ou feminista, mesmo que esses personagens tenham outros inúmeros defeitos (sejam maus, ou más representações, ou até mesmo "close errado"), porque nos apegamos muitas vezes a mínimos resquícios de representatividade. É pra pensar se de personagens que admiramos são de fato transformadores apenas por se encaixarem em um local de representatividade, não importando todo o resto.

Outro ponto que me chamou a atenção foi no trecho sobre mulheres em livros e séries e a constante necessidade que as pessoas tem de avaliar minuciosamente as mulheres na literatura, sempre querendo traçar perfis psicológicos ao invés de apenas ler um livro. Isso mostra como as mulheres são constantemente avaliadas, como somos constantemente questionadas e observadas pelas nossas ações.Ainda nessa temática sobre mulheres, existe um capítulo no qual Gay fala sobre Jogos vorazes, sobre como essa história se relaciona a sua vida de maneira nada óbvia, de é exigido de Katniss (e muitas vezes exigido de nós mulheres) sermos exemplo de força e superação, e como Katniss está completamente quebrada no final da trilogia, como se suas forças a tivessem abandonado.

A autora ainda escreve sobre questões de privacidade exposição, temas importantes de serem refletidos nos dias atuais. Existe, na sociedade contemporânea, a necessidade de expor coisas pessoais em redes sociais, de como quem opta por não faze-lo é tido como pessoa amarga ou falsa. Fala também sobre uma sociedade que exige que as pessoa "sejam quem são" ou "sejam autenticas", uma sociedade que exige que pessoas conhecidas "saiam do armário" (não permitindo a pessoa a escolha se quer ou não tomar essa atitude).

Outro tema é a necessidade de consumir gente que não tem nada a ver com a gente (instagram, YouTube, etc). De como nós "perdoamos" muitas vezes piadas machistas, homofóbicas, racistas e etc, dando desculpas como "fulano não falou por mal", "ele era o único que poderia fazer isso sem magoar ninguém" e a clássica " ele tem amigos (lgbt, mulheres, negros, etc) que não se incomodam com essas piadas então não tem problema ele fazer.

As observações da autora sobre diversos assuntos são maravilhosas e perspicazes, e mesmo que eu não compartilhe com alguns de seus pontos de vista, todas as suas opiniões são bem expressas e trabalhadas. A ideia principal aqui é a de que ao assumir o título de "má feminista", a mulher tira de si mesma a maioria da pressão externa que se coloca em uma mulher feminista, sem de fato deixar de ser feminista. Não sei bem o que penso sobre esse argumento específico, e continuo me definindo como feminista mesmo.
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Kiki 29/03/2020

Feministas
Adorei a leitura.
Rosane Gay escreve muito bem. Seu texto é divertido e provocativo.
Me fez fazer boas reflexões e me chamou a atenção em fatos que passavam batidos. Aprendi muito.
Acredito ser uma leitura importante para todas feminista, tanto as más como as boas.
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Jeniffer Geraldine 08/12/2019

Má feminista
O meu desafio pessoal desde quando comecei o mestrado é tentar encaixar na semana um momento para ler ou ver algo que não esteja na lista de tarefas obrigatórias. Pensando nisso, em novembro, assumi um compromisso comigo mesma: ler todo dia no café da manhã. Comecei por Má Feminista - ensaios provocativos de uma ativista desastrosa, da escritora Roxane Gay.

Em Má Feminista, Roxane se autodeclara feminista mas assume a complexidade do termo e do movimento feminista. Faz crítica com humor, traz alfinetadas inteligentes, e experiências pessoais que reforçam a máxima “o pessoal é político”. Além de lançar um olhar muito cirúrgico em determinadas produções culturais, como o filme Histórias Cruzadas.

Eu adoro ensaios/crônicas, ainda mais quando são autobiográficos. É a minha casadinha perfeita. E o tanto que eu amei o termo má feminista como uma oposição ao feminismo essencial? Não há um modo de ser feminista porque não existe um feminismo. Cada vez mais precisamos estar atentas na pluralidade dos movimentos para não cairmos nas armadilhas que acabam por excluir ao invés de reconhecer e aceitar as diferenças.

Roxane diz que é imperfeita como mulher e imperfeita como feminista. No ensaio Má feminista: tomada dois, a autora mostra diversas situações estereotipadas para exemplificar as suas imperfeições, que mostram apenas uma mulher que não deseja ser a superpoderosa exemplar do movimento.

"Quero ser independente, mas quero que cuidem de mim e que haja alguém em casa para quem eu possa voltar. Tenho um emprego em que sou muito boa. Estou no comando das coisas. Estou em comitês. As pessoas me respeitam e vêm se aconselhar comigo. Quero ser forte e agir de modo profissional, mas ressinto-me em como tenho de trabalhar arduamente para ser levada a sério; para receber uma fração da consideração que de outra maneira eu receberia com facilidade.”

A autora questiona o patriarcado, o machismo, o racismo, e boa parte dos seus ensaios perpassa pelo questionamento desse feminismo essencial ou feminismo universal. A discussão sempre traz um viés interseccional e mostra a importância da ampliação das pautas feministas.

Os relatos íntimos nos fazem pensar: que feminista sou ou estou me tornando? O que realmente é ser feminista para mim? E a autora nos abre a possibilidade de ser feminista e nos chama para sair da teoria e partir para uma prática feminista e assim também anti-racista.

"Lide com seus preconceitos. Resista energicamente à tentação de ignorar o problema de gênero. Esforce-se e esforce-se e esforce-se, até que não precise mais; até que não precisemos mais manter este tipo de conversa. Mudança exige intenção e esforço. Ela é de fato bem simples."

O livro é dividido em cinco partes: Eu; Gênero e sexualidade; Raça e entretenimento; Política, gênero e raça; De volta ao meu eu. Em Gênero e sexualidade há o ensaio A linguagem negligente da violência sexual e uma das questões que a Roxane crítica é o termo cultura de estupro.

"Vivemos em uma cultura excessivamente permissiva em relação ao estupro. Enquanto por um lado há muitas pessoas que o entendem, bem como os danos causados por ele, por outro, vivemos em uma época que exige a expressão “cultura do estupro”.

Se chegamos ao ponto de dizer “cultura do estupro” é porque já está normalizado demais. Roxane até diz que talvez usemos a expressão para falar de uma cultura permeada pela violência sexual, mas também sugere usarmos cultura estupradora e que comecemos a levar em consideração o impacto físico, a materialidade do estupro. É mais uma vez a autora nos chamando para sair do campo das ideias e partir para prática, para o material.

Ler Roxane Gay e seu Má Feminista é confrontar ideias e práticas normalizadas. É provocativo, educativo, e a sua maneira esperançoso porque nos diz que não precisamos seguir os rótulos impostos para lutar pelo que acreditamos. Nas palavras da própria autora, “não temos todos de acreditar no mesmo feminismo. Ele pode ser pluralista, desde que respeitemos os diferentes feminismos que levamos conosco; desde que nos esforcemos o suficiente para tentar minimizar as rupturas entre nós.”





site: http://jeniffergeraldine.com/ma-feminista/
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Jeniffer Geraldine 08/12/2019

Má feminista
O meu desafio pessoal desde quando comecei o mestrado é tentar encaixar na semana um momento para ler ou ver algo que não esteja na lista de tarefas obrigatórias. Pensando nisso, em novembro, assumi um compromisso comigo mesma: ler todo dia no café da manhã. Comecei por Má Feminista - ensaios provocativos de uma ativista desastrosa, da escritora Roxane Gay.

Em Má Feminista, Roxane se autodeclara feminista mas assume a complexidade do termo e do movimento feminista. Faz crítica com humor, traz alfinetadas inteligentes, e experiências pessoais que reforçam a máxima “o pessoal é político”. Além de lançar um olhar muito cirúrgico em determinadas produções culturais, como o filme Histórias Cruzadas.

Eu adoro ensaios/crônicas, ainda mais quando são autobiográficos. É a minha casadinha perfeita. E o tanto que eu amei o termo má feminista como uma oposição ao feminismo essencial? Não há um modo de ser feminista porque não existe um feminismo. Cada vez mais precisamos estar atentas na pluralidade dos movimentos para não cairmos nas armadilhas que acabam por excluir ao invés de reconhecer e aceitar as diferenças.

Roxane diz que é imperfeita como mulher e imperfeita como feminista. No ensaio Má feminista: tomada dois, a autora mostra diversas situações estereotipadas para exemplificar as suas imperfeições, que mostram apenas uma mulher que não deseja ser a superpoderosa exemplar do movimento.

"Quero ser independente, mas quero que cuidem de mim e que haja alguém em casa para quem eu possa voltar. Tenho um emprego em que sou muito boa. Estou no comando das coisas. Estou em comitês. As pessoas me respeitam e vêm se aconselhar comigo. Quero ser forte e agir de modo profissional, mas ressinto-me em como tenho de trabalhar arduamente para ser levada a sério; para receber uma fração da consideração que de outra maneira eu receberia com facilidade.”

A autora questiona o patriarcado, o machismo, o racismo, e boa parte dos seus ensaios perpassa pelo questionamento desse feminismo essencial ou feminismo universal. A discussão sempre traz um viés interseccional e mostra a importância da ampliação das pautas feministas.

Os relatos íntimos nos fazem pensar: que feminista sou ou estou me tornando? O que realmente é ser feminista para mim? E a autora nos abre a possibilidade de ser feminista e nos chama para sair da teoria e partir para uma prática feminista e assim também anti-racista.

"Lide com seus preconceitos. Resista energicamente à tentação de ignorar o problema de gênero. Esforce-se e esforce-se e esforce-se, até que não precise mais; até que não precisemos mais manter este tipo de conversa. Mudança exige intenção e esforço. Ela é de fato bem simples."

O livro é dividido em cinco partes: Eu; Gênero e sexualidade; Raça e entretenimento; Política, gênero e raça; De volta ao meu eu. Em Gênero e sexualidade há o ensaio A linguagem negligente da violência sexual e uma das questões que a Roxane crítica é o termo cultura de estupro.

"Vivemos em uma cultura excessivamente permissiva em relação ao estupro. Enquanto por um lado há muitas pessoas que o entendem, bem como os danos causados por ele, por outro, vivemos em uma época que exige a expressão “cultura do estupro”.

Se chegamos ao ponto de dizer “cultura do estupro” é porque já está normalizado demais. Roxane até diz que talvez usemos a expressão para falar de uma cultura permeada pela violência sexual, mas também sugere usarmos cultura estupradora e que comecemos a levar em consideração o impacto físico, a materialidade do estupro. É mais uma vez a autora nos chamando para sair do campo das ideias e partir para prática, para o material.

Ler Roxane Gay e seu Má Feminista é confrontar ideias e práticas normalizadas. É provocativo, educativo, e a sua maneira esperançoso porque nos diz que não precisamos seguir os rótulos impostos para lutar pelo que acreditamos. Nas palavras da própria autora, “não temos todos de acreditar no mesmo feminismo. Ele pode ser pluralista, desde que respeitemos os diferentes feminismos que levamos conosco; desde que nos esforcemos o suficiente para tentar minimizar as rupturas entre nós.”





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