Lizzy 23/05/2020
Longing foi uma das minhas melhores leituras de Mary Balogh. Eu sempre fui fã ardorosa dos seus romances, mas este, certamente, ficará em minha memória por muito tempo.
É o tipo de livro que prende a atenção desde as primeiras linhas, uma espécie de mágica que somente os excepcionais contadores de histórias são capazes. E não foi apenas isso que me marcou - o plot é muito rico em contexto histórico e dramaticidade –, mas, sobretudo, os sentimentos os quais vivenciei – sim, a experiência foi real-, e, para ser bem sincera, lágrimas involuntárias me afligiram ao menos em três momentos impactantes, para dizer o mínimo.
O enredo de fundo tem por base o Cartismo, o movimento operário inglês fundado na luta pela inclusão política da classe operária, e sua repercussão na pequena comunidade mineira de Cwmbran, no País de Gales (anos 30 do Século XIX). Entretanto, foi a lindíssima história de amor entre o inglês Alexandre Hyatt, Marquês de Craille, e a operária galesa Sian Jones, que roubou a minha completa atenção.
Poucos históricos românticos conseguem ter a profundidade necessária para realmente delinear o imenso abismo social entre a nobreza inglesa e a classe operária galesa da época. Em Longing, Mary Balogh o fez com maestria.
Os mundos de Alexander e Sian não poderiam ser mais divergentes. Ele, um nobre inglês, proprietário de uma grande área rural em um dos vales do sul de Gales e das siderúrgicas e minas de carvão daquela terra. Ela, viúva, filha ilegítima de um baronete, uma de suas trabalhadoras das minas. Como se não bastasse, Sian está comprometida com Owen, o líder do movimento operário em Cwmbran.
Alex, viúvo e pai da adorável Verity de seis anos de idade, passou a morar no local após ter herdado as propriedades de um tio. Durante os dois anos que esteve ali, o marquês ficou alheio às precárias condições econômicas e insalubres dos seus empregados, mas tudo muda quando ele conhece Sian.
A construção do relacionamento entre Alex e Sian é linda, crível, um misto de paixão, ternura e de muitas impossibilidades. Porém, ambos compartilhavam o mesmo anseio (por isso o título me pareceu mais do que apropriado), a sensação de estarem em um lugar ao qual não pertenciam, mas queriam pertencer...sim, a heroína se sentia uma forasteira em seu próprio mundo, por várias razões.
O herói é esplêndido. Um homem íntegro, honrado e com uma nobreza de alma que vai além da sua aparência e riqueza. Por sua vez, Sian é uma heroína como poucas. Uma mulher, cuja ilegitimidade impactou em sua vida, gerando perdas irreparáveis. Mas, é a sua coragem e força de espírito que verdadeiramente impressionam. É lindo quando marquês diz a Sian em determinado momento: “a sua coragem me honra.”
O casal tem muita química, as cenas sensuais são realísticas e apaixonadas, além de imprimirem muita emoção. Em meio a tudo isso, é importante registrar que o triângulo amoroso existente foi uma experiência agridoce e me deixou emocionalmente apanhada, especialmente nos momentos finais.
Trecho: “A moralidade não é uma coisa simples, disse ela, embora deva ser. Parece bastante simples quando alguém ouve sermões e lê bons livros. Mas não o é. Amor e moralidade nem sempre estão de acordo, e às vezes o amor é mais forte.” (tradução livre)
Enfim, um livro maravilhoso! Recomendo vivamente.