Dias de abandono

Dias de abandono Elena Ferrante




Resenhas - Dias de Abandono


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Alê | @alexandrejjr 05/09/2021

Fragmentos de um vazio

Elena Ferrante é uma personagem peculiar do mundo literário. Em pleno século XXI, ela - há quem diga que seja ele ou até mesmo um casal, suposições das quais discordo - prefere o anonimato. Uma decisão interessante em tempos de superexposição e redes sociais.

Este “Dias de abandono” é o meu primeiro contato com a literatura desta celebridade anônima. Sinceramente? Não fiquei impressionado.

O assunto que irá permear a narrativa de Elena Ferrante é um dos mais explorados em toda a história da literatura: a traição. O grande diferencial aqui, no entanto, é o fato do tema ser abordado a partir da mulher abandonada. Olga, narradora e personagem principal do romance, apresenta aos leitores logo nas primeiras linhas o seu martírio. Iremos acompanhar os efeitos da imensurável ausência do amado, sua suposta metade conhecida, em sua vida.

Confesso que livros como este costumam ganhar minha atenção pois desconheço por completo a dinâmica de um relacionamento. Nunca tive um. Não compreendo o que é abrir mão da minha individualidade em prol de uma suposta - e desejável - coletividade harmônica. Afinal, no nível mais básico, é isso a vida a dois, certo? Além disso, não sei o que é não sentir medo, ansiedade ou curiosidade após os primeiros encontros. Não consigo imaginar quanto pesa a crescente monotonia de uma relação que perde, com o cuidadoso passar do tempo, os laços que a originaram. E, como se não bastasse, estou no campo daqueles que causam mais abandonos (homens) do que são abandonados (mulheres). Portanto, o nível de identificação com Olga, como vocês podem imaginar, foi superficial, distante.

Enquanto viramos as páginas, acompanhamos esse crescente abismo da narradora. Chega a ser penoso, principalmente para mulheres que se identificam com a história, acompanhar essa queda, porque aparentemente nada podia contagiá-la mais que o azar. Mas o curto romance apresenta três fases claras de uma mesma alma: o desespero, a loucura e a redenção.

O vazio que corrói a rotina da personagem de Ferrante é construído com competência, colocando os leitores na pele de muitas mulheres reais que vivem esse tipo de desgraça todos os dias em nosso maltratado mundo. Creio que essa busca por uma profundidade psicológica, na tentativa de desnudar os fragmentos do vazio de Olga, seja o maior mérito do livro. Mas temos alguns problemas no caminho.

Vamos lá. De maneira sucinta. A primeira incongruência é a relação de Olga com os filhos. Apesar de não ser inverossímil, não consigo conceber a crueldade ingênua exercida pelas crianças para com a situação da mãe. Posso falar com propriedade que a impotência de um filho diante do abandono de sua mãe é uma das piores sensações que se pode sentir. Mas devo salientar que são situações e situações, e devo dar crédito à autora por apresentar uma possibilidade dessa relação entre mãe e filhos, optando aqui por colocar os pequenos, inconscientemente, mais ao lado do pai.

A segunda inconsistência são as metáforas forçadas durante a narrativa. E eu não gosto de ter a minha capacidade de raciocínio insultada. Compreendo que Olga estava desesperada, presa no abandono do marido e por isso acho patético o reforço dessa mensagem através de uma determinada situação vivida pela personagem em seu apartamento, assim como a ingênua utilização final do cão para uma espécie de clareamento do seu ponto de virada. Para finalizar, o desfecho da história não me satisfaz. Não consigo entender como uma mulher que compreendeu o seu momento optou por viver com determinado personagem. Esse final me pareceu inacabado ou preguiçoso, de uma impotência ensurdecedora.

É isso. Com este texto inacreditavelmente prolixo, chego a minha centésima resenha nesta comunidade. Eu havia planejado realizar um texto comemorativo em homenagem a João Ubaldo Ribeiro. Escreveria - ou humildemente tentaria falar - sobre uma obra fundacional da literatura brasileira, o imortal “Viva o povo brasileiro”, meu livro preferido. Não foi possível. O tempo e o acaso são implacáveis - e inimigos do planejamento. Mas, como eles gostam de pregar peças, permitiram que Elena Ferrante fosse a escolhida para esta marca. Uma pena que eu não tenha correspondido à altura.
Ana Sá 05/09/2021minha estante
Li dois livros dela e também não entendi a febre... Não é ruim, mas não me seduziu. Li dois justamente pra ter certeza! rs Achei a leitura agradável, mas só.


Carolina.Gomes 05/09/2021minha estante
Ale, como eu sei q nada é por acaso, essa resenha casa perfeitamente com uma conversa q estava tendo, hoje.


Alê | @alexandrejjr 05/09/2021minha estante
Pois é, Ana. Chegasse a conferir algum da série napolitana?

Olha aí, Carolina! Agora eu fiquei curioso pra saber sobre o que era a conversa. ??


Carolina.Gomes 05/09/2021minha estante
Hahaha a conversa era sobre mulheres q, em um determinado ponto da vida, escolhem um parceiro nada a ver apenas para ?tapar um buraco.?


dani 05/09/2021minha estante
Parabéns pela centésima resenha! ???
Sempre aprecio suas opiniões sinceras. Confesso que tenho um pouquinho de preguiça de autores e livros "hypados". Talvez seja um preconceito que preciso me livrar.


Júlia 05/09/2021minha estante
começa a série napolitana, Alê! ?a vida mentirosa dos adultos? foi meu primeiro contato com a autora e eu amei demais, mesmo o livro não sendo tão bem avaliado quanto a série. mas os livros que li da tetralogia foram tudo.


Alê | @alexandrejjr 05/09/2021minha estante
Ah, sim, Carolina. Esse "tapar buraco" é complicado, é preciso medir as vantagens e desvantagens;

Dani, muito obrigado ? ! Eu gosto muito das interações que temos por aqui. E sobre livros "hypados", eu também sou reticente, não vou negar. Gosto de ler depois do holofote;

Júlia, acho que vai ser meu próximo passo mesmo. O problema é que o abestado aqui viu as duas primeiras - e viciantes - temporadas da adaptação da HBO. Eu sempre cometo esse erro...


Débora 06/09/2021minha estante
Que ótima análise, Alê!!!??


Ana Sá 06/09/2021minha estante
Li a primeira da série e tb "A filha perdida"...


anna 06/09/2021minha estante
Alê, as metáforas também me deram muita preguiça! Já li outros livros da Elena, nesse ela realmente forçou a barra. Acho que foi uma forma de tornar a narrativa da Olga mais sufocante, mas o tiro saiu pela culatra porque tornou a leitura em si sufocante. Também me decepcionei um pouco com esse, no entanto recomendo muito a tetralogia! Já afirmo que ela é muito superior a Dias de Abandono, apesar de ainda não ter lido o quarto livro. Abraços!


Alê | @alexandrejjr 09/09/2021minha estante
Débora, obrigado por sempre me acompanhar aqui, é um prazer ter uma leitora atenta conferindo meus textos prolixos;

"A filha perdida" vai ter uma adaptação e aí a grande pergunta que eu me faço, Ana Sá, é essa: será que eu vou ver antes de ler? Tenho o costume de fazer isso... ?

Anna, eu tenho uma certa curiosidade sobre a série napolitana. Digo "certa curiosidade" porque eu cometi o pecado de ver a EXCELENTE adaptação da HBO (eu sei, eu sei, como posso classificá-la assim se não li os livros? Bom, falo apenas do produto audiovisual, que é fantástico) antes de conferir os quatro livros. Quem sabe um dia...


Isadora1232 10/09/2021minha estante
Parabéns por mais uma resenha excelente (e a centésima!!)! Adoro acompanhar tuas impressões sobre os livros. Meu único contato com a Ferrante foi com a filha perdida e me identifiquei um pouco com o teu texto. Ótimo livro, porém não se comunicou muito comigo. Mas entendo o hype. Tenho a impressão de que a prosa dela é muito íntima e por isso se comunica muito bem com um grupo específico (e enorme) de pessoas, que por algum motivo eu não me sinto pertencente. Mas, curiosamente, fiquei curiosa pra ler "dias de abandono" depois da tua resenha. Tenho vontade de retomar à obra dela em algum momento, porém não sei quando kkkk


Alê | @alexandrejjr 10/09/2021minha estante
Obrigado por ler o "textão de Facebook" que eu fiz, Isa. E sim, eu também pretendo voltar ao universo da Ferrante, só não sei com qual livro. Até me animo a ler a série napolitana, mas antes quero terminar de ver a adaptação da HBO. Eu e os meus erros... foi assim com "Repararação" do McEwan: vi a adaptação, que continuo sem entender por que se chama "Desejo e reparação", e ainda não criei coragem (ou seria vontade?) de ler o livro. Vamos ver o que o futuro me reserva...


Monique 11/09/2021minha estante
Eu parei de ler porque estava me perturbando muito, não pela identificação com a personagem, mas porque minha mente já está fragmentada o suficiente, então dei um tempo depois volto pra acabar a leitura.
Fora isso parabéns pela centésima resenha!


Alê | @alexandrejjr 11/09/2021minha estante
Fizesse certo, Monique, não é bom ler se o momento não permite. E obrigado! Que venham mais cem - mas só Deus sabe quando! ??


Lua 06/10/2021minha estante
Que resenha fenomenal! ??


Alê | @alexandrejjr 06/10/2021minha estante
Eu agradeço por ter ido até o último parágrafo, Luana! ?


Lari 15/11/2021minha estante
Eu discordo de você, acho que você não captou o que o livro traz (não julgo você, sempre pode acontecer né? E essa foi sua opinião, a minha é diferente). Olga tem borderline, inclusive ela mesma menciona no livro, rapidamente, que se percebeu em uma crise borderline durante a separação. Elena Ferrante trouxe muito bem as características desse transtorno de personalidade, as metáforas foram muito bem colocadas se considerar como funciona esse processo pelo qual Olga estava passando. Sobre as crianças, a própria Olga se vê um pouco na filha mais nova, reconhecendo que vivenciou coisas parecidas com a mãe dela quando era criança. Psicologicamente falando, as histórias se repetem, os traumas que se carrega, quando não cuidados, tendem a refletir de alguma forma no comportamento dos filhos também, tende-se a reproduzir o que os pais fizeram e isso vai de geração em geração. As duas crianças precisam muito de serem cuidadas, assim como a própria Olga.

Uma das características principais do borderline é o medo do abandono real ou imaginado, a Olga já está muito fragilizada com o abandono do marido, isso se transforma em muita raiva durante a crise e ela faz alienação parental, querendo que as crianças tb sintam a raiva do pai, por exemplo ela não deu nenhuma explicação cuidadosa para as crianças quando ele partiu, até porque ela mesma estava desorganizada. Os filhos sentem esse adoecimento, sentem a falta de cuidado dela com eles e isso reflete no comportamento deles. As experiências não são iguais e as pessoas também não, então outras crianças podem não reagir como os filhos de Olga. Vejamos como exemplo que as duas crianças do livro lidam de forma diferente com a mesma situação.

O que a Olga passa não é apenas um processo normal de divórcio, não é qualquer sensação de abandono, ela saiu de um relacionamento muito machista, que já deve ter começado com adoecimento, já que ela esqueceu de si mesma pra se dedicar ao marido e ao relacionamento. A forma que Elena retratada tudo isso foi bem pensada.


Alê | @alexandrejjr 15/11/2021minha estante
Oi, Lari. Obrigado pelo teu ponto de vista aqui! Então... é exatamente o que dissesse: são opiniões. Continuo achando as metáforas irritantes e pífias e o desfecho desse livro desastroso, apesar de ser bem escrito e agradável de ler. Acontece que, quando tu argumenta sobre pontos da narradora em que ela apresenta uma "crise borderline" ou que "psicologicamente falando" ela fez algo, percebes que não é obrigação dos leitores ter esse repertório? E, não sendo obrigatório, percebes que o livro falha enquanto literatura ao não comunicar - pra todos - com clareza essas questões? Eu entendo que tenhas gostado do livro, afinal, essa é a beleza da literatura, mas percebes que pelo fato de tu ser psicóloga (ou estar estudando psicologia, ou ainda gostar de psicologia, não sei) fez com que o livro funcionasse diferente pra ti? Acontece. Assim como tu talvez tenha visto coisas que eu não vi, talvez eu tenha destacado pontos que passaram despercebidos na tua análise. É isso. Boas leituras!


Lari 15/11/2021minha estante
Tem razão, meu conhecimento sobre psicologia tem uma grande relação com o meu entendimento do livro, realmente sem esses conhecimentos é provável que não dê pra entender como eu entendi. Mas acho também que são livros e livros, tem livros que eu vou entender melhor, sentir mais, me conectar melhor, e tem livros que isso não vai acontecer. Quando não acontecer, não necessariamente vai ser falha da autora e tá tudo bem não ter entendido o livro como ele se propõe. Eu acho que no caso de Dias de abandono não tinha muito mais o que ela poderia ter explicado, posso estar errada né, mas algumas coisas não precisam ser ditas nos livros e podem ser entendidas, quando elas são ditas a proposta muda. Eu tava dando uma olhada nas resenhas e tem diferentes experiências. Mesmo que as pessoas não entendam do ponto de vista psicológico, muitas gostam. Eu gostei de entender o livro da maneira que ele foi escrita, eu acho que pra mim ele se tornou bom assim, eu entendo como um estilo de escrita e que realmente não é todo mundo que vai entender. Assim como tem livros aclamados e q eu não consigo sentir nada e nem entender como muitas pessoas entendem. Enfim, só trazendo essa perspectiva mesmo kkk


Carol 20/05/2023minha estante
Confesso que passei aqui pra ter o seu ponto de vista antes de adentrar em mares desconhecidos...
A parte onde você disse que não gosta de ter sua inteligência insultada é bem real comigo, isso acaba com a minha experiência de leitura. Apesar disso decidi dar uma chance pra Ferrante, só não será com esse livro.


Alê | @alexandrejjr 21/09/2023minha estante
É uma honra e, antes de tudo, uma responsabilidade muito grande, Carol! Espero que eu tenha contribuído minimamente, já que vi seu comentário quatro meses depois (glória ao Skoob!) dele ter sido feito...


Maroca 10/02/2024minha estante
Discordo da sua colocação sobre o final e a posição dos filhos. Eles eram crianças e não eram inconscientes a dor da mãe, eles eram também vítimas dessa traição, do abandono do pai e das consequências disso. O fato é que naqueles meses de escuridão, eles sofreram pela mãe e pelo pai, mas mesmo assim em vários momentos a gente vê o cuidado deles pela mãe, mesmo quando ela não podia cuidar deles. O que aconteceu depois é porque o pai depois lembrou que tinha filho e queria mostrar que era o pai legal. As crianças só iam pra lá no final de semana(ou seja, nada de responsabilidades, só diversão), lá, tudo era lindo e maravilhoso. Eles se ressentiram pela situação que eles passaram (atribuindo a culpa a mãe) e agora achavam a mãe chata, porque ela ficava com a parte difícil: educar, brigar, disciplinar. Depois eles entenderam . Sobre o final: não é um felizes para sempre, mas ela estava ainda descobrindo quem ela era e o carrano fazia parte daquilo, o carrano faz parte do processo de autodescoberta da Olga e ela não termina necessariamente com ele, mas naquele momento de liberdade que ela tem, ela se permite conhecer outros mundos além do Mário. Acho que é um livro que a interpretação tem que ir além do que é mostrado.




Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

Dias de abandono, Elena Ferrante – Nota 8/10
Elena Ferrante é uma das autoras mais vendidas atualmente e é conhecida pelos seus romances que cativam e prendem o leitor. Não comecei por sua obra mais famosa, a Tetralogia Napolitana (série com 4 livros), porque queria uma obra que estivesse menos no “hype”! A escolha de “Dias de abandono” também foi influenciada por outra obra que li esse ano: “Laços”, de Domenico Starnone (já tem resenha aqui). Isso porque há um inegável diálogo entre os dois livros. Na verdade, como Elena Ferrante é um pseudônimo e sua identidade verdadeira nunca foi confirmada, há suspeitas de que a autora seja esposa de Starnone ou, até mesmo, o próprio autor de “Laços”. Independente disso, fato é que o meu primeiro contato com a autora italiana começou muito bem, mas não terminou da forma que esperava. O enredo gira em torno de Olga, uma mulher que depois de 15 anos casada com Mario, recebe a notícia de que está sendo abandonada. Olga perde o chão. A partir daí têm início os seus dias de abandono, ou melhor, de sofrimento, em um apartamento onde vive com seus dois filhos e um cão. Com uma narrativa em primeira pessoa, o leitor passa a acompanhar os pensamentos de Olga, que a paralisam e são encobertos pelo desespero, medo e angústia. Sim, é um livro perturbador (!!) e, no começo, a personagem de Olga descrita e desenvolvida como alguém que perde o suporte emocional é extremamente interessante. É o retrato da dificuldade de aceitação de uma perda, misturada com o sentimento de tentar se reconstruir e conviver com essa nova realidade. Em algumas passagens, tive a sensação de que a personagem estava delirando e que os seus pensamentos não condiziam com a realidade.

Apesar da inegável qualidade de escrita da autora, que se vale de uma linguagem fluída, crua e econômica, ao final da leitura senti que Ferrante se perdeu um pouco e passou a recorrer a lugares-comuns, terminando com uma personagem exagerada e de certa forma previsível. É um livro curto, mas que traz reflexões sobre relações humanas e sofrimento.

“Tornara-me uma esposa obsoleta, um corpo negligenciado, minha doença é só a vida feminina que ficou fora de uso.”

site: https://www.instagram.com/book.ster/
Carlos Nunes 27/02/2020minha estante
Não gostei desse livro. Minha pior leitura de 2019...


Becca 29/09/2020minha estante
Nossa, eu amei esse livro! Inclusive foi uma aflição! Consegui ver muitas das histórias que me cercam nela. E a intensidade da perda de sentido e de vida vai muito além do fim de uma relação, entrando no campo do que se define para a existência. De fato o fim achei rápido, como uma resolução de calmaria diante do caos. Mas mesmo assim muito bom!


Carlos Nunes 29/09/2020minha estante
Leitura tem muito isso. Nossas vivências e sensibilidade fazem toda a diferença em "sentirmos " o livro. Gostei da escrita, mas sei lá, algo não rolou comigo.


Becca 29/09/2020minha estante
Sim! Super entendo! Tem vários livros que apesar das indicações e de um grande número de pessoas ter gostado, não me tocou. É assim mesmo (ainda bem :)


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
muito bom , Eliana é autora do momento


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
muito bom , Eliana é autora do momento


Fabiane.Fratoni 09/09/2021minha estante
Também comecei por ele e tive a mesma impressão, uma leitura bem fluida, com uma narrativa que perturba demais para terminar de maneira tão rápida.

Ainda quero ler a tetralogia e conhecer mais sobre Elena.


Flávia 06/02/2024minha estante
Eu pensei a mesma coisa sobre o final. O livro é excelente mas o final foi um clichezão que nem parece ter sido escrito pela Ferrante.




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Caroline 25/01/2021

Incômodo
No decorrer da leitura, cogitei diversas vezes abandonar o livro. Mas ainda bem que não o fiz. Os primeiros capítulos são muito intensos, verdadeiros, cruéis, tudo parece cinza e pesado demais. Tive que me esforçar pra ler esse livro como espectadora, pq me colocar no lugar da Olga era doloroso demais. Não abandonei, também, pq tive a impressão que abandonaria a Olga em meio aquele desespero todo e ela merecia sair disso. Apesar de ser um livro curto, a leitura é intensa, extremamente psicológico. O desespero da principal chega a ser palpável. Não sei se é um bom livro para começar a ler Elena Ferrante, mas não sou nenhuma especialista e nem li tantos livros dela assim. Mas eu não começaria por esse. Por fim, concluo que é um ótimo livro, muito bem escrito e desenvolvido, mas que eu não leria de novo pq chega a incomodar.

PS: Mario se provou ainda mais ridículo no antepenúltimo ou penúltimo capítulo. Meu deus q ódio desse homem
Débora 26/01/2021minha estante
Adorei, Carol! Me deu ainda mais vontade de ler esse livro!!!




bruno 18/11/2023

She lost him, but she found herself and somehow that was everything
A Elena Ferrante se tornou uma das minhas autoras preferidas, sinto que tudo que eu ler dela terei uma boa experiência, mesmo se não gostar muito do livro.

Nessa narrativa seguimos a Olga que após 15 anos com seu marido é surpreendida com o seu marido a abandonando naquele momento, dando início a deterioração de sua saúde mental e a busca de entender onde errou ao mesmo tempo tendo que assumir as responsabilidades de sua vida solteira.

Agonia é a palavra que define esse livro, por tudo que a Olga passou, principalmente ver a sua queda e como tudo pode piorar. Quanto mais vc lê mais compaixão vc sente e torce para que ela consiga se reencontrar.

Pelo Mario só sinto aversão e desprezo. Gostei do final, apesar de achar um pouco previsível, gostei que ela conseguiu se reencontrar e se reinventar. Vale muito a pena a leitura!!!
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Marcianeysa 28/04/2022

Estranho
Esse livro começou bem, mas no meio ficou muito estranho, louco, cansativo. Nem parece a Elena Ferrante da tetralogia napolitana. Uma exceção.
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Yago 06/11/2021

Reconhecer-se e reencontrar-se
Assumo que fiquei enojado com a postura inicial de Olga. Pareceu-me fraca, boba, e até mesmo louca. Não se engane, você também pensará. Fez coisas inacreditáveis, e as deixas de fazer também. Mas... aprendizados.
Por fim, cito uma passagem do livro: "Existir é isso, pensei, um sobressalto de alegria, uma pontada de dor, um prazer intenso, veias que pulsam sob a pele, não há mais nada de verdadeiro para contar".
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Adriana Scarpin 28/08/2021

Nos últimos dias estou com uma intensa crise de ansiedade, os motivos não vem ao caso, inclusive com pesada medicação. E sabe o que está me fazendo ficar razoavelmente calma? O desespero de mulher abandonada de Dias de Abandono da Elena Ferrante, sentir um desespero maior que o meu me faz relaxar, me faz perceber que as coisas não são tão horríveis assim, apesar de fato ser horrível.
Deve ser isso o que chamam de biblioterapia, longe de mim levar a literatura para um lugar de auto-ajuda, mas quando seu coração está prestes a explodir de dor, é reconfortante adentrar uma narração em que a dor que a protagonista sente é tão intensa quanto, mesmo que diferente.
Ah, ainda prefiro a Ferrante do que a versão do Starnone para essa história.
Humberto.Yassuo 28/08/2021minha estante
Nossa, agora estou interessado nesse livro. Espero que fique tudo bem com você.




Mari 14/08/2021

Abandono...
Dias de abandono é sobre abandono, obviamente, mas principalmente sobre o luto de um relacionamento acabado, porque é isso, acabar um relacionamento tem "gosto" de pesar, de morte do amor, das ilusões, de uma parte de si que você deposita sob os cuidados de outra pessoa. Então é desagradável e não é gostoso ler algo assim.

Ferrante, além de talento para a escrita, tem um dom para criar personagens e narrativas que me incomodam. Eu nunca consegui finalizar a tetralogia napolitana por causa do ranço (ojeriza mesmo) do Nino Sarratore (bate aqui quem também não gosta desse chernoboy). Não queria que acontecesse, mas não me surpreendeu quando comecei a antipatizar a tudo e a todos neste livro.

Se for encarar essa leitura vá ciente que a escrita é belíssima, porém indigesta. Você compreende a dor, entende que no lugar da protagonista estaria em frangalhos provavelmente, mas mesmo assim vai sentir uma certa resistência e uma vontade de se afastar dessa mulher amargurada e de tudo que vem dela... os vizinhos, o marido, os filhos... Você vai querer terminar porque está envolvido pela brutalidade que vem das palavras e que é tão dolorosa quanto a brutalidade que te acerta com um tapa, porque é um livro bem escrito, porque é fluido, porque te prende, porém você vai se sentir ofendido às vezes e acho que esse era parte do objetivo.

No último terço do livro, para mim, a beleza se intensificou e tudo foi ficando suave, melhor, mais fácil, agradável até. Eu fui gostando mais à medida que Olga melhorava e resgatava a própria vida. Só não gostei muito do final. Não cabe a mim querer nada, mesmo assim digo que queria algo levemente diferente. Não me decidi se foi clichê ou não, mas sei que foi conveniente e talvez seja isso que me cortou o clima. Talvez tenhamos conveniências demais na vida para aceitar que nos livros a vida também tem um fluxo e você não tem muito controle sobre ela, apenas está no barco tentando fazê-lo não virar.
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Luciana 07/01/2022

Um livro curto que começa bem, depois fica cansativo e para o final volta a melhorar.
Não consegui me conectar com nenhum personagem, achei todos chatos, inclusive as crianças, só o cachorro se salva.
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pineberry 07/11/2021

Dias de abandono
É só o segundo da escritora que leio, mas esse eu gostei mais. É bem caótico, você fica agoniado quase o tempo inteiro, mas é muito profundo e você se sente ali na pele da Olga, sofrendo por ter sido largada pelo marido de anos sem absolutamente nenhum aviso ou indicação de que isso ia acontecer e tendo que tocar a vida, cuidar dos filhos e cachorro ao mesmo tempo em que tenta lidar com esse baque.
É típico romance da Elena Ferrante: a narrativa pesada, bem descritiva, identificável em certos pontos. Mas é aquela coisa... não tem grandes acontecimentos e plots e isso já significa que não é pra qualquer público.
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Sabrina758 15/02/2022

Para mim, esse livro retrata a história de uma mulher em um momento catártico, após o abandono de seu marido, onde ela não só passa pela dor de ter sido deixada e ser substituída, quanto pelo reconhecimento da estrutura que a oprime. Olga, como tantas de nós, é uma mulher que deixou sua vida, seus sonhos e objetivos em segundo plano para cuidar de sua família e apoiar os sonhos e carreira do marido. Em alguns momentos podemos ter um vislumbre de sua infância, um pouca da relação agridoce com sua mãe e, sobretudo, a vizinha que fora abandonada, na qual Olga rechaçou por toda a sua vida de que não seria como ela: indesejada e deixada. Olga passa por um processo extremamente difícil e angustiante, onde tenta entender onde errou, já que se encaixou num molde e criou uma persona perfeita, disposta, solicita e educada e ainda assim foi abandonada. Em todo o processo, ela não só negligencia a si como seus próprios filhos e o cachorro da família, sem amparo algum, enquanto sucumbe e tenta sobreviver ao sofrimento e humilhação. Nessa história podemos observar o quanto é fácil e aceito um homem simplesmente decidir ir embora deixando sua esposa e filhos, enquanto a mesma precisa lidar com tudo sozinha, já sobrecarregada por todos os afazeres da casa e cuidado das crianças. As pessoas não somente entendem o lado dele como reafirmam de que é assim mesmo. É um livro visceral, sufocante e real, onde me encontrei dando várias pausas para respirar. A história de uma mulher que precisou se reencontrar e se reiventar, se reconhecer como pessoa desejante e digna, que tem ambições e sonhos, que é muito mais que a esposa de Mario e mãe de Gianni e Ilaria. Muito além de quem está certo ou errado, quem é bom ou ruim, é sobre se anular para corresponder a algo/alguém e não se reconhecer mais. Intenso e difícil de digerir, com um final que me desagradou pela forma previsível com que terminou. Ainda assim, é impressionante e vale muito a leitura.
bruno 10/09/2023minha estante
vc falou tudo, a resenha icônica




Aylana Almeida 30/05/2021

Angustiante e avassalador!
Que experiência incrível foi conhecer esta obra e adentrar na história de Olga. Com uma narrativa angustiante que prende o leitor até a última página, Ferrante mostra o quanto o abandono pode levar a mente humana ao caos, oscilando entre a lucidez e a insanidade. Uma escrita visceral, que incomoda, causa estranheza e agonia a cada página.

Nesta obra, Ferrante faz jus à fama e a genialidade com a qual descrita!
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André 22/03/2020

Quando a primeira pessoa que se abandona é a si mesmo
Dias de abandono é um livro que traz como tema central o término de um casamento de 15 anos sem motivo aparente. Em mais um dia comum na vida da personagem-narradora, o marido dela comunica a vontade de se divorciar.
O livro traz muitas situações que, para quem olha de fora, seriam absurdas, mas a autora trabalha tão bem os pensamentos da personagem e tudo o que acontece ao redor desta que você passa a pensar como a personagem, passa a ter empatia e compreender algumas das ações mais extremas dela. Ela mostra toda a fragilidade das pessoas frente a mudanças inesperadas. É uma vida toda construída ao redor de um relacionamento, o conhecimento que o casal tem um do outro, a relação com os filhos, as funções dentro do ambiente familiar que acabam sendo divididas / definidas sem uma ordem escrita ou falada, pelo simples consenso mudo entre o casal, que acaba sendo mais um dos exemplos de como a vida a dois pode colocar as pessoas em sintonia. E então, um dia a pessoa percebe que essa sintonia estava desfeita há muito tempo, percebe que o mundo que ela estava enxergando já não é mais o mesmo que o seu parceiro(a) enxerga, e não há nem o tempo para procurar entender ou reavaliar essa situação, pois o pedido de divórcio já está em andamento, e, mesmo que isso fosse revogado, como reconstruir essa ponte entre duas pessoas que descobrem que já não se conhecem mais?

O que tornou esse livro tão especial pra mim foi a forma como a autora descreveu todo o processo de desconstrução da personagem com essa situação, já que, frente a essa atitude inesperada, tem como primeira reação o pensamento de que a culpa desse distanciamento, desse rompimento, seja dela, como se ela estivesse cega para erros que ela nem fizesse ideia que estivesse cometendo. Isso não provoca uma mudança apenas na mente dela, essas mudanças passam a ser perceptíveis externamente, transformando até mesmo a forma de falar, o vocabulário que ela utiliza, e essas mudanças vão se acumulando umas sobre as outras até o momento que caracteriza o ápice (ou seria o fundo do poço?), quando ela já não consegue mais manter o foco no presente, não enxerga mais os problemas que acontecem ao redor dela, passa a divagar e se abstrai de todos os problemas envolvendo a sua família (agora reduzida a seus filhos).

A impressão que esse livro me trouxe foi de um texto nos moldes das grandes obras da Clarice Lispector só que estabelecendo um limite de aprofundamento nos pensamentos da personagem, de forma a trabalhar até um nível suficiente para incutir no leitor o fluxo de pensamentos da personagem e conseguir manter o foco do leitor no que acontece externamente à personagem.
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Maria 22/10/2020

Uma mulher desiludida vivenciando um obsceno abandono
Coincidentemente, há alguns anos escrevi um conto -autobiográfico- com a mesma temática e, assim como no livro da Ferrante, a alusão à obra “A mulher desiludida”, de Beauvoir, não poderia deixar de acontecer :P Embora eu aprecie bastante a escrita da Simone (especialmente em suas memórias), não posso negar que “Dias de abandono” é bem mais “palatável” do que “A mulher desiludida”. Como Ferrante descreve bem os pensamentos/sensações/emoções femininos. Confesso que, embora o livro seja bem curto e, normalmente, o tempo que eu levaria seria de um dia, a autora foi tão poderosa em sua narrativa que as dores da mulher abandonada tornaram-se minhas (hoho). Sendo assim, foram vários dias lendo e “descansando” após alguns capítulos, pois a sensação de claustrofobia perseguiu-me do início ao fim. E, caso o tema tenha realmente agradado, leiam, também, Obsceno Abandono, da Marilene Felinto que, ao contrário da Ferrante e da Beauvoir, aborda a perspectiva da amante abandonada, não da esposa.
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