Luiz Pereira Júnior 16/10/2021
Dorian Gray + A Queda da Casa de Usher + A Ilha do Dr. Moreau +...
Primeiro, um pequeno resumo da ópera: um ator de filmes de ação vive seu declínio e decide fazer uma cirurgia plástica de risco, já que seu único dom como artista é a beleza. Durante o período de recuperação, aluga uma casa mal-assombrada onde mora uma mulher misteriosa com centenas de anos, mas ainda bela e jovem. Ela é a mantenedora da casa, e também a guardiã de um tesouro que proporciona vida eterna a seus admiradores. E quem são esses admiradores? São artistas do passado, que, na época atual, tornaram-se espíritos (mas com desejos sexuais sempre à tona) e que tentam entrar na casa e usar a tal relíquia, no que são impedidos pela dona da casa. Como não conseguem ter seus desejos resolvidos, esses espíritos copulam com os animais das florestas ao redor, dando origem a seres bestiais que vivem pelas matas se alimentando da carne e do sangue dos pobres viajantes incautos. Uma fã obcecada do ator em recuperação decide descobrir seu paradeiro e se torna a detetive do livro, descobrindo onde o ator está e vivendo muitas aventuras até o final redentor.
Dito isso, já deu para perceber uma montanha de chavões: uma relíquia achada em um mosteiro do leste europeu que traz a juventude, mas também a maldição a quem fizer uso de seus poderes mágicos; uma mulher misteriosa que permanece bela por séculos vinda diretamente do leste europeu (como já foi dito), com pele branca como a de um cadáver, cabelos escuros como a noite e faiscantes olhos verdes; uma casa isolada e já condenada à maldição eterna; seres híbridos (meio animais, meio seres humanos) que vagam à procura de carne humana; a presença diabólica no inicio da maldição; e por aí vai.
(Se você está achando a resenha repetitiva, não se surpreenda: o livro é ainda pior.)
Enfim, um livro superestimado, com setecentas paginas (sim, o número de páginas é esse mesmo: redondamente setecentos), que mal daria um argumento para trezentas. O melhor que me vem à cabeça é que o livro daria um risível filme B (ou C, ou D, ou E),
(Importante: as cenas de sexo são horrivelmente grotescas – bem, isso pode ser um atrativo para alguns leitores; afinal, tem gosto pra tudo...)
Vale a pena a leitura? Sempre digo que vale ler qualquer coisa... dessa forma, pelo menos estamos lendo. Mas, ultimamente, tenho repensado meus critérios. Se você achar o livro por um preço baixo, vale se usar aquele critério de uma leitora de Rosamund Pilcher (li isso em algum lugar) que dizia comprar os livros mais grossos porque demoravam mais tempo para serem lidos e ela não tinha dinheiro para comprar todos os livros que queria. Mas se, ao contrário, você achar o livro por um alto preço, invista seu suado dinheirinho em outras obras (cheguei a ver esse livro custando cento e cinquenta reais em algum sebo virtual).
Sabe de uma coisa? O dinheiro é seu, gaste-o como quiser (quem sabe você não terá uma opinião completamente diferente da minha? E isso é ótimo).
Seja como for, para mim, o único mistério do livro é como os descendentes dos atores e atrizes retratados no livro não decidiram impedir a publicação dele. Você consegue imaginar os espíritos de Meryl Streep, Daniel Day Lewis, Glenn Close, Fernanda Montenegro e Paulo Autran transando com animais e dando origem a filhos com três seios, cabeças do tamanho de laranjas, cinco pernas e coisas do gênero? Pois é justamente esse o desserviço que o autor fez a Rodolfo Valentino, Clara Bow, Douglas Fairbanks, Jayne Mansfield, Victor Mature, Greta Garbo...