@retratodaleitora 31/07/2016Lindo, impactante e necessário. Samia é uma criança feliz que vive com a família e vizinhos em uma rotina abalada apenas pelos ecos da guerra, que começou pouco antes de Samia nascer. Ainda muito pequena ela descobre um amor inabalável por correr, o que faz todos os dias na companhia de seu melhor amigo, Alì. Os dois são como irmãos, e juntos correm pela paisagem esburacada e seca de uma pequena cidade da Somália.
Os sonhos de Samia de se tornar uma atleta reconhecida representando seu país em competições internacionais cresce mais e mais a cada dia que passa, especialmente quando encontra uma matéria sobre o campeão Mo Farah em um velho pedaço de jornal, que cola na parede perto de onde dorme, fazendo suas preces silenciosamente para ter um destino parecido com o dele.
Mas conforme vai crescendo ela vê que a guerra em seu país está longe de ter um fim, com as coisas ficando ainda mais difíceis para todos; mesmo depois de ter participado das Olimpíadas de 2008, em Pequim, sua vida não muda muito. Quando uma tragédia acontece em sua família e ela se vê sem as pessoas que mais ama, resolve correr atrás de seus sonhos, como a guerreira que seu pai dizia que era, enfrentando desafios inimagináveis como uma refugiada, nas mãos de traficantes de pessoas, movida apenas pela fé em seus sonhos e a certeza que tudo, no fim, ficaria bem.
"_ Você nunca deve dizer que tem medo, pequena Samia. (...) Caso contrário, as coisas das quais tem medo parecerão grandes e acharão que podem vencê-la."
Em meio à guerra, à pobreza e à destruição, um sonho é alimentando com força e perseverança, com muito suor e muita luta. A história de Samia é real, e é a história de milhares de refugiados que, para escapar da fome e da morte fazem a Viagem para pedir abrigo em outro país, mas que acabam enganados e roubados, muitas vezes tendo suas vidas interrompidas.
Essa foi uma leitura que me prendeu do inicio ao fim, e da qual sempre me lembrarei, pois as mensagens passadas por Giuseppe foram muitas, e ainda ecoam em minha mente. O leitor aqui se depara com uma cultura totalmente diferente, e o cenário de guerra ao qual nossa personagem está tão acostumada nos parece ficção, mas é o que acontece ainda hoje. A trajetória de Samia Yusuf Omar termina em 2012, mas até hoje muitas pessoas morrem ao tentar procurar um lugar melhor para viver e poder andar nas ruas sem medo.
"Quem sabe um dia poderíamos descobrir as leis que levavam os homens a fazer guerra, e, nesse dia, nós a eliminaríamos para sempre. Seria o dia mais bonito da história da humanidade."
O livro é narrado em primeira pessoa pela visão da Samia, e por sabermos se tratar de um livro baseado em fatos é como se lêssemos a autobiografia da jovem atleta.
E sim, leitores, Samia realmente existiu, e sua breve vida ainda serve de inspiração para muitos jovens e mulheres da Somália, que encontram nela uma referência.
Uma leitura rápida, porém muito comovente. Uma Pequena Guerreira deveria ser lido por todos.
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