O Fantasma de Canterville (Edição Bilíngue)

O Fantasma de Canterville (Edição Bilíngue) Oscar Wilde




Resenhas - O Fantasma de Canterville


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Jamerson.Alves 24/08/2020

Aquele conto para se ler à tarde
Um conto engraçado e peculiar sobre a vida de um fantasma de tradição que não consegue assustar uma família moderna. Uma ótima leva para deixar uma ressaca literária de lado.
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Maria Faria 19/06/2016

O fantasma assustado
Oscar Wilde foi importante escritor, poeta e dramaturgo de origem irlandesa. Nasceu em 1854 e viveu até 1900, sendo um artista influenciado pela Era Vitoriana, período da história no qual a rainha Vitória reinou sobre a Inglaterra, época muito importante na história inglesa marcada por grande desenvolvimento econômico e industrial. Apesar da perseguição aos artistas que se opunham ao regime vitoriano, o período foi marcado por igual desenvolvimento artístico e cultural com tendência ao reflorescimento do gótico sob a forma do neo-gótico. Nesta época eram cultivados hábitos que hoje seriam facilmente classificados como sombrios, como fotografar parentes e amigos depois de mortos e até mesmo juntar-se a eles durante o registro, como forma de homenageá-los. Era muito comum na Europa deste período o fenômeno das mesas girantes, um tipo de sessão espírita muito popular.

Apesar da mais famosa obra de Wilde ser O Retrato de Dorian Gray, resolvi conhecer sua escrita através do conto O Fantasma de Canterville. Com um estilo bastante influenciado pelos acontecimentos do período em que viveu, o autor construiu um enredo que critica os ingleses, americanos, hábitos e costumes da época.

O Sr. Otis compra uma antiga mansão que por muito tempo abrigou a família Canterville, mesmo sendo advertido de que lá havia um fantasma terrível que assombrava os moradores e causava tragédias diversas na família. O temível fantasma é Sir Simon de Canterville que assassinou sua esposa Lady Eleonore de Canterville em 1575. Lady Eleonore foi assassinada simplesmente por ser considerada sem graça e não possuir habilidades domésticas como cozinhar e engomar as roupas de seu marido. Simon viveu por nove anos após assassinar sua esposa e desapareceu misteriosamente sem que ninguém encontrasse seu corpo, mas seu espírito permaneceu no local assombrando e arrastando correntes por trezentos anos.

Mesmo com uma ameaça sobrenatural a família Otis não se amedrontou. Composta pelo Sr. e Sra. Otis, o filho mais velho Washington, a filha Virgínia e dois filhos menores gêmeos, a família era materialista demais para dar importância a fenômenos fantasmagóricos. O primeiro sinal do fantasma era uma mancha de sangue no meio da sala, conservada ali desde o assassinato de sua esposa que foi prontamente removida por Washington com um produto americano inovador assim que entrara na mansão. A remoção da mancha deixou Sir Simon irado e ele não se envergonhou em utilizar as tintas de pintura de Virgínia, sem que ninguém soubesse, para renovar a mancha a cada noite. O fantasma tentou assustar a família arrastando correntes, aparecendo de formas assustadoras, mas o máximo que conseguiu foi ganhar um lubrificante para minimizar o barulho das correntes e tornar-se o principal motivo de chacota dos gêmeos. Aliás, os gêmeos foram os principais responsáveis por inverter o papel de assustador no conto de Oscar Wilde, o fantasma de Canterville deixou de ser motivo de sustos e terror para transformar-se em um fantasma assustado, com terrível medo dos gêmeos e depressivo por não conseguir desempenhar bem seu papel de fantasma.

Estava decretado o fim de seu ofício e não vendo mais saída, o fantasma do Sir Simon precisava encontrar um novo caminho. Ao final do conto, Virgínia assumirá papel importante em auxiliá-lo a sair da enrascada em que se envolveu com a família Otis.

Um leitor buscando distração encontrará grande diversão no conto, pois é com grande maestria e graça que Wilde transforma os humanos em assustadores para um fantasma. Entretanto, estão implícitas muitas críticas aos costumes e crenças da época. O espiritismo é duramente criticado na obra de Wilde ao apresentar um fantasma incapaz de convencer e assustar uma família materialista. Em determinado ponto do texto o autor narra a aparição do fantasma reforçando que no ambiente não havia conversação ou requisito primário de expectativas receptivas que com frequência precediam aparições de fenômenos psíquicos, fazendo uma alusão aos fenômenos das mesas girantes. A crítica aos hábitos e materialismo americanos e também à tradição e manias inglesas se revela em várias frases do conto, sendo explícito que Wilde criticava o que havia de mais marcante em cada uma das sociedades.

O conto é uma ótima sugestão para começar a conhecer a obra deste autor, mas a edição que li no Kindle publicada pela editora Landmark deixa a desejar em revisão. No texto há frase iniciada sem letra maiúscula, nome de personagens com “y” e noutra parte com “u”. O nome da família ora é descrito como “Otis” ora é apresentado como “Ortis”. É um texto curto com tantos erros de revisão que em algumas palavras faltam letras ficando a critério da imaginação do leitor completá-las. Arrependi de comprar esta edição e lamentei não ter comprado o livro físico que continha outros contos do autor.
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