O Ardor

O Ardor Roberto Calasso
Roberto Calasso




Resenhas - O Ardor


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Ricardo 09/08/2017

O Espírito em Chamas
O Ardor foi um dos livros mais excepcionais que já me passou pelas mãos - ainda que boa parte do meu entusiasmo possa ser atribuído às conexões que encontrei com os assuntos que ando estudando atualmente (experiências místicas, relações entre matéria e espírito, arquétipos e inconsciente coletivo).

Roberto Calasso nos apresenta uma cultura que passou pela Terra sem deixar qualquer rastro, exceto palavras, centenas de milhares delas, dispostas em versos que compõe o primeiro livro sagrado da história humana, Os Vedas - o Saber.

Através de suas páginas, nos deparamos com uma sociedade que alcançou um grau impressionante de complexidade intelectual, fato tanto mais surpreendente para nós ocidentais quando relacionado a ausência de uma civilização material erguida por eles. Nem um prédio, nem uma casa, nada além de textos. A ausência absoluta de artefatos arqueológicos dessa gente não se deve a fragilidade material ou as condições do ambiente, tampouco à idade recuada em milhares de anos. Semelhante a mentalidade oriental ainda presente na outra metade do mundo, eles viviam exclusivamente para o mundo espiritual, e portanto vagavam como nômades sem construir templos ou edificações. Viviam para o sacrifício aos deuses, em rituais complicados realizados por horas ou dias ou anos inteiros ao redor de altares provisórios erguidos no meio do nada. Viver para evitar a fúria dos deuses era sua única preocupação, tema explorado por Calasso nessa obra que explode erudição a cada parágrafo.

Não diria que é uma leitura obrigatória a nós brasileiros, tão distantes no tempo e no espaço, mas para os amantes do orientalismo, do sagrado, estudantes de psicologia ou história, é diamante para o cérebro.
João Mamedes 25/01/2018minha estante
Excelente resenha, Ricardo, fico triste ao ver que poucos leram este livro.


Ricardo 25/01/2018minha estante
Muito obrigado João. Topei com esse livro totalmente por acaso na livraria, e também não entendo porque ele não é mais conhecido. Foi minha melhor leitura de 2017.




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