Hebert Braz 10/01/2020
Insosso
Esse foi o primeiro livro do meu projeto Leitura Independente que comecei esse ano. Infelizmente, não curti muito esse livro.
A ideia da trama é realmente muito boa, uma rapaz com o poder de fazer qualquer um a sua volta ser sincero, desde que ele mesmo o seja. Então, cansado da rotina maçante, ele resolve fazer o "bem" e desmascarar um famoso político da cidade.
A impressão que eu tive durante toda a leitura foi que o autor reuniu vários ingredientes para um prato incrível, mas só jogou tudo na panela, misturou e serviu, sem temperar absolutamente nada.
Os personagens são rasos, mal desenvolvidos, e só são inseridos na trama para o protagonista poder dar seus chiliques, que aliás, são muito infantis e forçados. Sério, os personagens secundários vivem cruzando o caminho do protagonista nos momentos mais convenientes pra ele, por exemplo, a Carla. Gente, essa menina não faz outra coisa a não ser chorar e ficar implorando pro namorado. Além disso, o romance deles é algo do tipo "não quero nada com ninguém, mas olha só, encontrei o amor da minha vida aqui no bar aleatoriamente, então vamos morar junto a partir do próximo capítulo".
O drama entre o Léo e os pais também foi construído de forma bem simplista, sem carga dramática alguma. Ele simplesmente repudia a mãe o livro todo. E, aparentemente, a única coisa que a mãe dele faz da vida é ligar pro filho e aparecer de táxi na porta dele.
A motivação do protagonista é muito mal fundada, justamente por ser baseada em um "trauma" familiar que não convenceu, e só fica pior quando a gente chega no final e descobre que, na real, era só o Léo dando pitaco na vida alheia mesmo.
Agora, sobre a trama principal, todo o arco da investigação política, esse foi no mínimo interessante, mas muito enrolado. Eu entendi que o autor quis provar um ponto sobre fanatismo político, mas precisava fazer isso da forma mais simples possível? Dois partidos, o azul e o vermelho. Dois colegas de trabalho que vivem debatendo entre si e, é claro, ambos hipócritas.
A parte final, do conflito direto entre o Léo e o vereador, foi bem anticlimática. Umas perseguições nada a ver, muito cara de filme blockbuster holllywoodiano, sendo que o Léo é um zé ninguém a história toda, e no fim ele estava quase um Jason Bourne.
Enfim, não achei a história de toda ruim, tanto que dei duas estrelas. Tinha muito potencial, mas o autor só construiu a linha narrativa do protagonista e deu zero profundidade para todos os outros personagens, o que tornou a trama simplória e mal construída.