Maria - Blog Pétalas de Liberdade 08/08/2016Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeAcesse o blog para ver fotos do livro e detalhes da edição.
"A mamãe é rock" é um pequeno livro de crônicas divertidas, reflexivas e de leitura rápida. Os textos de Ana Cardoso, mãe de duas filhas, giram em torno não só da maternidade, mas do que acontece quando convivemos com crianças, das alegrias e dificuldades por quais passamos. Não tenho filhos, mas moro na mesma casa que a minha sobrinha de cinco anos, então, acabo participando um pouco dessas situações.
Digo "um pouco", porque não sou mãe e, por isso, não carrego o peso que a sociedade coloca nessa palavra. O livro de Ana traz a maternidade sem romantizá-la, algo de extrema importância para que paremos de exigir perfeição e não querer ver as dificuldades e o enorme trabalho que ser responsável por um ser humano em fase de crescimento traz.
"Chorei muito depois que as minhas filhas nasceram. nem sempre foi de felicidade. Muitas vezes foi de desespero, de não saber o que fazer. De solidão, de frustração.
Felizmente, um sopro feminista vem libertando não só a mim, como a diversas mulheres que perceberam que não estão sós. Podemos ser honestas com nossos sentimentos e admitir que a mensalidade do clube das mães é mais cara do que dizem por aí." (página 20)
A minha crônica preferida foi "Só a metade", onde a autora questiona sobre em que momento a autoestima feminina é massacrada, enquanto a masculina continua crescendo, trazendo dificuldades para que nós, mulheres, reconheçamos nosso valor, nosso potencial e nos orgulhemos de nossas conquistas, e essas dificuldades proporcionam a inferiorização, o sofrimento.
"O que me falta e o que eu desejo para minhas filhas e para todas as outras meninas é muito simples: apenas a metade da autoestima de um homem branco médio. Mas, se possível, o dobro. Tô trabalhando nisso, e você?" (página 43)
Deve ser muito, muito doloroso para uma mãe ou um pai ouvir que aquela criança que eles tratam com tanto amor, que admiram tanto a cada conquista, é menos inteligente e se tornará um adulto menos capaz apenas pelo fato de ser uma menina e não um menino.
"O papo estava ótimo até que o pai falou: 'Tô meio perdido, tenho problema para me localizar', e concluiu: 'Eu tenho esse lado feminino'.
Não precisei conferir o meio das minhas pernas para saber que estávamos no Campo Limpo. Fiquei chateada com a colocação dele, que certamente não viu nada de mal ou de errado no que falou. De onde as pessoas tiram essas coisas e, o mais importante, quando vão parar de reproduzir essas bobagens? (...)
Não é justo que as meninas sejam obrigadas a crescer ouvindo essas e outras tantas bobagens sobre nós sermos mentalmente incapazes ou inferiores." (página 69)
Garanto que, mesmo que você não conviva com crianças, vai dar boas risadas de algumas situações ou se lembrar de quando você é que tinha menos de dezoito anos e colocava os seus pais em situações complicadas ("A festa das bruxas é uma das mais engraçadas).
A edição da Editora Belas Letras está muito linda, capa bonita e com cores vibrantes, muitas ilustrações e detalhes, margens, letras e espaçamento de bom tamanho e ótima revisão. Postei lá na página um jogo dos sete erros, cliquem aqui e vejam se conseguem solucionar. E tem a Malala Yousafzai, uma das pessoas que eu mais admiro, logo no começo!
O marido da Ana, Marcos Piangers, também escreveu dois livros de crônicas sobre sua família: "O Papai é pop" e "O Papai é Pop 2" (lançados antes do livro da Ana, eu acho), uma boa sugestão para quem gostar do livro dela e quiser ler mais sobre essa família rock/pop.
"Prefiro a liberdade e o risco, porque a vida é assim, cheia de pessoas prontinhas para empurrar com força o gira-gira quando estamos distraídos. Prefiro estar junto nas primeiras vezes que isso acontecer, porque vai acontecer." (página 97)
"A mamãe é rock" é um livro que eu gostei bastante de ler e que eu recomendo para todo mundo! Todo mundo mesmo! Acho que não tem como não gostar dele! É um livro para você levar na bolsa e ler aos poucos nos intervalos, para ler depois de uma ressaca literária, para rir com as partes engraçadas, se emocionar e refletir com as partes sérias. Independente de quem você seja, certamente vai ter algo acrescentado à sua vida com a leitura (nem que seja uma forma de conseguir chamar a atenção das crianças quando elas não desgrudam da TV/internet [tá lá na página 89 e funciona também com adultos]).
Dica final: se você gostou de/se interessou por "A mamãe é rock", também vai gostar de/se interessar por outro livro resenhado recentemente no blog: "O ano em que disse sim" da Shonda Rhimes.
site:
http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/08/resenha-livro-mamae-e-rock-ana-cardoso.html