pitypooralfie 03/03/2024"Será que o dedo da morte precisa vez por outra pousar sobre o tumulto da vida para não sermos despedaçados? Será que somos feitos de tal forma que devemos provar da morte em pequenas doses diárias para poder levar adiante a empreitada de viver?"
"A memória é a costureira, e por sinal bastante imprevisível. A memória faz correr a agulha para dentro e para fora, para cima e para baixo, para cá e para lá. Não sabemos o que vem a seguir, ou o que virá depois. Assim, o mais banal movimento no mundo, tal como sentar-se a uma mesa e puxar para perto o tinteiro, pode agitar mil fragmentos díspares e desconexos, alguns brilhantes, outros obscuros, pendurados, balançando, mergulhando e tremulando como as roupas de baixo de uma família de catorze membros presas a uma corda durante forte ventania."
Uma escrita brilhante, linda, envolvente e incrivelmente poética. Acho que todos os elogios que eu consiga reunir não farão jus ao brilhantismo da Virginia Woolf. Um livro relativamente curto reuniu tanta coisa, tantos fragmentos importantes e ainda atuais... Foi uma delícia ler a saga de Orlando e, apesar de eu ter sentido uma "queda" a partir do momento em que ela publica o livro, não deixei de me deliciar com a inventividade desse livro.
Como primeiro romance da autora, acho que essa foi uma escolha acertada pra mim. Fiquei muito impressionada, um tantinho mais apaixonada e com muita vontade de ler tudo o que a Virginia produziu.