O quarto de azulejos

O quarto de azulejos Tonho França




Resenhas - O quarto de azulejos


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Mih 17/11/2018

Um livro que transborda alma
O Quarto de Azulejos é dividido em duas partes: Sobre a Nudez das Paredes e Olhares Para Além do Dia a Dia. Ao todo são 62 poemas. A poesia de Tonho França, que aborda temas diversos, é íntima, cheia de significados. O poeta abre a porta de seu quarto para que contemplemos o mundo desde sua perspectiva.

Os poemas exalam amor, tristeza, solidão, e falam de eternidade. Nos deparamos com uma poesia que nos deixa um gosto de recordações, de desejo por um amanhã melhor, como podemos ver em "Caminhos" (p.24):



"[...] quem sabe, amanhã, um café, um cigarro/ ou até um tango argentino/ um verso novo, a brisa do mar.../ e me levante mais cedo/ ame mais cedo/ me perceba mais / e até sorria/ colhendo pelas calçadas/ auroras de poesia"


Podemos ver, muitas vez, um eu-lírico desprovido de esperança, mas que ao mesmo tempo quer acreditar "na eternidade do que não vê".

Os poemas de Tonho França cantam as memórias vividas com um gosto de noite e falam das diversas faces do eu-lírico, de uma alma que não é feita de uma coisa só, mas de várias. Eles se limitam, principalmente na primeira parte (Sobre a Nudez das Paredes), à subjetividade da voz que os canta e mostram as cores neutras que compõem sua alma. Não é uma poesia que fala de problemas alheios, mas das aflições do próprio ser, de seus sentimentos a respeito de algumas coisas. Nos sentimos como se o poeta rasgasse o papel de parede de seu quarto e mostrasse o que há por trás dele.

Na segunda parte (Olhares Para Além do Dia a Dia), já não ficamos reclusos à alma, aos sentimentos, do eu-lírico, conseguimos enxergar as coisa lá de fora, é como se ele nos conduzisse a uma janela e pudéssemos contemplar situações e objetos que se transformam em poesia, tiramos os olhos da sua alma para olhar o que há nas outras.

Aqui, as coisas cotidianas ganham outro tom e os poemas, muitos deles, adquirem uma estrutura irregular, formando, muitas vezes, o objeto/elemento do qual falam. O autor brinca com as palavras, tanto em um sentido estrutural como fonético, construindo poemas visuais, sensoriais. As coisas são despidas do que aparentam ser para mostrar a sua essência.

Realmente vemos as coisas além do que elas aparentam; as pessoas, os objetos, ganham sentidos que só mesmo uma pessoa revestida de poesia poderia ver e, sobretudo, escrever.

A poesia de Tonho transborda alma, é íntima, e nos convida a entrar, de corpo e alma, no Quarto de Azulejos e sentir e ver do que ele é feito.

site: https://eusouumpoucodecadalivroqueli.blogspot.com/2018/11/resenha-o-quarto-de-azulejos-tonho.html
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