Carous 14/07/2017Leiam, comprem exemplares e deem de presente pros amigosTem uma história maravilhosa? Tem, sim, senhor. Tem personagens encantadores? Tem, sim, senhor.
De todos os livros que li recentemente com uma versão atualizada de A Bela e a Fera, Hunted é o que considero o mais bem feito. Fico feliz que todos tentem contornar o problema principal que é romantizar a Bela ser refém da Fera da versão original (francesa) e do filme da Disney, de 1991, mas acabou que todos eliminaram um ponto problemático para colocar novos. Exceto Hunted.
Não sei quanto aos outros escritores, mas a inspiração de Meagan Spooner não surgiu quando o projeto de live-action da animação foi anunciado. Na parte de Agradecimentos – primeira vez que li isso na vida porque eu simplesmente não queria largar o livro de jeito nenhum! – ela nos conta um pouco do processo. No fim das contas, a animação da Disney foi o suficiente porque escrever um livro a partir dessa história foi uma ideia que ela teve quando era criança. Começou a rascunhas os primeiros capítulos aos 20 e poucos anos até que considerou aquilo tudo uma grande bobagem para seguir em frente.
Felizmente para nós, ela mudou de ideia.
Eu acho muito difícil resenhar sobre livros que amo. Normalmente só quero escrever o que senti (fangirling) e colocar em letras garrafais: LEIAM, POR FAVOOOOR!!!! (Mas, sério, leiam este livro, por favor. E aconselhem seus amigos e inimigos a fazerem o mesmo).
Aqui a Bela se chama Yeva. Desde o começo do livro ela dá sinais de que se sente só mesmo quando está entre amigos e família. Esse detalhe é muito importante para entender a conexão entre ela e seu capturador. Yeva sente que não se adapta ao mundo na cidade, às etiquetas, às conversas da nobreza e a caça por marido. Bem parecido com o sentimento de não pertencimento da Bela do filme de animação, não? Ela sente falta de caçar, de estar na floresta montando armadilhas para pegar animais, de usar suas armas de caça, de não precisar usar vestidos longos e penteados complexos.
O livro é narrado em 3ª pessoa, exceto no começo de cada capítulo que muda para 1ª pessoa afim do ponto de vista da Fera ser mostrado. Não são longos - raramente têm duas folhas -, mas são essenciais porque quebram a mesmice do livro. Salvo nesse momento, a história é centralizada unicamente em Yeva, sua vida e seus sentimentos em relação a todos os eventos. A Fera só aparece quando está com ela – sem que o que se passa em sua mente seja exposto -. Esse artifício da Meagan nos leva a formar uma opinião sobre a criatura e simpatizar ou não.
A história não tem nenhuma reviravolta. Isso pode decepcionar o leitor fanático por aventuras. Eu particularmente não vi nenhum problema do livro seguir a versão francesa, da animação e do live-action: Fera foi enfeitiçada e Bela é a única capaz de libertá-lo. É isso, essa é a história. O que diferencia das demais é a inserção do folclore russo.
Se o leitor está esperando algum plot twist, que a máscara de algum personagem caia, não espere.
Apesar de se sentir um peixe fora d’água, Yeva é muito amada por sua família composta pelo pai e suas duas irmãs mais velhas. De novo, diferente da versão original, as irmãs não são personagens fúteis que tornam a vida da personagem desagradável. Não, elas são muito unidas e jamais fariam algo para machucar a outra. Yeva as menciona sempre com muito carinho e entra em conflito pensando no bem da família quando está aprisionada no castelo da Fera embora ali ela esteja livre das etiquetas, das conversas e das roupas requintadas.
A má notícia é que não existe versão traduzida para o português deste livro, e eu não faço ideia se alguma editora comprou os direitos para fazê-lo. Eu espero que sim. Honestamente estou quase traduzindo eu mesma e batendo na porta das editoras para implorar que publiquem aqui no Brasil.
Porém no site da Saraiva tem como encomendar a versão em inglês. Se você leu a resenha, se interessou e sabe inglês, compre sim e divirta-se. Verdade que não teremos Yeva e Fera dançando no salão de festas ao som de “Sentimentos são”, mas temos o epílogo que vale mil cenas dessa.
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