Manhã de Sol Florida, Cheia de Coisas Maravilhosas

Manhã de Sol Florida, Cheia de Coisas Maravilhosas Alecio Faria




Resenhas - Manhã de Sol Florida, Cheia de Coisas Maravilhosas


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Clube do Farol 08/08/2022

Resenha por Elis Finco @efinco
Esse livro foi um dos desafios da minha TBR (Livros para ler) na Maratona literária de Inverno. Ela atendia a dois dos desafios, o primeiro - pontuação no título Manhã de Sol Florida. Cheia de Coisas Maravilhosas. E o segundo - história que se passa em momento histórico marcante. Essa história acontece nos anos 70, em plena ditadura militar.

Confesso não ter me apaixonado pela sinopse, mas assim que comecei a ler tive certeza que não iria abandonar a leitura, que rendeu boas surpresas. Logo no começo o livro mostra uma história nada clichê e com muito conteúdo.

Outra coisa surpreendente foi a quantidade de conteúdo em poucas palavras e a desenvoltura do autor em fazer o leitor interpretar a história de maneira quase inconsciente, ir preenchendo as lacunas entre as linhas da história sem deixar que com isso o livro tivesse uma queda no rendimento da história e da leitura.

Ao indicar esse livro já diria que só de pensar em toda cultura histórica do livro e alguns fatos de época já valeria a leitura desse livro. Que começa apresentando alguns personagens e uma rotina até então comum num dia-a-dia de um operário morador de áreas periféricas, várias pequenas curiosidades de Montevidéu e dos gostos dos moradores do local. Também nos apresenta o protagonista Miguel e como a vida pode seguir numa rotina sem cores e até sem vida, preso a rotina e aos horários da vida cotidiana.

Eu sinceramente comecei a notar pequenas peculiaridades no personagem principal e a cada novo capítulo o tom da história entra num crescente ascendente, mais conteúdos e detalhes são acrescentados de forma tranquila deixando a leitura muito prazerosa; as voltas que a vida dá, que levam Miguel ao RJ, são muito bem escritas e verossímeis, em especial pelas notas de rodapé. Um tom pessoal que explica a paixão pelo RJ e encerra um ciclo. Após uma passagem interessante de tempo que diz mais que muitas páginas escritas.

Esse salto no tempo para mim foi meio chocante porém antes do choque passar veio o entendimento e o aplauso a esse que foi um recurso muito bem empregado. Porque? Simplesmente o autor poderia ter escrito diversas páginas de “nada” apenas para narrar a vinda de Miguel ao Brasil, sem narrar nada especialmente relevante a história. Porém ele deixa apenas os fatos realmente importantes ou detalhes que deveriam ser insignificantes, mas dizem muito.

Aninha, ou Ana Clara surge na história de uma maneira tranquila, assim como os outros personagens que aos poucos ganham destaque. O modo como o autor conta um pouco a cada momento de um personagem em destaque faz com que o conhecimento venha de forma tranquila, porém extremamente marcante a ponto de te deixar cada vez mais próximo do personagem e da história. No entanto a sensação é de um personagem fictício caminhando no mundo real e algumas vezes, de tão bem escritos, o real e o imaginário se fundiam e confundiam deixando a leitura muito agradável e com aquela dúvida de onde termina o real e começa o imaginário instigando ainda mais a leitura.

E a crescente da história só aumenta com a entrada de Ana Clara Pernambuco na história, o romance dos personagens seguem um tom crescente de uma forma muito real e também como o amor é. Trazendo aquele sorriso bobo, cores no mundo que pareciam não estar lá antes e aquela sensação ruim que me deixou angustiada achando que toda essa felicidade não vá durar. Porque além das lentes rosas do amor existe a realidade. A realidade dos morros cariocas, fatos históricos como o surgimento do Comando Vermelho, o terror do submundo do governo militar, da tortura e das cores em preto e branco, da traição e da tortura.

Ana Clara é fundamental para a história, porém o pouco romance na história deixa o livro ainda mais interessante. E o final... eu terminei o livro com o coração na mão e no fim aquele suspiro de quem diz... WAW, o final me conquistou, porque me preparou para algo e me surpreendeu com um final ainda melhor. Estou realmente encantada com todas as surpresas que esse livro me trouxe. Não é uma história de amor fofa, mas é uma história de amor que facilmente seria verdade no mundo que vivemos.

Sobre o livro
Notei logo nos primeiros capítulos, que esses sendo curtos facilitam a leitura e algumas palavras correntes da época dão charme ao texto.
Outra coisa digna de nota são as frases escritas na língua do protagonista e traduzidas no rodapé, achei um charme fantástico a história. Sem falar em papel amarelo de uma qualidade incrível, letras num tamanho ótimo para leitura. E passagens sobre Tim Maia e sua carreira.

site: http://www.clubedofarol.com/2017/08/resenha-manha-de-sol-florida-cheia-de.html
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Liana 09/08/2016

Amei!!
Miguel, um uruguaio quase na meia idade, apaixonado pelo Rio de Janeiro, aprende sozinho e por curiosidade o português, o que acaba abrindo novas oportunidades em sua vida e grandes mudanças também. Em um dado momento, ele acaba envolvido numa perigosa trama e passa por situações bem difíceis, porém, encontra um refúgio acalentador...

Por ser carioca, me diverti muito estando ambientalizada com o cenário da história. Fiquei surpresa e adorei as questões sociais levantadas pelo autor de forma tão clara, "mandando a real", sem manchar ou romantizar.
Tudo muito interessante. Gostei demais do enredo, dos personagens, da conexão Rio-Montevidéu, das "conspirações" e aventuras vividas por Miguel. Ri e chorei, fiquei tensa em alguns momentos e aprendi bastante! O livro é rico em informações gerais... Ditadura, artistas, política, meio ambiente, negócios escusos, favelas, migração entre estados, trabalho, amizade, traição e amor... Tudo muito bem encadeado e instigante. Simplesmente, amei! Super recomendo a quem interessar.
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Rafaela.Debastiani 09/02/2017

O livro Manhã de Sol Florida, Cheia de Coisas Maravilhosas, do Alécio Faria (título gigante!) conta a história de Miguel Martínez, um uruguaio que parece ser suuuper chato, que não gosta de viver, cuja vida é só casa-trabalho, doce de leite, vinho e o sonho de conhecer o Rio de Janeiro.
O começo do livro eu achei meio enrolado e confuso, com algumas passagens de tempo não muito claras e apresentação de personagens de forma um pouco desconexa. O livro se passa no final da década de 70, em meio à ditadura militar no Brasil e no Uruguai. Miguel realiza o sonho de ir para o Rio, mas não se adapta muito bem a cidade, e apesar de estar aonde sempre sonhou, continua vivendo a vidinha casa-trabalho (doce de leite e vinho). Até conhecer a Ana Clara. Ana Clara é ambientalista, jornalista e responsável pela ONG Babilônia Azul, uma pessoa totalmente diferente do Miguel. Cheia de vida, sem medo de “mexer em vespeiros”, e capaz de mudar totalmente a vida de Miguel.

"“Sonhar só pode ofender aos que não sonham” – falou ele, parodiando os trejeitos de Lorde Cigano, no filme. Ela sorriu boníssima, com o namorado tentando alegrá-la."

Quando a Ana Clara entra na história, o livro começa a ficar muito interessante e é difícil de largar. O Miguel e a Ana Clara começam a investigar casos de contaminação de água e relacionar a indústria de bebidas na qual ele trabalha (esses casos de contaminação realmente aconteceram). O desenrolar da história é relacionado a essa investigação, na qual questões ambientais, denuncia de uma grande empresa e a ditadura militar se sobrepõem.
Outros personagens secundários, com histórias de vida fortes são envolvidos na trama. E um dos personagens, Monte, realmente existiu (tem uma entrevista com ele aqui). É interessante que o autor conta resumidamente a vida de todos os personagens, como eles chegaram até aquele ponto da história. Outro ponto interessante é que as reviravoltas do livro são bem explicadinhas. Alguns fatos são reais, e as referências estão listadas no final do livro. Uma discussão do livro é sobre o início da água engarrafada e me lembrou desse vídeo do Story of Stuff Project (vale a pena assistir, tem legenda em português!).

Gostei bastante da história, o nome gigante do livro é explicado durante a história (e é super fofa!), e é ótimo conhecer escritores brasileiros. Esse livro foi um dos finalistas do Prêmio Sesc de Literatura 2014.

(pelo post no blog é possível acessar os links citados)

site: https://ohmylivros.wordpress.com/2017/02/09/manha-de-sol-florida-cheia-de-coisas-maravilhosas-alecio-faria/
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