O Vermelho e o Negro

O Vermelho e o Negro Stendhal




Resenhas - O vermelho e o Negro


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Biblioteca Álvaro Guerra 12/04/2019

O livro de Stendhal, nutrido de um humor único, retrata a hipocrisia social que a França estava submetida no término do governo Real. Em muito o autor, que publicou sua obra em 1830, prenuncia o que será A Comédia Humana, de Balzac, que começa a ter seus primeiros escritos em 1829, tornando-se mais abundante no período imediatamente posterior a publicação de O Vermelho e O Negro.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788583180722
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Paulo Silas 19/07/2016

Um obra densa, profunda e arrebatadora. Um romance de peso. Uma história singular, narrada em modo próprio, versando sobre a aspiração de crescimento no meio social. Uma narrativa de como se busca, por meios peculiares (necessários?), pela própria ascensão.

Stendhal (pseudônimo de Henri-Marie Beyle) conta a história de Julien, o filho ambicioso de um carpinteiro que se vê lançado numa condição de várias possibilidades. A sorte lhe sorriu e cabe ao protagonista tomar os passos necessários com cautela para que sua jornada rumo ao êxito logre em resultados positivos.
Julien faz parte de uma classe social baixa, e considerando o contexto social em que a história é narrada (França, pouco após a queda de Napoleão) tal atributo negativo impõe determinadas restrições para o seu intento impetuoso. Por ter sido sempre um leitor voraz, dominante do latim e com o talento de ter decorado todos os trechos da bíblia, pelo qual se torna conhecido, o prefeito da cidadezinha onde vive se interessa pelas suas qualidades, tomando-o em sua casa para ser tutor dos filhos. Tal é oportunidade que Julien vê para alavancar socialmente, pois de uma hora para outra se vê saindo de um ambiente pobre para uma residência nobre. É a partir daí que passará a conhecer nomes da alta classe, estabelecer contatos e colocar em prática o seu almejo de ascender.
O sonho de crescer e ver o seu nome destacado por glórias em batalhas, conquistadas pela espada (o vermelho), se esvai por entender que tal época (império napoleônico) já se foi. O jeito encontrado para tanto é galgar pelo seminário, pela religião, pelos dogmas da igreja, pela vestimenta do manto escuro (o negro). Eis assim que, inicialmente como cura, Julien ambiciona o poderio.
Ao mesmo tempo em que busca alcançar o topo, Julien nutre um desprezo pela sociedade da alta classe. As preocupações da nobreza são mesquinhas, suas reclamações pueris. Mas estes sentimentos são guardados e seguem em segredo, pois Julien conhece bem a arte do jogo. Sabe que o terreno onde pisa é perigoso e através de uma declarada (ao leitor) hipocrisia passa a agir de acordo com a conduta necessária para que suba socialmente.
Os desafios que Julien encontra ao decorrer do livro são diversos: amores (confessados ou não), perseguições, entraves de ego, oportunidades, desafetos - todos estes, ou pelo menos a maioria, precedidos de uma análise estratégica pelo protagonista antes da ação.
Alcançará Julien o êxito pretendido?

O livro é narrado dando ênfase ao pensar do protagonista. Todas as suas estratégias, sua análises prévias, suas observações e suas características próprias no pensar e no agir são esmiuçadas e expostas ao leitor. As descrições de cenários e ambientes ficam num segundo plano.
A leitura flui na maior parte do livro. As poucas passagens que se tornam um pouco enfadonhas se dão em razão justamente do volume das observações feitas pelo protagonista. Em algumas vezes, há certa confusão na forma em que os pensamentos e falas constam escritos no livro, exigindo do leitor (não que seja culpa deste) certa atenção mais acurada em tais passagens.
Os acontecimentos diversos na vida do protagonista, para além de seus pensamentos explicitados no livro, é o que convence o leitor, fazendo com que a leitura seja agradável enquanto mantém sempre acesa a chama da curiosidade sobre quais serão os próximos passos de Julien. O desfecho é também surpreendente. Agradável ou indigesto: cabe ao leitor, ao finalizar a obra, situar o protagonista em um destes adjetivos. Eis o desafio.
Recomendo!
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