Punyama 05/09/2020
"As Ondas quebram-se na praia."
Eu não me sinto suficientemente preparado para fazer uma resenha completa deste livro ? tanto por não ter o fator idade/vivência suficiente quanto porque não conseguiria expressar em palavras o quanto ele é incrível (meu vocabulário não é vasto o suficiente para exprimí-lo) ?, mas vou tentar dizer algumas coisas. Pra começar, devo dizer que ele é um tapa na cara, um tapa seco e sem dó. O livro é narrado por "fluxo de consciência" ? o que só intensifica tudo o que está acontecendo ? e segue a história de 6 amigos, desde a infância até a velhice e morte. Pelo fato de ser narrado em fluxo de consciência não tem como a autora ficar explicando tudo, então ele apresenta várias lacunas onde o dever de supor e preencher é do leitor, e eu vi isso como um ponto positivo. Além de nós, leitores, termos poder criativo, a autora tem mais tempo de se focar no que realmente importa: o desenvolvimento dos personagens através de todas essas décadas. Como muita gente fala, "As Ondas não é um livro de história, é um livro de desenvolvimento de personagens". E isso a Virginia Woolf faz muito bem!
Os últimos 20% foram quase impossíveis de ler para mim. É onde o personagem já está idoso e começa a se lembrar do passado, num momento de reflexão. Nesse ponto a narrativa muda um pouco e o livro fica mais denso, pesado e seco, como que para representar a proximidade da morte, os sonhos que não se concretizaram, os amigos que se foram e toda a dor sentida. É triste ver toda essa amargura, mas é algo necessário.
Bom, este livro se tornou um dos meus favoritos da vida, e com certeza vou o reler daqui alguns anos, quando eu estiver mais experiente, e certamente vou o enxergar de uma forma mais completa.
Quando eu terminei As Ondas eu estava chovendo.