Resenhas - Heróis Urbanos

miri.miri 01/12/2023

Quando é que a justiça se torna injusta?
Pra mim a "justiça com as próprias mãos" no primeiro conto foi vilania (narradora vilã sim ou claro?) [Linchamento violento mds, Raphael Montes tava inspirado]. Mas no terceiro foi heróico "o justiceiro da bicicleta" (olha como a linha é tênue)

Heróis Urbanos é uma coletânea de contos bem balanceada, com alguns contos maravilhosos e outros nem tanto, mas os que são bons, são EXTREMAMENTE bons. Cada conto é de um autor/autora nacional diferente.

1: VOLNEI (10/10)

Raphael Montes é um autor extremamente talentoso, e mais uma vez provou isso! Uma narrativa interessante sobre o cruel "assassino do cadarço", e também uma grande crítica social trazida de forma singela mais impactante.

2: MATERIAL ESCOLAR (3/10)

Esse foi talvez uma crítica social ao sistema educacional do nosso país, porém pra mim não foi tão interessante assim.

3: PASSEIO DIURNO (10/10)

Esse aqui foi claro, simples e objetivo, um jovem rapaz que só queria a justiça, mas acabou elevando o nível e fazendo isso com as próprias mãos (ou própria bicicleta eu diria)

4: HISTÓRIA LACRIMOGÊNICA DE JAMILE (7/10)

Foi tão confuso que quase não chegou em lugar nenhum, não consegui entender, mas foi peculiar e diferente.

5: SEU AMOR DE VOLTA EM TRÊS DIAS (10/10)

Não é um conto pesado nem violento, é até divertido, um homem começa a trabalhar de pai de santo para ficar rico. Ele acaba usando meios questionáveis para ter a fé dos clientes. Foi genial!

6: BESOURO AZUL ENTRE O BEM E O MAL (4/10)

Promissor, mas com um ar de inacabado. Raso.

7: DA GRAVIDADE E OUTRAS LEIS (10/10)

Esse me impressionou muito mesmo, um conto sobre a glória pelo o que não fez, mas também um conto sobre o peso e o poder das palavras. Esse foi forte (aviso: esse tem gatilho de suicídio)

[Os contos de nota 10 foram tão sensacionais que o livro mereceu essa nota geral alta]

Livrendo 28/07/2023

Indico muito.
Me interessei imediatamente pela premissa de “Heróis Urbanos”: pessoas comuns que se revelam heróis apenas por encontrarem maneiras de sobreviver a situações do cotidiano. Além disso, por se tratar de uma antologia escrita por diversos autores (dos quais, confesso, só conhecia três) minha expectativa estava em ver os mais diversos olhares em relação ao tema.

Em “Volnei”, o conto que abre a antologia, uma mulher fala sobre a traição de seu marido ao mesmo tempo em que relembra uma série de assassinatos cometidos contra meninos de 12 a 15 anos. Por ser a narradora uma mulher da favela, Raphael Montes dá a ela uma voz narrativa que se esforça ao extremo para se aproximar da linguagem coloquial, usando palavras e expressões como “mermo”, “casquela” e “sirial quiller”, sem se preocupar com conjugação adequada e outras exigências do texto escrito. De certa forma a estratégia faz sentido, mas o autor exagerou na dose, fazendo com que um texto curto (menos de 30 páginas) soe incômodo o tempo inteiro. A verdade é que quando algo causa estranheza dentro da narrativa, o leitor se descola da leitura, e é isso que acontece com “Volnei” que causa estranheza o tempo inteiro, não permitido uma verdadeira conexão com a obra, já que o texto chama mais atenção do que o conteúdo. Além disso, outra coisa me incomodou, repetindo um dos problemas que eu tive ao ler “Dias Perfeitos”, também do autor. Ao tentar surpreender ao máximo, o desfecho acabou sendo previsível desde o começo. Talvez seja porque eu já tenha lido um conto que adotava uma estratégia parecida, mas o fato é que para mim a identidade do “sirial quiller” era óbvia e as atitudes da narradora exatamente o que se esperava dela.

Em “Material Escolar”, Luisa Geisler apresenta a minha personagem favorita da antologia. A jovem e esperta Carolina, bolsista do ensino médio que, para conseguir um dinheiro extra, acaba desenvolvendo um esquema de venda de provas, trabalhos e afins. “Material Escolar” apresenta exatamente o que eu esperava de “Heróis Urbanos”: personagens que estão fazendo algo errado, mas que, de certa forma, admiramos por sua esperteza e seus recursos. A narrativa intercala entrevistas da própria Carolina com relatos de seus colegas e boatos de fonte anônima, deixando o leitor curioso para saber o que é verdade e o que não é, cogitar até onde Carolina é capaz de ir com suas falcatruas, além de se perguntar onde aquela investigação toda vai dar (e já que o tema da antologia é o cotidiano, nada mais adequado que um conto assim terminar com uma injustiça).

Rubem Fonseca, por sua vez, traz em “Passeio Diurno” o senso de justiça de uma criança. Por contar com menos de 10 páginas a história não chega a ter muitos desdobramentos, mas consegue desenhar a personalidade de seu protagonista.

Já Letícia Wierzchowski é responsável por “Seu amor de volta em três dias”, o conto mais inusitado da antologia no qual um jovem desempregado tem a ideia de virar pai de santo para conseguir dinheiro. E já que os orixás não conseguirão nada para os seus clientes, cabe a ele encontrar métodos terrenos para cumprir o que o “Pai Léo” promete. Em geral, sempre tive experiências positivas com as obras da autora e, por isso mesmo, confesso que o conto me deixou com um gostinho de “esperava mais”.

“Da gravidade e outras leis” é o conto que encerra a antologia e foi um dos meus favoritos. A história é narrada através de um diário no qual um adolescente deslocado no colégio fala sobre as suas tentativas de se reinventar diante do promissor início de um novo ano letivo. Mas seus dramas adolescentes ganham um toque dramático extra quando sua prima de 18 anos vem morar com ele e com a mãe e logo revela ter tendências suicidas. Emiliano Urbim brinca com as expectativas do leitor e é eficiente em conduzi-lo e tirar seu chão quando o conto termina.

A antologia conta ainda com “Besouro Azul entre o bem e o mal”, de Cecilia Giannetti e “A História Lacrimogênica de Jamile”, de Natércia Pontes.

De um modo geral, “Heróis Urbanos” apresenta personagens extremamente humanos que nada mais são do que sobreviventes. Uma premissa sempre interessante que poderia render até outros volumes.

Vale ainda um destaque para as ilustrações de Rascal que complementam a edição ao final de cada conto.

site: https://www.instagram.com/livrendo.tudo/reels/

Kell 26/11/2022

3 estrelas para o conjunto da obra, mas 5 estrelas para o conto do Raphael Montes. Fora o do Raphael, teve mais 1 que gostei muito. Mas ao todo é bom. Não intendi até agora o porque desse título. Mas um dia vou perguntar para o próprio Raphael KKKK

Peleteiro 21/02/2020

Uma grata surpresa
Há tempos não ficava preso num livro de contos, e olha que adoro o gênero. Não costumo gostar de coletâneas e antologias, afinal, gosto de conhecer bem o trabalho do autor que opto por conhecer, e fica difícil quando há apenas um texto seu, normalmente a oscilar bastante de um para o outro. Entretanto, para a minha surpresa, encontrei aqui uma coletânea uniforme e muito bem selecionada.

Rubem Fonseca, mantendo a tradição, traz o carro chefe do livro em seu "Passeio noturno", conto tão fluido e envolvente que você chega a sentir abstinência quando termina. Seguindo os seus passos, Raphael Montes envolve com "Volnei", ao tempo em que Letícia Wierzchowski completa o que seria o meu "top 3" dentre as histórias.

Com narrativas mais juvenis, Emiliano Urbin e Luísa Geisler também trazem interessantíssimas histórias.

Por fim, apesar do final um tanto nonsense, o conto de Natercia Pontes não decepciona, o que não posso dizer de o "Besouro azul entre o bem o mal", de Cecília Gianneti, o qual apresenta uma proposta de vocabulário coloquial, com eventuais palavras incomuns ao dia-a-dia que acaba não cativando tanto.

No geral, uma grata surpresa!

Yasmin Landulpho 02/05/2020

Esperava mais pelos escritores que fizeram parte desse projeto!

Gio Lopes 01/08/2023

Estava com saudade de ler textos do autor Raphael Montes e só por isso fui ler esse livro. ?nclusive não me arrependo gostei muito do conto dele e de brinde li alguns bem legais, mas ainda assim o dele foi o meu preferido.

Apenas tenho que ressaltar que a linguagem utilizada não precisava ser tão forçada, mas fora isso nada a dizer.

Obs.: Foram contos bons e outros nem tanto por isso a nota 3,5.

Paula 22/10/2020

O mal é apenas um ponto de vista (para nossos heróis urbanos.)
Não conhecia ainda os autores, só o Raphael Montes, que aliás gosto muito, então fiquei muito interessada para conhecer essa história dele, e claro e as outras. Os contos apesar de temas diferentes entre si, se casam muito bem, são de linguagem fluída, simples, e trazem críticas pertinentes a sociedade, com uma linguagem que deixa o leitor bem surpreso e impactado. O título do livro leva a uma reflexão: Que nossos heróis (ou nem sempre) urbanos são pessoas reais, imperfeitas. Que suas ações estão estritamente ligadas ou não, ao meio cruel em que são inseridos.
Aqui cabe uma frase da autora americana Anne Rice: "O mal é apenas um ponto de vista." isto, para nossos "heróis urbanos."

Sidney 23/10/2020

Leitura Leve
Li em dois dias. Não gostei de todos. Gostei dos contos de: Raphael Montes; Letícia Wierzchowski e Emiliano Urbim. No último destaco duas frases de efeito q nos fazem refletir: "Cada um tem suas batalhas" e "O medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento". Enfim, recomendo, um entretenimento a mais.

MayHey 22/03/2024

Li pelo Raphael Montes
É verdade, eu só li por causa dele. Não tenho muito o que falar do livro. Por ser uma coletânea de contos, cada um tinha seu ponto diferente e características singulares. Alguns são muito bons (como o do Raphael) alguns eu não entendi nada. Em geral, achei as histórias interessantes e tem algumas que realmente vale a pena ler (as últimas me deixaram com um choque que não consigo nem descrever, muito bom)

Jéssica 15/01/2020

De todos os contos, os que mais me envolveram foram os do Raphael Montes, Luisa Geisler e Emiliano Urbim. Deles só não conhecia o Emiliano, com certeza vou buscar mais obras do autor.

No geral são contos rápidos, alguns trazem uma reflexão maior que outros e não sei se entendi todos. Valem a leitura, é sempre bom manter contato com nossos autores nacionais.

@injoyce_ 16/02/2020

Heróis Urbanos
7 contos sobre pessoas que se consideram heróis, vilões e/ou anti-heróis da vida real.
A maioria dos contos se passam nas comunidades, aqui encontramos de contos sobre assassinos a espertinhos, teve até conto que não entendi nada.
Mas no geral, o livro é bom.

Érico 06/03/2020

Bonzinho
Razoável. É um livro de fácil leitura, e parece-me uma boa opção para entrar em contato com alguns escritores brasileiros da atualidade.
As "ilustrações" achei horríveis - questão de gosto. Não gosto desse tipo de arte...
Apenas UM conto eu realmente achei detestável: "A História Lacrimogênica de Jamile”, de Natércia Pontes. Totalmente sem pé nem cabeça. Eu nunca tinha ouvido falar dessa autora, e a virtude desse conto foi justamente me impedir de perder tempo lendo mais alguma coisa dela...
Quem abre a coletânea é o Raphael Montes, e confesso que foi por causa dele que me interessei pelo livro. Não achei tão bom quanto os livros que já li dele, mas, são poucas páginas, e na verdade ele acerta bastante reproduzindo o linguajar da protagonista/narradora, uma cabelereira da favela que procura defender o Volnei, "hômi bão"...
Material Escolar é bastante interessante também.
Aliás, todos os contos tem seu valor, exceto o que já citei...

Y.A. 01/10/2021

Sensacional!
Com um elenco de autores tão majestoso como esse, me surpreende esse livro não ser mais conhecido. Tudo bem que nem todos os contos são maravilhosos, mas da pra você se apegar aos personagens e à história mesmo cada um tendo poucas páginas (algo não muito fácil em contos).

Cah. 28/07/2022

...
Eu li só o conto do Raphael Montes, no princípio eu achei que ela ia se vingar do marido pela traição, mas ela preferiu acabar com a amante. E me surpreendeu quem era o assassino.