Helder 19/12/2011Um pouco de história e geografia cercada por ação best seller.O livro começa bem interessante. Naquele estilo americano que parece roteiro de filme, vai nos apresentando os personagens e a estória. Mas esqueça Dan Brown. Aqui os capítulos são maiores e nem todos terminam com ganchos para te prender. Mas é bem escrito.
Com a queda de Saddam Hussein, o museu de Bagdá é invadido e muitas obras antigas vão parar pelo mundo. Neste momento, árabes e judeus, com a ajuda dos americanos, estão prestes a assinar um acordo de paz e é exatamente neste turbilhão que uma destas obras vai parar nas mãos de um historiador judeu fanático e duble de arqueólogo, Shimon Guttman, que sempre lutou pelos direitos dos Judeus sobre Israel, execrando os árabes.
Guttman descobre que a obra roubada na verdade é o testamento de Abraão e que ele define quem é o dono daquela terra santa, de acordo com o patriarca. Ele acredita que esta informação seja muito importante para definir o assunto do tratado de paz, mas é assassinado antes que consiga transmitir esta informação. Na seqüência, árabes e judeus vão sendo assassinados, aparentemente sem motivos ou conexões.
Com estes crimes, o processo de paz vai ficando por um fio. E é ai que entra Maggie Costello.
Ela é uma mediadora de negociações com experiências em conflitos mundiais como Kosovo e Sudão, mas que cometeu um erro no passado e resolveu desistir desta vida, porém acaba sendo tragada para este mundo novamente, e busca que tudo de certo, numa tentativa de se redimir do erro do passado.
E é ai que as coisas ficam um pouco sem nexo.
Nossa mediadora, que sempre esteve em salas de reuniões, se transforma em um detetive particular, e segue sem pedir ajuda a ninguém, tentando descobrir a ligação entre todos os crimes. Ela se envolve com Uri, filho de Guttman, que também quer descobrir o que aconteceu com seu pai. É aceitável que Maggie seja a mocinha e seja capaz de fazer muitas coisas, mas existem momentos completamente implausíveis. Ela não entende nada de informática e precisa descobrir segredos de Guttman em seu computador. Em nenhum momento ela pede ajuda para seus compatriotas americanos “Master fuckers”. Ela nem lembra que eles existem. É como se fosse Maggie Costello X Oriente Médio. E aparentemente, todas as pessoas que ela descobre e que poderiam ter informações sobre o segredo de Guttman, acabam morrendo. Tão esperta e demoram um tempão para perceberem que estão sendo grampeados? E nem correndo perigo ela pede ajuda?. Parece aquelas mocinhas de filme de terror que entram nos cômodos e nunca acendem a luz.
Confesso que isso me deixou meio irritado e estava prestes a dar nota 3 a este livro, mas de repente, como um bom best seller, há uma reviravolta na estória e o autor explica o motivo desta atuação. E a explicação é no mínimo cruel com nossa mocinha, mas elevou meu conceito em relação a estória.
Outro ponto que a meu ver realmente enfraqueceu a estória foi a solução fraca de usar certo software da moda para desvendar uma parte do mistério. Quando o livro foi escrito, este software ou rede social era uma grande aposta. Hoje, não se ouve mais falar nisso, portanto achei que isso deixou o livro muito datado. E não consigo acreditar que um velhinho fanático que fazia piquete contra árabes seja tão esperto a ponto de navegar por aquele mundo virtual com tanta desenvoltura.
Já os pontos positivos do livro são os enigmas criados por Guttman para que seu filho possa descobrir o paradeiro da tábua e o lado didático do mesmo, pois o livro tenta explicar um pouco as diversas facções e os motivos pelo qual esta luta estúpida dura tanto tempo. Tem hora que até nos perdemos no meio de tantos nomes e tantos inimigos, mas nada que impeça o andamento da leitura. Por fim, devido a tantas descrições de locais, surge também a vontade de conhecer Israel. O autor trabalhou na região durante muios anos, o que acredito tenha ajudado muito a criar o ambiente da narrativa.
E fica sempre a questão? Quem está matando todo mundo? Como nossa mocinha vai descobrir o que está ocorrendo se aparentemente todos os personagens que podiam conhecer alguma coisa vão morrendo? Onde realmente está a tabua? Ela é verdadeira ou um objeto forjado? Qual o impacto desta informação naquela região que vive sobre um barril de pólvora?
Se procura por diversão em uma estória muito bem contada e com um final legal, este é o livro.