Dana Silva 07/02/2017
Laço Eterno
Laço Eterno é o romance de estreia da autora Renata Melo. Renata é cearense mas mora em Porto Alegre há alguns anos. Empresária, mãe, esposa, e agora, escritora, Renata debuta em grande estilo com Laço Eterno, um envolvente romance sobre almas gêmeas.
O livro tem como personagens principais Grenda, uma jornalista bem sucedida, que é colunista de uma famosa revista de circulação nacional, e Alan, jovem empresário, que também compete em corridas de motocross. Grenda tem sonhos muito vívidos com algumas pessoas e uma delas é com esse homem misterioso que desperta nela um misto de sentimentos. Grenda decidiu procurar um especialista em regressão para saber mais sobre o que estava acontecendo consigo. Esse amor, essa conexão era muito forte e inexplicável.
Ela é enviada para cobrir uma corrida de motocross e entrevistar os pilotos. E é lá onde vê Alan Muller pela primeira vez. Alan já acompanhava o trabalho de Grenda há um ano quando lera uma matéria dela e desde então desenvolveu essa pequena obsessão em conhecê-la. Quando eles se encontram, ambos já sabem que algo muito forte os liga, algo que no momento não pode ser explicado. Grenda e Alan tem um breve e tórrido romance, que é interrompido por um grave acidente.
O reencontro se dá dois anos depois e suas vidas estão completamente mudadas. Grenda guarda uma mágoa e um grande segredo e Alan está disposto a qualquer coisa para reconquistar essa mulher. Qualquer coisa mesmo. Bom, chega de falar do enredo porque eu já estou falando demais. Vamos às minhas impressões sobre o livro.
Quando Laço Eterno chegou às minhas mãos eu não sabia muito sobre ele, apenas que se tratava de um romance sobre almas gêmeas. Já foi o bastante para me interessar porque achei a premissa original, já que não tenho conhecimento de muitos livros sobre isso, ou melhor, de nenhum, fora da perspectiva espírita. Não como um romance ficcional.
Como falei, a premissa é original e eu gostei muito da maneira que a autora abordou a perspectiva de vidas passadas, através de sonhos e sessões de hipnose. A narrativa é em terceira pessoa, onde é possível abranger o ponto de vista de todos os personagens, isso é uma característica que eu, particularmente, gosto muito.
A autora fez uma boa pesquisa sobre vinhos e e algumas características especiais de alguns vinhos e seus componentes, o que eu achei bem interessante, e que agrega conhecimento ao leitor. No entanto isso só é demonstrado mais no final, pois no começo do livro quando os personagens vão até o restaurante eles apenas apontam no cardápio o que irão pedir e, confesso, isso me incomodou um pouco porque eu gosto de saber o que o povo está comendo e bebendo. Claro, vai que um dia eu preciso não é? Risos.
Uma coisa que também me incomodou um pouco foi o fato de ter muitas descrições de vestimentas. A todos os momentos a autora descreve como todos estão vestidos, em cada detalhe. Há quem goste, pois estreita mais ainda o caminho para a imaginação. Eu acho interessante descrever trajes em ocasiões especiais, mas no dia a dia, acho um pouco desnecessário. Mas esse é um traço da escrita da autora, notei que para o romance se transformar em um roteiro cinematográfico não seriam necessárias muitas alterações, pois Renata já nos dá tudo bem mastigadinho.
Bom, sobre a história em si: É uma história que fala de amor, de obsessão, ciúme, confiança, paciência (muita!) e laços familiares. Vivemos em um mundo tão imediatista, onde todo mundo está sempre com muita pressa e as relações se tornam líquidas, descartáveis, como diria Bauman, tudo é muito efêmero. Quando se acha alguém por quem vale a pena lutar é preciso se agarrar a esse sentimento, aceitar e também aprender a conviver com os defeitos do outro. Grenda e Alan são almas gêmeas que tiveram a oportunidade de se reencontrarem nesta vida e tentar evoluir um pouco mais como seres humanos.
Ambos tem personalidades fortes e marcantes e por vezes os dois são intransigentes e mimados. Agem por impulso e por pura falta de comunicação deixam questões que poderiam ser facilmente resolvidas se transformarem em enormes tsunamis, devastando os sentimentos dos dois e acabam magoando-se mutualmente. Tinha horas em que dava vontade de entrar lá e colocar os dois abraçados no cantinho da vergonha, para que pudessem ver o que estavam fazendo a eles próprios.
Não posso falar muito do final pois tem um gancho fortíssimo para o segundo livro, inclusive o início do segundo livro é o fim do primeiro, e posso dizer que os personagens que aparecem ao final, que são os protagonistas do segundo livro são ainda melhores que os do primeiro, e pelo que entendi, são mais complexos e mais desenvolvidos.
Gostaria de poder falar um pouco mais sobre tudo que eu achei do livro, do começo ao fim, mas se eu for comentar todos os aspectos vou entregar pontos chaves que não devem ser entregues assim. Já tive a oportunidade de passar um feedback prévio para a autora, e esta já está ciente de minhas observações. Gostaria que mais pessoas lessem este romance pois ele me fez refletir sobre algumas coisas em minha própria vida. Essa mania que nós temos de esconder nossos sentimentos para não nos passarmos por frágeis frente ao outro pode acabar destruindo a chance de viver um grande amor, quem sabe com a sua alma gêmea. Não poupe amor, não poupe perdão, não poupe empatia. Não deixe para amanhã a declaração de amor que pode ser feita hoje. Eu sei, é uma frase bem clichêzinha, mas é a verdade.
Recomendo a leitura para pessoas que gostam de romances contemporâneos, leves e com algumas reviravoltas. Renata é uma autora que está estreando mas que tem um grande potencial, pois sua narrativa é fluída, e em nenhum momento é chata, podendo-se concluir a leitura em algumas horas.
Sobre a edição física, é um livro de excelente qualidade, papel de boa qualidade, capa bonita e bem trabalhada, o livro está bem diagramado mas peca um pouco na revisão, mas já fiquei sabendo que os problemas de revisão já foram corrigidos! Eba!
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