Driely Meira 25/09/2016
Incrível e tocante
Dizem que minha memória nunca mais será a mesma, que vou começar a esquecer as coisas. Só um pouco no início, depois muito. Então estou escrevendo para lembrar. – página 7
Tudo o que Sammie mais quer é vencer o campeonato nacional de debates, terminar o ensino médio e ir para Nova York, mais especificamente, para a Universidade de Nova York, onde quer se formar em advocacia. Mas estes podem ser sonhos altos demais para alguém que possui uma doença tão grave e letal como ela. A NPC (Niemann Pick Tipo C*) faz com que Sammie se esqueça das coisas, e isso é só o começo. Mas ela chegou aos 17 anos quando muitos portadores da doença não passavam dos 10, então, tinha chances de se formar, certo?
Sendo assim, Sammie inicia um plano: começa a escrever uma espécie de diário, escrevendo suas memórias para que a Sam do Futuro se lembre de tais coisas, já que, ao longo do tempo, sua memória ia ficar cada vez pior, podendo esquecer-se inclusive de quem era. Ela então conta como são seus dias, conta sobre como se encantou/apaixonou por Stuart Shah (um garoto mais velho que ela sempre queria impressionar, e que está de volta na cidade. Surpreendentemente, ele se lembra de Sammie), conta sobre sua amizade com Coop (que era seu melhor amigo na infância, até não o serem mais), seus sentimentos em relação à doença e sua fé em sobreviver e esfregar na cara de todo mundo. Ok, não com essas palavras, mas quase isso.
Minha memória me fez vencer o Concurso de Soletrar do Condado de Grafton quando eu tinha onze anos. E agora ela vai desaparecer. Isso é, tipo, inconcebível para mim. – página 13
Sammie é uma garota incrível, e eu não digo isso só porque ela possui uma doença e tem que lutar contra isso. Não. Ela é incrível por continuar vivendo considerando tudo, porque quer vencer o bendito campeonato de debates, porque quer se mudar e viver em Nova York sozinha, seguindo seus sonhos. Ela sabe que a probabilidade de chegar aos 20 anos é minúscula, mas não desiste de tentar. Além disso, ela é uma narradora divertidíssima, a não ser quando a doença atacava. Esses momentos me trouxeram um aperto no peito muito grande, principalmente porque eu torcia muito para que algum milagre acontecesse e Sammie pudesse se curar.
Falemos agora dos outros personagens. Eu gostei bastante de Stuart, mas, no fundo, eu torcia é para o Coop. De início eu não sabia bem o que ele tinha de importante na história, já que, depois de certos acontecimentos, ele e Sammie se afastaram, mas Coop é presença constante na vida dela agora, e, mesmo não sabendo o motivo, ela contou a ele sobre sua doença (somente sua família, sua professora e seus médicos sabiam disso), o que o tornava cada vez mais próximos. Ele era um cara perdido, colava nas provas e usava maconha, mas também era um amigo maravilhoso.
Stuart foi crush de Sammie desde que ela o vira pela primeira vez. Aspirante a escritor, ele estava sempre com um livro em mãos, e ela, para tentar chamar sua atenção, lia as mesmas obras que o rapaz. Agora, já formado, ele dedica-se totalmente às suas histórias, tendo escolhido não fazer faculdade para tal. Ela não o via há muito tempo, já que ele estava vivendo em NY, mas, agora que Stuart está de volta, e parece gostar de sua companhia, quem sabe as coisas não deem certo?
Eu não sei dizer o quanto este livro mexeu comigo. Ok, praticamente todos os livros cujos protagonistas são portadores de alguma doença mexem comigo, mas esse foi um caso diferente. Eu me apeguei muito à Sammie, aos seus sonhos e à sua determinação. Ela não queria, e não podia morrer. Tinha tanta coisa que ainda precisava fazer, e, mesmo quando tinha algum surto da NPC, ainda assim queria continuar estudando, indo à escola, e torcendo para receber os atestados médicos que precisava para continuar vivendo como vivia. Sendo assim, não podia desistir.
Este livro é incrível, é sensível, é original e é, ao mesmo tempo, engraçado. A escrita da autora flui muito rápido, e é um daqueles livros em que a gente vai virando as páginas até perceber que já está acabando, e aí quer diminuir o ritmo para que não acabe, mas não dá certo, porque queremos saber o final logo. É uma obra linda, e o único ponto negativo foi o final, que eu achei um tanto corrido. Mas, tirando isso, é um livro perfeito!
Escreva sobre coisas que você sabe. Quando você está com medo, pode escrever sobre coisas que você sabe. - página 19
Eu sei que não é todo mundo que gosta de sick-lits, mas eu acho que vale muito a pena sair da zona de conforto e ler O livro de memórias, pois é uma história que fará você ver o mundo com outros olhos, de outra forma. E, quem sabe, se emocionar um pouquinho. Eu estou doida para ler mais livros da autora, e devo mencionar que achei a capa deste livro linda!
Enfim.... Recomendado para todos os públicos!
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