Bruno.Dellatorre 23/07/2023É a pior coletânea delaE ainda assim é um excelente livro. Wislawa não tem erro: é poesia, mas é também conversa, desabafo, escape. E ironia, claro, que nunca é demais.
Minha razão pra não amar essa seleção como as outras duas é bastante pessoal: ele cobre muito a fase inicial dela, sobretudo dos primeiros livros: Chamando por Yeti e Sal, que contém sim bons poemas, mas a maioria me soa um pouco mais hermética que o normal, distante, vaga... e em alguns casos sem graça.
Em compensação, aqui estão alguns fortes vínculos meus com a obra dela. Destaco:
- ABC (li tantas vezes pra mim e pros outros que já decorei - em português e em polonês)
- Poça d'água (o último parágrafo às vezes me serve de mantra e também já decorei em ambas as línguas)
- Um amor feliz (clássico)
Antes de eu ler o livro de fato, dei umas espiadas e em meio a elas os três títulos acima me apareceram. Me fisgaram e não largaram ainda.
Durante a leitura convencional (de cabo a rabo), encontrei outras pérolas que gostaria de citar:
- Vida difícil com a memória
- Sobre a morte sem exagero
- Mapa
- O silêncio das plantas
- Identificação (esse é super forte, nossa...)
- Microcosmo
Tem também outros legais e muitos que passaram batido.
Meu veredito final: ainda que a coletânea mais fraca da escritora, inferior a "Poemas" e "Para meu coração num domingo", não se pode deixar de lado "Um amor feliz", não só por ter boas pérolas mas simplesmente por ser pedaço da obra szymborskiana. E isso significa: leitura obrigatória, sem desculpas.