Pompeia

Pompeia Mary Beard




Resenhas - Pompeia


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Carol 27/09/2022

Impressões da Carol
Livro: Pompeia: a vida de uma cidade romana {2008}
Autora: Mary Beard {Inglaterra, 1955-}
Tradutora: Cristina Cavalcanti
Editora: Record
420p.

Vez por outra, em meio a incontáveis injustiças, alguém evoca a História, como aquela que há de cobrar o que quer que seja. Essa mesma história que, muitas vezes, só tateia ecos e escombros de um passado, para nós, indecifrável. A História é marcada por apagamentos.

Lidar com esse ar de incerteza, essa ausência de respostas peremptórias, é o que torna "Pompeia", de Mary Beard, um livro tão fascinante.

Nele, ela descreve a cidade como um lugar desafiador e intrigante, interrompida e perturbada, evacuada e pilhada, uma cidade cheia de cicatrizes dos casos que são analisados ao longo do livro, no que ela denomina de 'paradoxo de Pompeia': "ao mesmo tempo, sabemos muitíssimo e muito pouco sobre a vida antiga lá." p. 26.

A começar pela própria data da erupção do Vesúvio. A datação tradicional é de 24/ 25 de agosto de 79, a que se lê no relato de Plínio, o Jovem. No entanto, durante as escavações, foram encontradas moedas cunhadas em setembro. Teria o desastre ocorrido mais tarde naquele ano?

Passando pelo significado dos inumeráveis pixos e pinturas nas ruas, ou dos alusivos falos de terracota e pedra que decoram muitas das paredes. Talismã da sorte? Proteção contra a inveja? Bordel? Não temos como saber, apenas conjecturar.

Imaginar e reconstruir o cotidiano de uma cidade "petrificada" no tempo, por uma mistura de fuligem e areia, é a proposta de "Pompeia", um livro bonito, desses que permite ao leitor viajar no tempo e no espaço. Com uma pesquisa bibliográfica robusta, Mary Beard reconstrói, tijolinho por tijolinho, várias Pompeias possíveis e nos encanta com sua prosa vibrante. Recomendo.

"Mas a morbidez não é tudo. O impacto causado pelas vítimas (estejam elas totalmente recomposta em gesso ou não) também provém do sentimento de contato imediato com o mundo antigo que elas oferecem, das narrativas humanas que nos permitem reconstruir e das escolhas, decisões e esperanças de pessoas reais com as quais podemos ter empatia através dos séculos." p. 13
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Eduardo Spohr 25/09/2016

Me interessei particularmente pela obra, precisamente porque estive no sítio arqueológico, na Itália, nos anos 80 -- como já disse em alguns podcasts, a visita a Pompeia foi uma das grandes experiências da minha vida. Então, devorei o livro em menos de três dias.

Recomendo fortemente para quem quer conhecer mais sobre a história privada do Império Romano. O interessante é que a autora compara as conclusões arqueológicas de outrora (muitas tiradas pelos pesquisadores do século XIX) com as mais recentes, dando menos respostas e propondo mais questões e fazendo a gente pensar se alguns “fatos” históricos são realmente verdadeiros.

Me interessei particularmente pelo trecho em que ela fala sobre as religiões. A gente, hoje em dia, tem a ideia do santuário religioso como uma igreja cristã, mas os templos pagãos não eram lugares para cerimônias coletivas: eram, sim, edifícios feitos para abrigar uma imagem (do deus ou da deusa), locais para onde o fiel se dirigia para depositar suas oferendas. Os sacerdotes eram muito menos guias espirituais e mais funcionários que guardavam os tesouros, defendiam os cofres e administravam sacrifícios. Muito interessante mesmo.
@uaitolendo 25/09/2016minha estante
Vou ler!!


@uaitolendo 25/09/2016minha estante
Ja entrou pra lista de desejados




Krisley 11/07/2017

Mais uma bela obra da autora britânica Mary Beard, o livro não é uma história da erupção do Vesúvio ou de como a cidade foi destruída, mas uma análise histórica e arqueológica do modo de vida da cidade com base nas escavações do local.

Descrevendo o que foi encontrando nas casas, lojas, prédios públicos e ruas, a autora vai explicando a estrutura da cidade: como era o sistema de transporte e drenagem, o comércio e economia, o entretenimento (com músicos, atores, gladiadores, etc), a administração, a arte, a base alimentar, as moradias, os banhos públicos e a religião, dando uma visão completa de como era a vida em Pompeia.

Conteúdo impressionante e muito bem escrito.

Sobre a edição da Editora Record:

- Erros de tradução

A tradução no geral é competente, mas em alguns pontos há erros grotescos.
O que no original era “In 6 BCE, the emperor Augustus was called upon to adjudicate[…]”, foi traduzido como “No século VI a.C., o imperador Augusto foi chamado a se pronunciar[...]” - página 98. Um erro de 500 anos que poderia ser facilmente notado. O simples fato de se referir ao imperador Augusto já é uma indicação que a data estaria errada. A autora usa o “BCE”, Antes da Era Comum, que por questões culturais é sempre traduzido como “a.C.” no Brasil, mas não acho que seja o suficiente para o erro da tradutora.

Outra confusão facilmente identificável é entre o cônsul Cneu Pompeu, e a cidade de Pompeia. Em inglês, o primeiro é “Pompey”, e a cidade é “Pompeii”, ainda que parecidos, o contexto não deixa dúvidas de qual se trata. “[...]foi para proteger a sua dignitas que Júlio César cruzou o Rubicão em 49 a.C. e entrou em guerra com a rival Pompeia.” - página 224.

- Questões editoriais e revisão

O livro possui 136 imagens - que são mencionadas no texto - mas elas não estão inseridas ao longo do texto e sim num encarte no centro do livro. Isso proporcionou que as imagens tivessem uma impressão de alta qualidade e em papel fotográfico (23 imagens coloridas e o restante preto e branco), mas fragmentou muito a experiência de leitura, já que o leitor precisa parar a leitura e ir ao encarte por mais de 100 vezes para saber o que a autora está comentando.
O livro “SPQR” da mesma autora, lançado no selo “Crítica” da Editora Planeta, apresenta as fotos junto ao texto, apesar de diminuir a qualidade das imagens por causa do papel, proporciona uma leitura muito mais fluida.

Além das 136 imagens do encarte, há 21 mapas/plantas baixas ao longo do texto, mas TODOS eles estão com referências erradas. Um exemplo, na pág 104 o texto indica “fig. 6, p. 82” mas a imagem está na pág 105 e não na 82. Além disso, quando o texto fala de algo que já foi mencionado (a escavação de uma certa casa por exemplo) há uma indicação de em qual página isso foi descrito, mas mais uma vez, todas essas indicações levam a páginas erradas.

Apesar dos problemas dessa edição, o conteúdo é excelente. Recomendo!

Fica também a recomendação para o ótimo documentário da BBC escrito e apresentado pela autora: “Pompeii – New Secrets Revealed with Mary Beard”.
Albert 12/07/2017minha estante
"...mas fragmentou muito a experiência de leitura, já que o leitor precisa parar a leitura e ir ao encarte por mais de 100 vezes para saber o que a autora está comentando."

Concordo com suas palavras, é desconfortável ter que "ir e voltar" entre páginas, o que acaba comprometendo a qualidade da fluidez. Talvez esta obra da Mary Beard seja uma das melhores ou, a melhor sobre a cidade de Pompeia.




Joy 17/01/2021

Um livro em que a autora se preocupa em utilizar uma linguagem acessível, não muito científica e que abre caminhos a questionamentos e principalmente, à imaginação.
Em muitos pontos da narrativa o leitor se sente andando pelas ruas da cidade, observando as escavações e se deliciando com pinturas, grafites e detalhes das ruas há muito esquecidos.
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Fabi 19/02/2023

Interessante
Estava curiosa sobre Pompeia. Depois de umas pesquisas no Google sobre o sítio arqueológico, quis ler mais sobre a cidade antes da erupção do Vesúvio. Achei poucos livros sobre o tema e optei por esse da Mary Beard. Muito interessante, bem detalhista e nos apresenta uma cidade antiga romana desde as construções das casas, estilos de decorações, pavimentações das ruas, distribuições dos trabalhos, posições sociais, administração da cidade, lazer, religiões e arte. O livro não foca na erupção e sim nas descobertas e entendimentos sobre a vida em Pompeia a partir dos achados arqueológicos. Nos esclarece também o que foi restaurado, o que de fato está preservado e para onde foram transferidos os objetos encontrados. A leitura é um pouco cansativa e repetitiva em alguns pontos, mas no geral, é muito fácil de te transportar para as ruas irregulares e as cômodos das casas pompeianas. A autora descreve muito bem e a cidade tem características interessantíssimas. Optei por comprar um eBook, pois estava em promoção, mas ele não vem com as fotos do livro físico. Como eu já estava estudando o tema, já tinha visto fotos de muito do que é mencionado no livro. O restante, achei fácil.
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Andre.S 05/09/2023

Excelente livro sobre as ruínas da cidade de Pompeia ! Como de praxe nos livros da autora, ela transita com intimidade e conhecimento do tema, por todo o sítio arqueológico e ao final do livro, fiquei conhecendo profundamente o tema, o que me levou a visitar a cidade mês passado. Excelente!
José Frota 06/09/2023minha estante
Cheguei a visitar pompeia


Andre.S 06/09/2023minha estante
Ja fui duas vezes!! Maravilhoso! Nesta segunda vez consegui me aprofundar mais na visita! Esse livro ajudou demais!




Rafael_Santiago 07/11/2021

Bem além do óbvio
O livro é muito bem escrito e procura com base nos corpos e artefatos encontrados nos dar um panorama de como seria a vida na cidade de Pompeia.

Isso é muito inusitado, pois muitos livros e documentários sobre Pompeia dão um foco demasiado na tragédia e consequentemente falam muito de morte. Todo esse sadismo pela tragédia adiciona um aspecto muito tristonho e muito trágico ao lugar, afunilando um horizonte a partir de uma janela arqueológica tão rica. Esse livro especula bastante sobre como teria sido o dia a dia na cidade, o que acaba indo na contramão por falar mais de vida do que de tragédia e morte.

Só por essa escolha de estar na contramão da narrativa a autora já me ganhou. Porém, fora evitar esse grande clichê, ela também tomou cuidado de fugir de vários outros lugares comuns que envolvem narrar a história da cidade. De fato ela pincela a tragédia e então os violinos mais tristes do mundo tocando as notas mais tristes do mundo cessam: dali em diante ela procura nos transportar para Pompeia nos fazendo enxergar como seria viver ali e não morrer. Procura também desmistificar muita coisa e aponta certos reducionismos e generalizações muito comuns por parte da arqueologia no ímpeto de ter uma resposta para tudo. Entre o equívoco e a dúvida, por falta de absoluta certeza, a autora opta pela dúvida, deixando a questão em aberto. Eu particularmente achei essa abordagem muito bacana.

Foi escrito com base numa extensa bibliografia. As imagens no miolo do livro e plantas baixas de como teriam sido as construções só contribuem para sua imersão nesse experimento mental de como seria viver ali.

No final a autora ainda deixa o caminho das pedras para quem quiser de fato visitar o sítio arqueológico. Como chegar lá e uma base para o que poderia ser um roteiro de visita.

Se história antiga é sua praia e você ainda não leu esse livro, está comendo mosca. Pode ler sem receio que você vai curtir.
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Itin | @merasliteratices 28/08/2023

Imagine-se passeando pelo setor de Zoologia de um museu hipotético, quando se depara com uma exposição sobre a Biota Ediacarana (600 Ma): animais em forma de tubos, folhas, com ranhuras esquisitas e corpos de formato estranho, normalmente dispostos no que deveria ser um cenário típico daquele ambiente, um pedacinho raso do oceano onde essas criaturas bizarras estariam organizadas de maneira similar à um recife de corais moderno, representando seus devidos nichos e até a cadeia alimentar que ocorreria ali, uma tentativa charmosa de reconstruir esse pedacinho da Terra ancestral. O grande problema é que não sabemos de fato se esses fósseis são animais (nós biólogos usamos o termo Metazoários), se eles realmente ocuparam e viveram no mesmo ambiente ou na mesma época (o lapso de tempo entre um fóssil e outro pode ser de milhares de anos), existem dúvidas até com relação a posição que eles se postavam enquanto vivos e como se não bastasse, não temos nem mesmo uma estimativa adequada da proporção real de espécies que foram preservadas no registro fóssil. Imagine ter que reconstruir a biota de um fragmento florestal (sem nunca tê-la visto) tendo em mãos apenas os ossos dos vertebrados maiores que se fossilizaram ali! Toda essa ausência de informação é muito difícil de ser acessada e precisa ser reconstruída por meios indiretos, anos de estudo e lento acumulo de conhecimento prévio.

A arqueologia e a história enfrentam problemas análogos ao tentar reconstruir cenários do passado, muitas vezes com base em pouquíssimos artefatos ou textos preservados ao longo do tempo. Quando a cidade de Pompéia foi destruída em 79 d.C. durante a erupção do vulcão Vesúvio, toda a cidade e seus habitantes foram repentinamente soterrados, fazendo de Pompéia, hoje, um dos sítios arqueológicos mais bem preservados e detalhados sobre a vida no Império Romano. A noção de que Pompéia represente fielmente o passado congelado no tempo, entretanto, desconsidera precisamente essas lacunas, nas quais a ausência de informação descarta várias possibilidades, e a simplificação de descobertas ou suposições equivocadas acaba gerando situações irreais e ampliando a desinformação.

Mary Beard, professora de estudos clássicos e especialista no Império Romano, nos guia nessa viagem por Pompeia, trazendo à tona aspectos históricos e cotidianos da cidade: quem eram os pompeianos, qual sua posição política no Império Romano, se eram ricos ou pobres, o que era produzido e consumido em Pompeia, como se desenrolava o dia a dia e os momentos de lazer na cidade. Nessa exploração, Mary Beard contraria as narrativas típicas ao desconstruir os clichês de Pompeia, ao debater as descobertas das pesquisas realizadas sobre a cidade, e expondo o que ainda não compreendemos acerca dela, discutindo como de fato interpretar essa lacuna de informações.

O mais interessante em Pompeia é a visão dinâmica que a obra nos proporciona sobre o mundo antigo. A ideia pré-concebida que temos de uma catástrofe apocalíptica, dá lugar à uma tragédia muito menos espontânea, onde as escavações mostram que seus habitantes já deixavam a cidade devido aos primeiros sinais da erupção. Portanto, Pompeia não é uma cidade congelada no tempo, já era uma cidade em fuga e largamente evacuada. Ademais, muito da destruição que vemos em Pompeia pode ser atribuída à um terremoto ocorrido décadas antes da erupção. É com esses pequenos detalhes que Mary Beard discute a vida em Pompeia e tenta montar um quebra cabeças onde muitas de suas peças se perderam: as pichações apologéticas ao sexo, faziam referências diretas à putas e bordéis (como lhes é creditado) ou seriam simplesmente troças obscenas como as que encontramos hoje em dia? Estatuetas religiosas seriam indício direto à religiões praticadas na cidade ou poderiam ser meros souvenires? Essa visão nos apresenta uma perspectiva menos rígida de Pompeia, onde o cotidiano do cidadão romano, com sua política, arte, comércio, bares e bordéis, não nos seriam estranhos nos dias atuais.

No fim das contas, Pompeia está mais para um registro documental das descobertas arqueológicas feitas na cidade do que de um típico livro de história. Através da interpretação dessas descobertas, vemos o quanto as lacunas no conhecimento podem ser reveladoras ou o quanto podem esconder. Habitualmente temos uma visão romantizada de povos antigos, que acaba criando uma falsa ilusão de separação ontológica entre "nós" e "eles", mas deixando de lado os avanços tecnológicos, essas discrepâncias quase sempre estão num mesmo patamar das diferenças entre dois países modernos. Pompeia ao passo que era uma típica cidade romana, era acima de tudo uma cidade típica, onde seus habitantes discutiam sobre política, se preocupavam com a economia, e onde um cidadão médio poderia encerrar um dia de trabalho envolvido em uma briga de bar!
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Poesia na Alma 06/02/2017

Rico em informações
As ruínas da cidade de Pompeia me remetem ao show realizado por Pink Floyd, tocando em meio ao silêncio de uma plateia ausente direto para os ouvintes do restante do planeta... Além da banda, milhares de visitantes viajam todos os anos para conhecer as ruínas de uma cidade devastada pelas chamas e lava do vulcão Vesúvio, que aproximadamente em 79 d.C sucumbiu em meio ao fogo e às cinzas levando à fuga e à morte quem se encontrava nela...

A Editora Record lançou ano passado o livro Pompeia - A Vida de Uma Cidade Romana, escrito pela autora classicista Mary Beard, britânica que após visitas e pesquisas sobre a cidade antiga, escreveu a obra esmiuçando várias facetas e particularidades da cidade romana desde sua estrutura social ao desastre que lhe consumiu...

http://www.poesianaalma.com.br/2017/02/resenha-pompeia-de-mary-beard.html
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Na Literatura Selvagem 24/03/2017

Pompeia - A vida de uma cidade Romana
As ruínas da cidade de Pompeia me remetem ao show realizado por Pink Floyd, tocando em meio ao silêncio de uma plateia ausente direto para os ouvintes do restante do planeta... Além da banda, milhares de visitantes viajam todos os anos para conhecer as ruínas de uma cidade devastada pelas chamas e lava do vulcão Vesúvio, que aproximadamente em 79 d.C sucumbiu em meio ao fogo e às cinzas levando à fuga e à morte quem se encontrava nela...

A Editora Record lançou ano passado o livro Pompeia, escrito pela autora classicista Mary Beard, britânica que após visitas e pesquisas sobre a cidade antiga, escreveu a obra esmiuçando várias facetas e particularidades da cidade romana desde sua estrutura social ao desastre que lhe consumiu...

leia mais em

site: http://torporniilista.blogspot.com.br/2017/03/pompeia-vida-de-uma-cidade-romana.html
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Augusto Bogo 15/01/2021

Leitura obrigatória
É uma le8tura obrigatória a todos aqueles que se interessam por história. Nos trás detalhes do cotidiano, das edificações e até de formas de pinturas de Pompeia. A autora mostra toda sua sabedoria e pesquisa nessa leitura que não é fácil.
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