Fabián e o caos

Fabián e o caos Pedro Juan Gutiérrez




Resenhas - Fabián e o Caos


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Bookster Pedro Pacifico 26/06/2020

Fabián e o caos, de Pedro Juan Gutierrez - 9/10
Ambientado em uma Cuba assolada por intrigas políticas, em plena transição da Revolução, “Fabián e o caos” relata os encontros e desencontros entre duas pessoas muito diferentes. De um lado temos Pedro Juan - inspirado no próprio autor - que vive em busca de sexo e álcool. De outro lado conhecemos Fabián, um personagem peculiar, com traços introvertidos e que nutre uma paixão pelo piano. Além disso, Fabián é homossexual.⁣

E é a historia de Fabián que mais impressiona o leitor. Impressiona de forma negativa, tamanha a solidão que habita dentro do personagem. Por ser homossexual, Fabián era considerado como portador de um “desvio ideológico”, que justificava a sua exclusão do seio da sociedade. Por isso, não bastasse ter sido criado por pais caóticos, o personagem também passa a viver na margem da sociedade. O destino de um pianista apaixonado pela música é uma fábrica de enlatados. E essa invisibilidade de Fabián, que não pertence a lugar algum, incomoda - e muito. Chega a dar uma vontade de poder conversar com ele e tentar suprir um pouco dessa total falta de afeto. ⁣

Mas é essa capacidade de incomodar o leitor que tanto me impressiona na obra do autor cubano. Gutierrez escancara a condição selvagem do ser humano, largado pelo Estado e que luta para sobreviver. E para quem luta pela sobrevivência, os laços afetivos e as emoções não tem lugar a ocupar. ⁣

A vida de Pedro Juan também carrega essa característica animalesca, embora não transmita tanta solidão. O personagem vive em busca de sexo e bebidas, verdadeiros refúgios do caos em que vive. E a linguagem crua e direta contribui para a construção desse cenário.⁣

O contexto histórico também é muito interessante no livro. Os pais de Fabián saem da Espanha em busca de uma Cuba em desenvolvimento. Mas a riqueza da família desaparece com a revolução implementada por Fidel Castro. A estatização total das empresas estrangeiras, com a tomada de terras pelo governo, levou grande parte da população à pobreza e ao racionamento. As consequências da ditadura são devastadoras e caóticas. ⁣

Sou fã do autor! Resenha em homenagem ao mês do orgulho LGBTQ+.

site: http://instagram.com/book.ster
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Lú Ribeiro 02/07/2021

Revelador
Esse livro me sacudiu.
Muitos aspectos humanos e da história do mundo são abordados durante a leitura, nas entrelinhas...
Não diz respeito somente a Cuba.

Reflexivo.
Algo se transformou em mim
Sou uma outra pessoa após essa leitura.
Alê | @alexandrejjr 06/07/2021minha estante
Que fantástico saber isso, Lú! É exatamente isso o que eu espero de qualquer leitura que faço: não ser mais o mesmo ao final.




Luciano 07/03/2021

Muito bom.
Uma boa surpresa. O livro retrata as dificuldades enfrentadas em Cuba durante a segunda metade do século passado e faz isso pelos olhos de dois personagens: Fabían, garoto tímido, gay e um pianista promissor; e Pedro Juan, sedutor, másculo e de tom perceptivelmente autobiográfico. Acho que este último aspecto foi o que me impediu de dar as 5 estrelas. Pedro Juan fica relatando suas proezas sexuais e dando biscoitos a si mesmo o tempo todo... Fabián, apesar de agir de maneira destestável em alguns momentos, me comoveu bastante.
Klaus Costa 07/03/2021minha estante
Interessante!


Luciano 07/03/2021minha estante
recomendo, Klausto!


Klaus Costa 07/03/2021minha estante
Obrigado pela dica! =D


Luciano 07/03/2021minha estante
:D


Bruno Gordiano 08/03/2021minha estante
Já leu O Rei de Havana? É muito bom. Recomendo.


Luciano 08/03/2021minha estante
ei, Bruno. ainda não, mas fiquei bem tentado a ler mais coisas do Gutiérrez dps deste. valeu pela dica!




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Marina 11/08/2023

O livro me despertou um interesse gigante em Cuba e casou com uma viagem que fiz ao país. Ao chegar lá foi incrível ver lugares e entender situações depois da leitura.
Dei nota 3, pois não gostei muito da história em si e achei um final meio sem sentido.
Vale a leitura para conhecer um pouco mais do país, sua história, suas pessoas e seus lugares.
Quero ler mais do autor.
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mateushillebrand 27/08/2021

a leitura flui bem e os capítulos grandes me impediam de parar, o que fez com que eu lesse rápido. porém às vezes me sentia confuso e precisava me situar pra entender em que ponto da história eu estava.

por vezes o livro se utiliza do fluxo de pensamento pra mostrar a urgência e a angústia da situação.

no fim, senti que era um livro sobre tragédias.

da ditadura.
da repressão.
da inexistência.
da falta de afeto.
da falta de sentido.
da vida cotidiana.
da pobreza.
da privação de recursos.
dos abusos.
das vícios.
da mente.
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Luciana - @minhaestantemagica 25/07/2018

E bote caos nisso!
É o segundo livro de Gutiérrez que eu leio e só confirmou o que eu esperava: o estilo naturalista continua à flor da pele. Não é à toa que ele é comparado a Bukowski. Porém, acho o cubano mais visceral. Não enxergo muito nele a romantização do "Velho Safado". A história começa contando como os pais de Fabián saíram da Espanha e se mudaram para a próspera Cuba. Felipe trabalhou e conseguiu juntar uma fortuna que escondia no quintal de casa. Lucía era louca para ser mãe, mas o marido nunca quis ter filho. Até que em um descuido, ela engravidou tardiamente e nasceu Fabián. Mimado ao extremo pela mãe e desprezado pelo pai, o frágil Fabián, desde pequeno, se mostrou um exímio pianista. A família vivia financeiramente bem até a revolução cubana de Fidel Castro. Empresas estrangeiras foram estatizadas, os grandes latifúndios confiscados, pequenos comércios fechados e o golpe de misericórdia foi a troca da moeda corrente: cada pessoa só podia depositar dez mil pesos no banco, quem tivesse mais dinheiro que isso, perderia. Foi assim que Felipe viu sua fortuna desaparecer da noite para o dia. Do outro lado da narrativa, está Pedro Juan, o caos em pessoa. Sua única regra na vida era quebrar todas as regras, desobediência total. Gostava mesmo era de sexo e bebida. Ao longo da vida, as histórias de Fabián e Pedro se cruzaram algumas vezes e uma improvável amizade nasceu em meio a miséria e ao desespero. O livro é bem angustiante, traz o lado mais podre do ser humano que, como uma barata, se adapta a situações degradantes e nojentas, além de cometer atos asquerosos, como Fabián faz com seus pais. Mostra como uma ditadura é capaz de aniquilar sonhos, liberdade, desejo e dignidade. Mesmo quando o intuito era uma "utópica" sociedade igualitária para todos! Quer dizer, menos para os homossexuais, bastante perseguidos por Fidel. Realidade brutalmente retratada no livro.
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Leonardo Lemes 13/11/2022

FABIÁN E O CAOS
Literatura cubana em uma história que prevalece o contraste entre duas personagens. O enredo trata da busca por autoafirmação e liberdade em um ambiente controlado e opressor, numa Cuba pós revolução. Dentro de uma tríade de condenação: família, religião e Estado, as personagens buscam o equilíbrio entre vitalidade e desespero, cada uma em sua própria jornada interna, já que possuem personalidades extremamente opostas, além da luta que partilham no âmbito social. É uma discussão sobre ideologias governamentais, sobre um duro regime que aprisiona a arte, a vida e a individualidade de seu povo. O enredo traz pautas como a fome, a violência, a moral social, o incentivo à homofobia pelo líder da nação, e sobre diversas tragédias. A narrativa é fluída e o autor mantém um controle estrutural excelente. Apesar da ambientação, as questões levantadas, muitas vezes, não diz respeito somente à sociedade cubana, mas a todas as nações. "Comecei a construir um mundo pessoal, afastado da grande corrente caótica em que o país se transformava: colecionava selos, lia muito, tentava ter alguma namorada, arranjei um violão velho, compunha boleros e me esforçava para tocar e cantar. E me masturbava cinco ou seis vezes por dia."
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Barbara 24/03/2020

Perturbador
Muito bem escrito e com críticas ferozes ao regime ditatorial cubano, porém MUITO perturbador. A obra é permeada do pior e melhor (a arte) do ser humano em condições em que questionamos o limite do que é ser humano e do quanto aguentamos em nome da vida. Vale a leitura, mas se prepare pra sentir tudo remexendo dentro de você.
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Sayuri 18/04/2021

Fábian e o caos mesmo
Nossa, desde a minha última atualização pensei que a história ia por um caminho, mas no fim o livro se atém mesmo à caracterização de cada personagem. A história de vida, as paixões, tudo numa cidadezinha pacata e que sofre as consequências da revolução cubana, mas sem entender direito seus motivos. É um livro bom pra ver o impacto da revolução na população e o quanto isso influenciou a mentalidades dos jovens daquela época.
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Vanessa.Vetritti 17/08/2023

A escrita do autor é bem marcante, incomoda em levantar alguns aspectos humanos e sociais que impactam demais ao longo da leitura
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Lucas.Santos 18/11/2021

Eu amei toda a ambientação e o contexto de Cuba que esse livro trouxe. Os temas abordados são muito importantes. A homofobia incentivada por Fidel, a repressão da arte, a fome... e não só isso como também a "moral" da população, a questão dos imigrantes em Cuba. O lado mais podre e cru da revolução é escancarado aqui. O único problema que eu tive na leitura foi detestar o personagem que é autobiográfico kkkk Era o ponto de vista que menos me interessava e isso me dava nojo do autor em alguns momentos, mas acho que esse sentimento faz parte da leitura. Nojo.
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Amanda Hryniewicz 17/07/2020

Esse livro, ambientado em Cuba e com o plano de fundo da revolução socialista, nos apresenta a dois personagens. Um deles é Pedro Juan, um homem violento, bruto, que não aceita autoridade, apático ao mundo e que vive pelas mulheres e pelo rum. O outro é Fabián, quieto, pianista, vive pela arte e é homossexual. A vida deles se cruzam em alguns momentos e é mostrado como elas, apesar de muito diferentes, padecem sobre o mesmo regime sociopolítico.


A escrita do livro é muito seca e rápida, e acaba passando por muitos pontos. Algo que me chamou muito atenção foi a descrição da vida dos trabalhadores em uma fábrica que, apesar do regime socialista, Fabián pensa que um proletário continua sendo um proletário, um escravo miserável, ignorante e inculto.

O livro também expõe a necessidade que o governo teve de fazer os ?bons costumes? prevalecerem, com a censura discreta mas direta. Isso em especial trouxe consequências duras pros personagens e, para mim, levantou questões acerca da necessidade da arte pela vida ao ver como os personagens foram desumanizados com o tempo nesse contexto.

Sinceramente, eu não gostei de nenhum dos personagens, em especial de Pedro Juan que me deu muita aversão. Entretanto, isso me fez procurar respostas no contexto repressivo que eles compartilharam e que os moldou para os estados em que se encontram.

A leitura me deu muita coisa pra pensar, junto com uma escrita fácil e direta. Foi enriquecedor viver nesses personagens em um contexto histórico tão diferente do meu e recomendo essa leitura!
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Mari 18/07/2020

Um livro bonito, triste e instigante que retrata como era viver em Cuba antes, durante e depois da Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e Che Guevara. Através dos personagens, principalmente Fabián (por ser homossexual), vemos como era asfixiante viver sob tal regime. Se os outros livros do autor também forem assim, não é à toa que pouquíssimos foram publicados na ilha.

"A humanidade está sentada em um trono de sangue e dor. A verdadeira história nunca pode ser conhecida a fundo porque sempre há muitas mãos manipulando, escondendo, torcendo os fatos e, principalmente, os rastros que os acontecimentos deixam."

Como o livro é curto e a linguagem fácil, a leitura flui bastante, só não li em uma sentada, porque queria sentí-lo mesmo. Ele foca no dualismo entre Fabián e Pedro Juan (baseado no próprio autor) para nos mostrar como era viver em Cuba nos anos 60 e 70. Apesar de parecerem pessoas totalmente opostas, eram consideradas iguais por aquele governo opressor, que via a ambos como subversivos: o primeiro pela sua sexualidade e o outro por sua vida boêmia. Dessa forma, é muito interessante acompanhar a amizade que acaba sendo construída entre os dois.
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Sarah 22/07/2020

Um dos favoritos do ano
A forma que Pedro Juan Gutierrez conta como a revolução cubana mudou a forma de vida da população do país, focando nas histórias de Pedro Juan e de Fabián é incrível.

Com críticas ao regime adotado, o livro tem um contexto histórico maravilhoso e nem um pouco maçante.

Adorei a ?honestidade? dos personagens, de se assumirem como são, seja contra a religião, família ou ao regime, ou seja sendo gay e expressando os seus desejos carnais.

Enfim, foi o meu primeiro contato com o autor e posso dizer que estou apaixonada.

Devo registrar que alguns momentos fiquei incomodada com o uso do ?veado? ou o ?gorda? em contextos pejorativos. Talvez o autor quisesse representar os diálogos da época... O que não deixou de soar estranho. Enfim, preciso pensar sobre isso.
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