P. H. de Aragão 12/10/2021O nome dele era Chuck PalahniukÉ praticamente unanimidade que Clube da Luta 1 é um trabalho muuuito louco - muito louco no bom sentido. E podemos dizer o mesmo do Clube 2 - só que num mau sentido.
A simplicidade de ourobouros que o livro original possui é subvertida nesta sequência em quadrinhos, como uma obra cheia de pontas soltas e um terceiro ato tão aberto que nem parece que existe.
Ainda assim, não se pode dizer que Chuck Palahniuk perdeu a mão. Ele sabia o que estava fazendo aqui, criando caos e destruição onde antes havia ordem. Se Clube 1 tivesse uma face, seria a do belo Cara de Anjo antes da primeira surra. E depois de dez anos de pancada, a cara dele vira o feio e disforme Clube 2 - embora impecavelmente ilustrado por Cameron Stewart.
Como mostrado na própria obra, em sua parte metalinguística, o escritor teve coragem de ir muito além do que se esperava de uma continuação de um livro/filme estupendo, entregando algo longe do que o consagrou. Mas como em uma luta suja num porão escuro, apenas coragem não garante vitória.
Em Clube da Luta 2, Palahniuk perde a briga dentro da sua própria mente, entregando um trabalho irregular e confuso. Nós perdemos o apego ao autor e às concepções que temos dos personagens e da história original. Mas, sem dúvida, ganhamos uma experiência de leitura disruptiva.
No fim das contas, o Clube da Luta tem o sentido que cada um queira lhe dar.
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