helmalu 31/01/2017Não se enganem pela capa; não é uma estória fofinha"Todas sabiam que deviam se sentir diferentes naquela vida nova, mas sentiam-se as mesmas de sempre e isso as deixava no limite." (p. 37)
Quando escolhi este livro para ler, esperava dele muitas coisas. Não posso dizer que o livro não cumpriu o que promete, mas também não posso dizer que terminei a leitura apaixonada pela narrativa e pela escrita de Jennifer Close. A verdade é que o enredo de Garotas de vestido branco me chamou a atenção pelo fato de abordar temas que eu tenho vivenciado nos últimos anos: a escolha da profissão, morar sozinha, amizades que vem e que vão, começos e términos de namoro...
Quem nunca teve dúvidas sobre a faculdade que escolheria? Quem nunca soube que aquele crush era o cara errado, mas mesmo assim continuou insistindo? Quem nunca passou por dificuldades financeiras no início da vida adulta? Acho que uma hora ou outra passaremos por algumas dessas situações em nossas vidas.
Lauren, Isabella e Mary são as protagonistas da estória. O leitor acompanha a vida delas desde a faculdade até os trinta anos, mais ou menos. Não há um enredo fixo, só a vida delas que se desenrola. Percebi que há um foco maior em Isabella, pois a narrativa começa e termina com capítulos sobre ela. A narração é em 3ª pessoa, diga-se de passagem.
"Isabella fazia um pedido para JonBenét sempre que jogava moedas em algum chafariz, quando soprava cílios e quando o relógio mostrava 11h11. Pedia que ela estivesse casada. Pedia que tivesse um casamento lindo. Pedia que fosse feliz." (p. 61)
Um dos arcos da estória é a vida amorosa das personagens. Na verdade, o foco do livro todo é a vida amorosa. Em alguns poucos momentos nos deparamos com questões que fogem desse tema, que é o caso da vida profissional de Lauren, que não vai nada bem ou da Abby que tem vergonha do modo de vida dos pais hippies. Mas, no geral, temos um bando de mulheres preocupadas com o fato de as amigas estarem casando e elas não, odiando tudo o que envolve casamentos, chás de panelas e bebês, no que parece ser o mais puro recalque.
Vocês podem estar achando que eu odiei o livro diante do que expus até aqui. O que acontece é que esse livro me deixou desconcertada, pois, por mais que eu tenha terminado a leitura sem sentir nada em relação às personagens, não posso negar que tudo que li é muito verdadeiro. Me identifiquei com muitos dos acontecimentos da vida delas: os chás de panelas chatos e constrangedores, os encontros com caras que, à primeira vista pareciam príncipes, mas que depois de alguns drinques ou alguns encontros embaraçosos se mostram verdadeiros babacas, a dúvida se a profissão que escolheu é a certa, se a pessoa com quem estamos é a que passaremos o resto de nossas vidas ou se realmente somos valorizadas em nossos empregos.
"Nova York fazia Abby feliz. E achava que isso acontecia porque ela não era nem de longe a pessoa mais estranha ali. Cada dia que passava na cidade a fazia relaxar um pouco mais, e logo ela parou de olhar em volta e se perguntar o que as pessoas achavam dela. Saía do apartamento sem se olhar no espelho cem vezes, e, quando tropeçava na rua, nem ficava constrangida." (p. 68)
Enfim, este é um livro sobre mulheres para mulheres. Um enredo que já deve ter sido abordado em muitos filmes ou séries da mesma forma superficial com a qual foi abordada aqui. Ou seja, nenhuma novidade.
Apesar dos pesares, achei a edição muito bonita, a capa e tudo o mais. Falando em edição, não posso deixar de comentar os erros de revisão, só eu contei oito. OITO. Além disso, as muitas personagens me deixaram confusa, pois por mais que tenhamos o foco em três, muitas outras vão sendo adicionadas ao longo do livro e também ganham capítulos de ponto de vista. Chegou a um ponto em que eu não sabia quem era a personagem em questão. Muito confuso.
Apesar disso tudo, eu recomendo esse livro para quem gosta de romances do tipo chick-lit, na verdade não sei se nesse caso se encaixa nessa categoria já que a atmosfera do livro é um pouco pesada, sempre imaginei que chick-lits seriam mais "bobinhos", divertidos, e esse livro em questão se mostrou bem sério em alguns momentos. Desculpem minha ignorância em relação aos novos gêneros literários, em algum momento da minha vida eu me engalhei nos clássicos e não consigo mais me desvencilhar.
"Não foi para isso que Lauren fez faculdade. Não era onde deveria estar. Aqueles não eram o tipo de pessoas que devia ter por perto." (p. 112)
Um último comentário que quero fazer, e que acredito ser importante, é o fato de Garotas de vestido branco ser a "estreia literária" da autora, como diz o comentário da capa desta edição. Criei bastante expectativa ao ler esse comentário e, principalmente, depois de ler a orelha do livro e me deparar com o fato de a autora ser Mestre em escrita criativa, uau! Mesmo tendo achado que o livro não está nem perto de ser uma "perfeita estreia literária", acho que ela tem talento pro ramo, sim, só precisa melhorar um pouco o enredo, já que as personagens, a meu ver, são bem construídas, por mais que eu não tenha morrido de amores por elas.
CLOSE, Jennifer. Garotas de vestido branco. (Tradução de Camila Mello). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 280 p.
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