Nathan Oliveira 06/02/2020
"Quando era criança, eu sonhava com monstros. Não preciso mais sonhar."
Recentemente eu descobri que a Editora Leya havia publicado uma nova trilogia do universo Alien e que seria meio que uma expansão da estória já apresentada em O Oitavo Passageiro. E assim que eu vi as diversas críticas positivas a respeito desse primeiro volume, Surgido das Sombras, eu pensei ''nossa, tomara que tenha a mesma pegada de O Oitavo Passageiro''. Mas acontece que não é bem assim. Alien: Surgido das Sombras conta a estória da tripulação da Marion, uma nave de mineração que está em uma missão no planeta LV178, em busca de um metal raro. Mas então, após um acidente e a descoberta de Xenomorfos em uma nave que atracou na Marion, a tripulação precisa arranjar uma forma de reparar os danos enquanto tentam sobreviver á ameaça dos alienígenas.
''Nenhuma experiência, confiança, dureza ou teimosia podia evitar o destino."
Eu sinceramente acho que esse livro tinha tudo para ser incrível como O Oitavo Passageiro, mas acontece que Surgido das Sombras tem vários problemas. Primeiro, a narrativa é em certos momentos bem arrastada, tem muita descrição de cena, descrição de procedimentos da nave e etc e etc....resumindo, chato pra caramba. E sem falar que cenas em que ''uma certa personagem'' está sonhando que para mim acabou ficando uma coisa totalmente aleatória e sem importância nenhuma. Eu não senti que a narrativa fluiu bem para mim (tirando as cenas em que há confronto entre a tripulação e os Xenomorfos (que convenhamos que não chegam nem perto das de O Oitavo Passageiro). E não é culpa da escrita de Tim Lebbon em si, mas sim a decisão dele em focar em coisas desnecessárias ao meu ver, ao invés de manter o holofote na tripulação e sua batalha pela sobrevivência em meio aos Xenomorfos.
"Talvez as coisas malditas nunca morram."
Agora quanto as personagens, acho que nem preciso me aprofundar no assunto, já que obviamente, se tratando do universo Alien, é de lei que nenhum dos personagens secundários sobrevive no final (nossa..jura ?). Os únicos que tem certa importância no livro são o Chris Hooper (eu nem lembro o cargo dele na Marion) e a querida Ripley (É...mais ou menos) Mas colocando de lado o restante da tripulação, que só serviu pra morrer e mais nada, o Hooper e a Ripley são os dois personagens cujas perspectivas nós acompanhamos ao longo de toda a estória. E eu não consigo falar desses personagens a não ser para esculhambar então lá vai. O que primeiramente me incomodou foi o fato de o autor colocar a Ripley no meio da estória, a bichinha já não sofreu demais em O Oitavo Passageiro, qual a necessidade de enfiar ela nesse livro, sem mais nem menos. (Para atrair *cof *cof mais *cof *cof leitores) Outra coisa bem chata foi o que eu mencionei anteriormente a respeito dos pesadelos que a Ripley tem durante o livro todo, nossa que bagulho chato hein ?
O Hooper também não salva muito, é o típico cara com um ''passado que o assombra'' que na realidade é só o fato de ele ser um otário que largou a mulher e os filhos para focar só no trabalho no espaço. Outro ponto negativo foi esse romance meio insinuado entre o Hooper e a Ripley (e que na verdade não é nada por que é só idealizado na cabeça do Hooper, que se vê atraído pela força e determinação da Ripley e aquela lenga lenga toda.) Me pareceu que o autor não sabia o que fazer com os personagens e inventou essa paquera entre os dois que no final não teve relevância alguma. Acho que surpreendentemente, se eu tivesse que tirar leite de pedra e escolher um personagem que ao meu ver foi bem satisfatório, é o Ash (que na real não é um personagem em si, mas uma inteligência artificial). Mas eu achei até que interessante a forma como ele - sendo uma máquina e consequentemente sem sentimentos, dúvidas e quaisquer outros fatores que o identificaria como humano - em alguns momentos chega a se auto-questionar sobre várias coisas e essa ideia de que talvez o Ash não fosse inteiramente uma inteligência artificial ou talvez uma inteligência artificial com traços de humanidade em sua programação.
''A esperança diante do desespero era o que fazia com que todos seguissem em frente.''
Eu fui absolutamente decepcionado com Alien: Surgido das Sombras, acho que o que mais pecou nesse livro foi a intenção do autor de querer resgatar a mesma vibe de O Oitavo Passageiro, ao invés de tentar criar uma estória que caminhasse com os próprios pés. E sem mencionar também que muita coisa aqui poderia ter sido filtrada, deixando uma estória mais focada digamos assim nos elementos de terror e suspense. Uma pena, pois eu realmente queria ter gostado ao ponto de ler os outros dois, mas infelizmente não vai rolar. E acho que para mim, já deu de naves espacias e Xenomorfos.