Rub.88 21/01/2021Os Elóis e os MorlocksImagine uma pista de corrida oval que tenha 100 quilômetros de extensão. Agora coloque na equação um veiculo que corra 100 quilômetros por hora. Quanto tempo ele levara para completar uma volta no circuito hipotético? Fácil. Uma hora. Agora se essa maquina correr a 200 quilômetros por hora fara o trajeto em 30 minutos. Logica elementar. E se aumentar para 400 quilômetros cortara o tempo da corrida pela metade. A 800 quilômetros horários chegara mais rápido ainda ao ponto de chegada que também é o ponto de partida. E sempre seguindo essa progressão geométrica; 1600, 3200, 6400, 128 mil quilômetros, e sempre dobrando a velocidade e diminuindo o tempo que vai levar para completar o percurso. Em algum momento, seguindo essa teoria, o nosso veiculo imaginário ultrapassara a linha de chegada antes de mesmo dar a largada. Mais maluco e confuso ainda seria ele bate-se em si mesmo provocando o temido paradoxo temporal, onde impediria a própria viagem do tempo antes mesmo que dela começar.... Entenderam?!
No livro A Maquina do Tempo de H. G. Wells a explicação para deslocação temporal da matéria e tão curta e duvidosa quanto a minha. O importante na estória escrita no longínquo ano de 1895 é imagem que o autor dá para evolução, ou seria mais adequado dizer decadência, da espécie humana.
Narrado em forma de testemunho dado ao um grupo de convidados para o jantar e devidamente anotado por um desses convivas, o viajante do tempo conta da sua invenção e da sua inicial e muito pouco planejada viagem através das eras. Num futuro tão distante que a data é um exagero de zeros, habitam dois tipo de criaturas; Os Elóis e os Morlocks.
E nesse ambiente com construções em ruinas e dias quentes, o conto de terror tem inicio como nas clássicas estórias que começam com um final de semana numa casa a beira do lago congelado ou de um acampamento numa floresta amaldiçoada. Pois para minha supressa o magro romance, que num prefacio dentro dessa edição escrita pelo autor, datada de 1931, lamentada da necessidade do lançamento rápido da obra por motivos financeiros, é de horror! Muita angustia, desespero e batalhas contra os perigos da noite estão nessas poucas paginas.
Incrível que a fascinação e o medo das pessoas do futuro não estão na metafísica maquina do tempo, mas no fogo. Uma simples caixa de fosforo é mais útil do que uma gerigonça que serve para ir do ontem para o amanha ou vice e versa.