Ivy (De repente, no último livro) 27/01/2017
Amei, uma história bem escrita e com um ritmo intenso...
Há autores que escrevem de maneira tão absolutamente perfeita que, após terminar o livro, sentimos que nenhum outro será capaz de substituir aquela história, e as cenas do que lemos e sentimos parecem fazer eco na nossa mente. Denise Flaibam é um desses novos talentos que consegue escrever histórias que não apenas prendem o leitor, suas histórias arrebatam, simplesmente.
Amo fantasias porém, a temática dos zumbis, sempre foi a que menos me chamou a atenção. Não sei, não achava interessante a história de um monte de mortos vivos que não falam, não possuem sentimento algum e vivem de comer carne humana e do outro lado geralmente um grupo de sobreviventes simplesmente tentando sobreviver e tendo que ir à guerra contra os mortos-vivos. Após maratonas de Resident Evil ao lado do meu marido, ler livros sobre apocalipse zumbi não me apeteciam definitivamente. Mas, é Denise Flaibam que escreve e com essa autora, qualquer história se torna interessante.
Dessa autora já li A Profecia de Midria, que por certo me encantou porém, confesso, As coisas que perdemos até aqui se tornou meu favorito, mostrando que a escrita de Denise evolui mais e mais com cada livro.
As coisas que perdemos nos imerge em um mundo pós apocalíptico, aonde uma infecção transformou a humanidade e destruiu a civilização. Pais, mães, familias inteiras se converteram em zumbis, meros mortos vivos, vagando sem rumo pela escuridão da noite. Durante o dia, a luz do sol os deixa fragilizados, e é essa a oportunidade que os poucos sobreviventes da praga tem para escapar para algum lugar dito como seguro.
Max, um garotinho esperto e doce, está sozinho. Desde que o governo isolou a cidade em quarentena, Max não viu mais a sua familia. Ele não sabe o que aconteceu com eles, e sua única companhia é a sua babá, Dylan, de dezoito anos, que se encontra na mesma situação que Max.
Por causa do caos da epidemia, o governo decidiu fechar áreas inteiras, em quarentena, mantendo infectados e não infectados em um mesmo espaço, praticamente lutando pela sobrevivência.
Dylan e Max conseguem escapar da zona de quarentena com a ajuda de Doug, um jovem militar.
Doug dá instruções claras à Dylan: ela deve fugir das zonas de quarentena e avançar para o Norte, pois ali encontrará uma zona segura e alguém esperando por eles, os sobreviventes.
Dylan e o pequeno Max partem então rumo ao desconhecido, movidos por um fio de esperança em um mundo hostil tomado pelo caos.
Os caminhos deles cruzarão com os de outros sobreviventes, e protegidos pelas cercas de uma velha escola, Dylan, Max e os outros deverão enfrentar não apenas criaturas famintas, mas também as próprias dificuldades para sobreviver em um cenário de completa devastação. A falta de eletricidade, de comida e de armas, a convivência entre um grupo de pessoas estranhas unidas por uma tragédia, os segredos e dores de cada um, se tornarão pouco a pouco em obstáculos tão mortais quanto os próprios mortos vivos do outro lado da cerca.
Até quando Dylan, Max e os outros conseguirão esconder-se dentro da escola? O destino seguro é para o Norte e Dylan sabe disso. Porém, e se não houver mais lugar seguro? A contaminação avança enquanto a esperança dos poucos sobreviventes se torna cada vez mais desesperadora, e enquanto as cercas da escola protegem os poucos ainda vivos, eles descobrirão que baixar a guarda, ainda que um pouquinho, é sempre fatal.
Alucinante e absolutamente genial, viciante, cheio de reviravoltas que deixam o leitor arrepiado, cheio de ação e com cenas brutais, a autora não tem pena do leitor. Após iniciar o livro, é impossível largar pois a história vai se tornando mais e mais emocionante à cada capitulo e as reviravoltas na trama são tão repentinas que o leitor fica em choque, se sentindo ele mesmo parte daquele cenário, vivenciando aquele pesadelo zumbi ao lado dos personagens.
Os personagens são tantos e tão variados que realmente acabamos nos identificando com mais de um. Max, Dylan, Benjy, Taylor, Clark, Beatrice, Judith, Iris, Machete, Romero, Jack, Doc, Sally são apenas alguns dos personagens que entram e saem da trama mirabolante de As coisas que perdemos. Dylan e Benjy se tornaram os meus favoritos, justamente por serem os personagens que mais evoluíram no decorrer da trama, sofrendo ambos uma mudança radical de comportamento e deixando no leitor a curiosidade por seu desfecho definitivo.
A ambientação é assustadora. O leitor sente a desesperança à cada capitulo. O mundo está envolto em caos e os zumbis de As coisas que perdemos são agressivos, fortes, ágeis e violentos, capazes de tudo para conter a fome irracional que sentem. Embora não seja um livro de horror, mas sim uma distopia, há cenas e descrições que deixam o leitor tenso, ávido para chegar ao final e garantir que seu personagem favorito não tenha morrido...
Apesar da narrativa ser em terceira pessoa, algo que realmente não gosto, a escrita de Flaibam é tão bem trabalhada, envolvente e viciante que em nenhum momento senti dificuldade na leitura. É possível conhecer e compreender cada um dos personagens através da narrativa da autora e, ao tratar-se de um narrador onipresente, sabemos exatamente o que se passa e sente cada personagem, o que nos permite sentir-nos próximos à todos.
As coisas que perdemos é uma dualogia. Sua segunda parte, As coisas que encontramos está prevista para 2017.
site: http://aliceandthebooks.blogspot.com.br/2017/01/review-128-as-coisas-que-perdemos.html