Bibs | @queriaestarlendo 04/10/2016Zumbis, gore e muita emoçãoAs coisas que perdemos é o mais recente lançamento da Denise Flaibam e é o primeiro volume da duologia Fronteiras Artificiais. Inspirado em séries como Z Nation e Fear The Walking Dead e, ainda, games e filmes como Resident Evil, The Last of Us e Left for Dead.
No livro, logo no inicio, conhecemos Dylan e Max. Dylan é uma adolescente, tem uns 18 anos, e está presa em uma zona de quarentena com um casal de idosos e Max, o garoto de quem toma conta depois da escola. Quando a quarentena cai, Dylan precisa levar Max e fugir em direção ao lugar seguro do qual ouviu falar. O primeiro capítulo já começa com Dyl e Max sobrevivendo por conta própria há alguns dias quando eles são atacados por zumbis em um supermercado -- e por consequencia, salvos por um grupo de sobreviventes que estava por ali.
Esses sobreviventes se oferecem para ajudar a Dyl e o Max e os levam para um lugar seguro, uma escola onde várias pessoas sobrevivem juntas e mostram para a Dyl que é possível conviver naquele mundo. Nesse cenário conhecemos personagens secundários que são arrebatadores e extremamente interessantes, como os irmãos Benji e Clark, dois motoqueiros com passados misteriosos e obscuros, que vem sobrevivendo ao inferno muito antes do mundo acabar. Iris, uma mexicana que adora uma boa tequila. Beatrice, a líder desse grupo, e seu marido Jake. Os adolescentes Noah e Hannah, que acabam com zumbis com seus tacos de baseball e, que logo fazem amizade com a Dyl, e mais uma gama de personagens diversos que, a sua maneira, se desenvolvem e mostram a que vieram na história.
A única coisa certa é que o apocalipse chegou e não vai embora, e cabe aos sobreviventes encontrarem uma forma de se manterem em pé, mesmo que eles não saibam o que vem em seguida.
O livro traz questionamentos relevantes e fala especialmente sobre a esperança e o poder que ela tem nas nossas vidas. Esperança é algo muito forte e, quotanto presidente Snow de Jogos Vorazes, é a única coisa mais poderosa do que o medo. As pessoas fazem loucuras em nome da esperança.
É um livro que pergunta até onde você iria para sobreviver? Pelas pessoas que ama? O que vale a pena em um mundo que está morrendo? Sobreviver é o suficiente? Como continuar se a única perspectiva que temos é de lutar dia e noite para no fim morrer de toda forma? O que vale a pena manter em um mundo destruído? Qual é a real definição de ser humano? E de humanidade? O que realmente importa quando o mundo acaba? Já o título é bem autoexplicativo e fala sobre tudo que os sobreviventes vão perdendo ao longo do caminho enquanto tentam encontrar sentido naquele novo mundo, desde as coisas que acreditavam serem essenciais para a sobrevivência humana, até as coisas que os tornam humanos, como gentileza, compaixão e empatia.
Como todo livro da Denise, esse não poderia ser diferente, e as cenas de ação não deixam nada a desejar. Trazem adrenalina e mistério na medida certa e os fins de capítulo sempre deixam aquele gostinho de quero mais. O fim do livro traz um certo fechamento para os personagens, mas deixa uma brecha com perguntas sem respostas que devem ser respondidas no próximo volume.
É uma leitura intensa que faz rir e chorar ao mesmo tempo, com personagens cativantes e uma história bem escrita e desenvolvida. Também traz detalhes que só adicionam cada vez mais a história como a máscara do batman de Max e o cachorro de Benji, que em meio ao caos e a dor constante, nos lembram das coisas que eles podem encontrar no meio do caminho. Nem tudo está perdido.
É uma leitura nota cinco mais. Dos livros publicados da Denise, é o meu preferido. E espero que vocês possam ler e se apaixonar pelo Clark, pela Íris, pelo Taylor e a Dyl e o Benji como eu me apaixonei.
Para os amantes de zumbis é uma leitura da qual não vão se arrepender e quem busca algo mais denso, além do gore de cérebros e membros podres, vai se encontrar extremamente satisfeito com a história.