Victor 10/02/2011Kerouac e minha destreza debilitada na leituraleio muito devagar, estou com o mesmo livro nas mãos desde dezembro e não encontro tempo para termina-lo… além do tempo eu enfrento constantes divagações enquanto rolo meus olhos pelas linhas místicas de Kerouac em seus diários, diários belíssimos e tão simples quanto complexos em diferentes momentos que acabam justificando minhas divagações. estas últimas páginas fazem parte de uma seção poeticamente chamada de “Chuva & Rios” onde ele descreve todo o cenário americano desde planícies esmeraldas, árvores frondosas, ventos vespertinos e chuvas felizes a pântanos negros, rios lamacentos, neves infernais e frios dilacerantes que formam um tecido esfarrapado & manchado do que são - ou eram - os Estados Unidos no fim da década de 40 / início da de 50 e é a pedra fundamental de “On the Road”. acompanhado de Neal Cassady e Louanne-só-Louanne, Kerouac se esgueira por inúmeros buracos, rodoviárias, paisagens rachadas e carros envolto numa cortina de poeira e névoa enquanto rabisca seu caderno para nos legar anos depois um documento que não pode ser descrito de outra forma que não um relato extremamente honesto & empregnado de paixão de uma das vozes mais criativas da literatura americana, uma farpa dolorida no pé dos adoradores da forma augusta. a expressão não conhece limites.
alguns erros de datilografia e a tradução comprometem (bastante) a leitura e o entendimento dos expurgos de Kerouac e isso fica claro sempre que há uma facsimile de uma página original. é preciso ler alguns trechos em português pensando em inglês para que a rima e os jogos fonéticos - recursos tão explorados por Kerouac - não sejam perdidos.