Cristian 09/08/2021
Algumas impressões sobre Guerra dos Mundos de Wells (Livro e Filme)
Um scify histórico e que merece ser lido (principalmente por quem curte scify). Várias coisas ditas no texto são pequenas alfinetadas ao modo de vida humano que ainda possuem relevância - isso pra uma obra com 120 anos é muito bom! O timming do autor com os avanços do conhecimento científico da sua época são muito bons também, praticamente a invenção da noção de raio laser sem essa expressão.
Esta edição está muito bonita, com desenhos feitos para uma das edições antigas do início do séc. XX. O ensaio introdutório é excelente e fornece uma compreensão do contexto de escrita em que H G Wells estava, o que valoriza bastante o texto de Guerra dos Mundos, situando no seu tempo e estilo. O ensaio nos ajuda a perceber a relevância e impacto dessa obra no imaginário do séc. XX, e por que não, do nosso tempo ainda.
Uma sugestão para quem for encarar o livro é abrir o Google Maps para acompanhar a fuga do personagem pelas imediações de Londres, pois o autor escreveu para pessoas da Inglaterra, que conhecem bem a região, não imaginando que sua obra ganharia o mundo. Às vezes, ficamos meio perdidos com indicações de ruas, cidades colinas e lagos completamente desconhecidos. A editora bem que poderia fornecer um mini mapa como anexo, mostrando o percurso do personagem... Tá aí algo legal de se fazer e disponibilizar pra todos. Enfim, a experiência fica interessante se acompanhar o percurso, contudo, se você ignorar os lugares e só aceitar que o personagem segue daqui pra lá e adiante, também será legal (embora possa cansar de tantos nomes de lugares e ruas citadas). Mas siga em frente que é bacana.
Agora, há algo que incomoda mesmo, ao menos um pouco, para o nosso tempo (e pode ser cansativo para alguns leitores) é o estilo de narrativa que claramente arrasta um pouco a história e faz retomadas não muito relevantes para o desenvolvimento. Mas, é claro, não podemos esquecer que foi escrito no formato folhetim, isto é, cada capítulo foi publicado primeiramente em uma revista semanal, o que torna compreensível a realização de retomadas para que o leitor possa acompanhar a história sem que precise voltar à edição da semana anterior (nada diferente, se pensarmos assim, nas retomadas das séries de hoje).
Pra quem curte buscar filmografia de livros, a versão desse livro levada aos cinemas por Steven Spilberg é sem dúvida muito boa (com todos defeitos que a crítica sempre tem, algumas com razão). O filme não é exatamente a história do livro, pois o personagem é outro e encontra-se no EUA, enquanto no livro o personagem reside numa cidadezinha próxima à Londres. O filme é uma adaptação e uma atualização, pois a invasão ocorre nos dias de hoje e não em 1898 como no livro. Entretanto, para quem leu o livro, vai identificar vários elementos centrais da trama, seja no nome de um personagem que aparece, seja no comportamento dele. É divertido identificar essas semelhanças e diferenças com o livro. Se você não se importa muito com spoiler de trama, tenho a impressão de que ver o filme antes não tira a graça do livro.