Renato 20/11/2009Os Crimes da LuzSerá possível mensurar a luz que vem de Deus? Fazer uma pergunta como essa em pleno século XXI, quando a ciência já explicou praticamente tudo acerca da ótica e seus mistérios, não faz muito sentido. No entanto, perguntar isso em 1300, sob os olhos atentos da Inquisição, pode significar algo muito próximo da morte.
Novamente, o poeta Dante Alighieri é o personagem principal da história, mas desta vez menos sarcástico e mais emotivo que em Os Crimes do Mosaico. Próximo do fim de seu mandato como prior da cidade de Florença, Dante é surpreendido quando misteriosas mortes começam a assombrar a cidade de Florença, conhecida por sua liberdade intelectual. O mistério já é percebido bem no início do livro, quando uma bizarra embarcação repleta de cadáveres é encontrada encalhada nos pântanos do rio Arno. Junto aos cadáveres, um incompreensível conjunto de engrenagens é encontrado, sendo isso a pista inicial que conduzirá Dante por uma trilha de sangue, mortes inexplicáveis, sombras e, também, luz.
Assim como em Os Crimes do Mosaico, Giulio Leoni faz da fome pelo conhecimento científico e do fanatismo religioso da época o plano de fundo ideal para construir sua história, utilizando para isso também sua habilidade como prestidigitador.
O livro possui vários momentos interessantes que prendem a leitura. Às vezes, o leitor é levado a se perguntar “foi isso mesmo que li?”, no entanto, o que pode parecer inverossímil ou sem explicação no momento, é perfeitamente explicado no decorrer dos acontecimentos.
A meu ver, o final pareceu um pouco sem graça, mas para quem gosta de um bom thriller histórico, esta é uma ótima pedida.