Kennia Santos | @LendoDePijamas 31/12/2016Desculpe, não aborde polêmica se você não irá desenvolvê-la.Alina é uma garota normal. Boa filha, estudiosa e anda sempre na linha.
Quando passa para fazer faculdade em uma outra cidade, ela vê nisso uma oportunidade de começar de novo, sem estereótipos ou exigências perseguindo-a. O primeiro desafio com o qual se depara é viver em uma república. Acostumada com a privacidade e aconchego da casa dos pais, Alina se surpreende ao ir parar na "república dos loucos". É lá onde ela conhece Manu, uma aluna de Ciências sociais super simpática e extrovertida, Gustavo, o "riquinho" da Medicina que é super popular não só devido ao curso, mas também à família; e Talita e Bernardo, um casal que vira e mexe está se agarrando pelos cantos sem vergonha de ter platéia.
Após isso, vem outra questão: seu curso, Engenharia da computação, que possui muito mais homens do que mulheres, e estes costumam utilizar as mulheres como motivo de chacota pela escolha do curso de predomínio masculino.
É um baque muito grande. Mudanças muito grandes. Mas Alina decide enfrentar.
Será que Alina conseguirá sobreviver à essa avalanche de mudanças acontecendo simultaneamente?
Bom, quando, no começo do ano, foi divulgado que a Pam lançaria um livro, eu não fiquei empolgada, porque até então eu não lia muitos nacionais, e quando decidi quebrar esse preconceito, logo coloquei Boa noite na lista, afinal a Pam é a única booktuber que acompanho, e apesar de não concordar com tudo o que ela diz, gosto da forma como ela se expressa e se impõe diante de certas coisas. Comprei o livro na Bienal de São Paulo, fui a primeira (SIM, PRIMEIRA) da fila, conheci a Pam que é ainda mais linda e simpática do que nos vídeos. Enfim, quem acompanha sabe que ela gosta muito de assuntos polêmicos, e que autores como Jennifer Brown, Laurie Halse Anderson inspiraram-a.
Mas sabe qual foi o grande problema do livro? Ela quer abraçar TUDO de uma vez, sem TRABALHAR nisso. Nesse livro, é abordado: feminismo/machismo, homofobia, racismo, desigualdade social, relacionamento abusivo, "cultura do estupro"... sem apresentar propostas de intervenção, ou trabalhar o psicológico da vítima. Simplesmente é jogado na história. "Oi, tchau" e pronto. Coisa que não se faz, não com esse tipo de assunto. É comum encontrar falhas similares em romances New Adult/Young Adult, mas nesse tipo de livro? Não.
Tomemos como exemplo a Jennifer Brown. Ela escreveu "A lista negra" que aborda bullying, (e por sinal é o livro favorito da Pam) e discorre sobre isso o livro inteiro, trabalhando no personagem de forma minuciosa, passando ao leitor todos os sofrimentos, aflições e batalhas internas sofridas. Foram 272 páginas sofrendo e sentindo tudo o que a Valerie sofreu. A mesma coisa com Amor amargo, que envolve relacionamentos abusivos. É ASSIM que se faz com polêmica: se estuda não só ocorrências passadas, mas se estuda a vítima em seu estado psicológico, suas inconstâncias, fantasmas e dores e como ela expõe ou deixa de expor isso para a sociedade que está ao redor.
Não foi o que aconteceu em Boa noite.
No máximo, há uma "solução" para a questão das mulheres, mas ainda assim, faltou MUITO para fechar o assunto.
A escrita não é de todo mal, mas a imaturidade é perceptível.
Ela tentou inserir um romance clichezento no meio, mas nem disso eu consegui gostar porque foram tantos contras, que me deixaram atordoada com tamanho descaso.