O caso Meursault

O caso Meursault Kamel Daoud




Resenhas - O caso Meursault


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Matheus 04/03/2024

O que acontece quando um árabe é morto
No momento em que Moussa morre, sua família deixa de viver. Condenados a viver enlutados por essa tragédia, sem nem ter um corpo pra materializar o que se passou, Haroun e sua mãe passam a viver com esse fantasma, de alguém que se foi e não vai mais voltar, mas eles não podem se ajudar, então esperam. Não há outra coisa a fazer.

O livro mostra os efeitos de uma morte que, pra todo o resto do mundo, não teve importância alguma, mas que alterou o curso de uma família pra sempre. Haroun foi condenado a viver a vida do irmão, mas sem poder viver, para não correr o risco de ser morto. Sua mãe, condenada a sofrer pelo filho amado, que não voltou, e pela presença do filho errado, que não morreu. Não consigo evitar de pensar que se Haroun tivesse sido morto, Moussa sofreria do mesmo mal. É a tragédia que dói mais. É ter o filho arrancado, sem a menor cerimonia. É ter a vida revirada enquanto o mundo segue seu fluxo. É ver a dor exceder o amor.

Haroun se assemelha muito a Meursault em várias coisas, com uma diferença específica que instaura um abismo entre os dois: Haroun sente muito e não saberia viver de outra forma. Deseja uma condenação não por aceitar o que estava feito, mas por entender a gravidade de seu ato, por sentir o peso de uma vida sobre seus ombros, mais uma.

Camus perdeu de escrever sobre as consequências do crime de Meursault. Ainda bem que Daoud existe.
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Yuri.Nogueira 04/02/2024

A outra face da moeda
No mínimo marcante como o apreço pela inteligência intrapessoal pode nos transportar para um universo de divagações, que de individuais nada possuem, apenas para que vejamos nos outros aquilo que sentimos dentro de nós; ainda que tudo aquilo, apesar da linguagem, em palavras não possa ser descrito, para que em palavras de um texto há pouco conhecido, vejamos exemplificada uma parcela da angústia do mundo.

Em luto, literário e vingativo, tão estrangeiro quanto.
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bruna 28/06/2023

"É por isso que farei o que se fez neste país depois da sua independência: pegar uma a uma as pedras das velhas casas dos colonos e erguer com elas uma casa minha, uma língua minha"
vou elencar os pontos postivos que se destacaram pra mim:
- a descrição da situação política, a relação colonos x nativos, a guerra se libertação
- o impacto da morte do irmão na sociabilidade/socialização em Haroun e na relação com sua mãe
- a forma como o narrador faz você "esquecer" que o estrangeiro é ficção, de tão realista que tudo fica
- a ênfase que se dá ao leitor do livro
- os paralelos diretos com o estrangeiro

enfim, gostei muito do livro, ele propõe um diálogo muito pertinente com a obra do Camus e traz a tona questões que permeiam os debates atuais acerca da existência, achei um excelentíssimo complemento.
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Livrística 08/05/2023

Somos todos estrangeiros
A proposta desse livro é ser uma espécie de Spin Off de O Estrangeiro de Albert Camus. Então , comecei a leitura um pouco receosa por achar o projeto muito ambicioso , afinal Camus é um dos maiores do século XX e um dos meus preferidos.
Felizmente eu me surpreendi positivamente: o livro é cheio de frases marcantes , profundas , bem construídas. Uma obra muito reflexiva, cheia de camadas e que referencia não só O Estrangeiro como toda a obra do filósofo franco-argelino. Inclusive , Kamel Daoud opta por uma estrutura narrativa que evoca o livro A Queda, última obra de ficção lançada por Camus.
O livro ainda traz uma reflexão interessante sobre colonialismo, denunciando a invisibilidade e o desamparo do colonizado e sobre a Argélia pós independência.
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Paulo 06/12/2022

Prepotente e Vergonhoso
Não acredito que me dei ao luxo de perder tempo lendo algo assim.
Sem palavras, sem comentários.
Claramente o escritor pegou carona na onda e nem conseguiu entender o verdadeiro significado do livro de Camus.
Páginas e mais páginas de pura vergonha alheia.
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samguimas 09/11/2022

Para além da leitura da obra de Camus
O livro de Kamel Daoud é uma releitura essencial do clássico de Camus (O Estrangeiro). Sentimento bom de empatia com o povo argelino.
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Lívia 05/06/2022

O caso Meursault
"Essa desproporção entre a minha insignificância e a vastidão do mundo me choca."

Livro interessante.
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Rafa 30/04/2021

Para além de uma variante
O livro ultrapassa a ideia de traçar um paralelo entre o clássico de Camus e a versão argelina de Daoud. Isso porque, a obra abrange também a relação França x Argélia. Com isso, o autor consegue ampliar e aprofundar, de forma original, todas as reflexões exploradas em O Estrangeiro. Me arrisco a dizer que seria uma experiência incrível começar toda essa história pelo lado da vítima.
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Lendo no mato 13/04/2021

Sempre bom ouvir o outro lado.
Alguém anotou a placa????
?
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Chelly @leiodetudo 27/08/2020

Livro resposta ao O Estrangeiro do Albert Camus
Esse livro é uma versão de uma pessoa envolvida com um fato que acontece no livro do Camus. Não quero dar spoiler. O estrangeiro é um livro bom, mas pra mim O caso Meursault foi muito melhor.
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Pedro Felipe 18/08/2020

"HOJE MAMÃE AINDA está viva.
Ela não fala mais, mas poderia contar muitas coisas.
Ao contrário de mim, que de tanto remoer essa história já quase nem
me lembro dela"
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André Vedder 29/07/2020

Esperava um pouco mais do livro, pois o autor nos dá uma premissa interessante ao abordar a obra de Camus.
Mas achei em alguns momentos a narrativa um pouco maçante, apesar de no geral ela ser boa, com alguns ótimos raciocínios.
Por fim, como o livro é curto, então digo que vale a pena a leitura.

"Na verdade, o amor é como um animal celeste que me dá medo. Vejo-o a devorar as pessoas, duas a duas, fascinando-as com a ilusão da eternidade, cercá-las dentro de uma espécie de casulo para depois aspirá-las para o céu e descartar suas carcaças no chão, como cascas."
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Val Alves 19/07/2020

Um mundo cheio de estrangeiros
O escritor argelino Kamel Daoud se propôs a um projeto ambicioso: recontar O estrangeiro de Camus pela perspectiva de outro personagem: o árabe assassinado. Afinal, quem era ele? Onde vivia? Quem era sua família?
O texto de Daoud é maravilhoso, profundo, envolvente. Ao contrário do personagem de Camus que é apático, misterioso e inexpressivo, o 'estrangeiro de Daoud é intenso, indignado, claustrofóbico, expressivo e questionador. Ele dá voz aos nossos questionamentos ao ler O estrangeiro.

"O assassinato que cometeu parece o de um amante decepcionado com uma terra que ele não conseguiu possuir. Como deve ter sofrido, o pobre! Ser filho de um lugar que não o deu a luz."

Atenção: Podem ser consideradas spoilers as observações a seguir!

O narrador dessa versão é o irmão da vítima, uma pessoa que teve sua vida totalmente mudada após essal tragédia. Além de ter se tornado quase um órfão, pois era o irmão quem assumira o lugar do pai ausente, ele passa a viver à sombra de um irmão que não existe mais e ele próprio se sente como se não existisse mais, como se morto em vida.

Ele e a mãe procuraram por toda a cidade na esperança de encontrarem Moussa, e ela, obsessiva pedia ao jovem que lesse todos os dias qualquer fragmento de notícias de jornais que poderiam dar pistas sobre o desaparecimento do primogênito. Até mesmo um enterro simbólico fizeram. Sentimentos ambivalentes obscureceram sua vida: por um lado sentia indignação de que o autor do crime tivesse escrito um livro contando de forma fria e despreocupada como tirou a vida do irmão - esse que sequer foi nomeado por ele nem pelos jornais!
Era apenas "o árabe" abatido numa praia por uma pessoa que sequer o conhecia e nem tinha uma argumentação aceitável para seu ato, alegando ter cometido o crime num momento de confusão mental "porque o sol estava muito quente"; além de o julgamento ter sido permeado por uma questão que sequer dava destaque ao assassinato e sim ao comportamento do criminoso perante outro acontecimento de sua vida. Por outro lado, o rapaz era consumido pelo ódio que sentia da posição que assumira no mundo devido a essa tragédia. Ele então começa a se sentir um estrangeiro na própria pele e odiar a lembrança do irmão. É preciso que alguém o escute para que tenha uma possibilidade de libertação.

As entrelinhas revelam a existência de algum conflito étnico, político e cultural entre argelinos e franceses, já que o acontecido foi em meados da revolução argelina contra a dominação francesa em 1962. Talvez seja interessnte ao leitor -além de conhecer O estrangeiro- pesquisar sobre a revolução argelina antes de ler o livro para se inteirar mais à estória.

Excelente leitura! Já está entre os favoritos.
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Tony 05/07/2020

Estrangeiro
Tentativa frustrada de recriar uma sequência de um grande clássico
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DaniM 25/05/2020

Em “O Estrangeiro”, Camus faz seu narrador Meursault contar sobre um crime que ele cometeu na Argélia colonial. Em “O Caso Meursault”, Daoud se propôs a colocar o irmão da vítima deste crime como narrador em seu livro. A proposta é ousada e o resultado é incrível. Um livro maravilhoso, onde sabemos quem foi ‘o árabe’ sem nome de Camus e passeamos pela Argélia pré e pós guerra da Libertação. O que poderia ser apenas um eco do livro genial de Camus se revela uma história riquíssima e envolvente, ambientada num universo diverso, mas tão difícil de compreender quanto o descrito em O Estrangeiro.
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