Maria - Blog Pétalas de Liberdade 17/10/2016Resenha para o blog Pétalas de Liberdade "- É sempre virose, maresia ou mau contato.
- Ou saudade." (página 55)
Eu não me lembro ao certo o que me fez solicitar esse livro da parceria com a editora, talvez a capa, talvez o título, o fato é que, enquanto o livro não chegava, eu li uma resenha que me deixou em dúvida se teria feito uma boa escolha de leitura. O que lhes digo hoje é sim, "Cravos" é um livro que merece ser lido, especialmente pela forma como foi escrito, passando tanta verdade para o leitor, tornando tão fácil nos identificarmos com o que é dito que até me senti lendo uma crônica, mas na verdade é um romance.
Um romance narrado por uma mulher, de quem pouco se sabe, idade ou nome não são ditos, o que se sabe, além de seu amor pela dança, é que ela ama um homem, um amor que proporciona um relacionamento cheio de idas e vindas, de encontros e desencontros. Um homem que a deixa esperando por horas, mas que quando chega cheio de histórias e desculpas, faz com que a decepção pela demora desapareça por um tempo. Um homem com uma personalidade diferente da dela. Um homem que ganhou seu coração, mas que não sabe permanecer ao seu lado (mas não pense que ela vai ficar parada esperando que ele volte, há um mundo inteiro para se conhecer, diversos espetáculos para ver).
"Você atende uma chamada e logo topa alguma coisa que começa em meia hora até perceber que estou 'com uma carinha', dá pra ouvir suas reticências quando levanta com as mãos o meu rosto. É de outono, interrompo. É a minha cara de outono." (página 14)
Tenho certeza que qualquer leitor vai se identificar com alguma parte da história, mesmo que não tenha vivido, vai se lembrar de alguma situação que um amigo viveu ou que viu na TV. Se for um leitor que goste de balé, provavelmente vai se identificar ainda mais, pois há várias referências à dança.
Sobre a edição: capa bonita, com uma textura meio aveludada, páginas amareladas, ótima revisão, letras, espaçamento e diagramação de bom tamanho.
Em algumas páginas, há apenas uma ou duas frases, mas "Cravos" já me ganhou justamente pela primeira página ao me encantar pela forma descritiva e cheia de emoção da narrativa. Da metade para o final, a trama, já fragmentada, ficou um pouco mais subjetiva para mim, o que impediu que eu o favoritasse.
"Numa tentativa de reconstrução, pergunto ao sujeito da barraca de plantas se ele tem hortelã e depois de uma panorâmica sobre o local ele responde 'não, mas tenho begônias'. Fico tentada por essa lei da compensação, mas confesso que não entendo bem como ela pode funcionar - especialmente porque nadar não tem me salvado de me afogar na saudade que sinto de certos gestos." (página 67)
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