Brina.nm 01/06/2017Muita coisa em um livro só. Sarah é uma menina forte e determinada, que aos 23 anos faz faculdade de fisioterapia, cuida do pai cadeirante, ajuda a mãe no carrinho de cachorro-quente e ainda trabalha em um hospital. Ela não tem tempo para muitas futilidades, e ainda sonha em encontrar o amor verdadeiro, que não é Andreas com certeza, o rapaz perfeito que vive correndo atrás dela e esperando que ela o aceite como namorado.
Ao visitar uma academia para uma aula especial da faculdade ela conhece Hans, um lutador de Boxe aposentado que não é muito sociável e exibido, e pela primeira vez ela sente algo diferente ao observá-lo, seria ele o homem que ela sempre estava procurando? Será que seu dom de ‘vidente’ como Estrelas da Manhã irá atrapalhar um possível relacionamento entre eles? Será que os segredos que ambos carregam podem atrapalhar esse sentimento que está cada vez mais forte?
“Era um campeão, uma muralha, e Sarah era um golpe perfeito, executado com força, velocidade e precisão. Naquele dia, a luta entre a razão e o coração havia terminado: a razão estava na lona.”
Morgenstern foi uma leitura que eu demorei muito em finalizar, por mais que eu tentasse me aproximar mais da história e dos personagens isso simplesmente não acontecia. Então aqui vocês vão encontrar uma resenha sincera, mas lembrem-se que é apenas a minha opinião, e mesmo que eu não tenha gostado não significa que vocês não podem gostar da obra.
Sarah é uma protagonista encantadora, cética com toda essa questão de vidente de visões ela demora um pouco para entrar na nessa vibe, e isso foi um ponto bem forte já que ela vai gradualmente entendendo o que está acontecendo ao seu redor e só assim entende quem ela é e o que precisa fazer. Ainda que em alguns momentos tome atitudes um pouco questionáveis eu me apeguei bastante a ela por ser uma mulher forte que está disposta sempre a ajudar e a perdoar, uma pena que tenha sofrido tanto no livro rsrsrs
Hans é uma muralha de lamentações (desculpe o trocadilho ruim hahaha). Ele é o típico protagonista que sofreu uma desilusão no passado e se fechou pro amor, cético em 99% do livro ele sempre está esperando o pior sempre, mas ainda assim é alguém por quem você se aproxima, ainda mais sendo tão romântico e fazendo o melhor para proteger Sarah sempre, mesmo que pra isso tenha que sacrificar sua vida ou felicidade.
Mas o personagem que eu mais gostei em todo o livro foi mesmo o Sr Antônio, o ‘Véio’ como é chamado por alguns personagens é um amor. Ele esbanja sabedoria e sua crença no amor verdadeiro com base em tudo que viveu com a esposa é no mínimo lindo e apaixonante. Eu adorei todos os momentos que ele dava um chacoalhão no alemão para se ligar que poderia perder a Sarah, e que deveria dar mais valor naquilo que estava sentindo. Sua história com certeza foi uma das mais bem desenvolvidas pela autora e eu gostei muito de toda a trajetória que ele percorreu no livro.
Mas, como nem tudo são flores…
A autora peca no excesso de plot twist’s na narrativa, e isso me deixa bastante triste porque estou percebendo que é um recurso que muitos autores estão usando em seus livros (e muita gente está adorando). Acontece um ‘BUM!’ toda hora na histórias, várias informações impactantes a todo momento, e na maioria delas não foi construído um caminho para aquilo acontecer, você está no meio de uma cena e pá! acontece algo impactante que você fala, “isso era mesmo necessário?”, várias mortes, vários acontecimentos e decisões ali pra mim poderiam ter sido resumidas e descartas, de modo a deixar a história com uma carga mais leve, mostrando também que o amadurecimento do relacionamento e das personalidades do casal não precisam ser diretamente ligadas à esses acontecimentos marcantes e sim uma evolução natural e gradual.
“Porque quando a velhice realmente chegar, tudo que você julga importante agora passará a ser mera lembrança. Já o amor, Campeão, ele é eterno, não envelhece e nos faz sentir verdadeiramente vivos.”
Há muitos personagens também na história, como há várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, em uma narrativa de 3ª pessoa, às vezes fica um pouco confuso sob o ponto de vista de quem estamos vendo o que está acontecendo naquele momento, necessitando assim uma atenção redobrada do leitor à narrativa. Muitos personagens ficaram com a história aberta, outros tiveram um ‘fim’ que não mereciam e outros tinham um potencial bem bacana mas não foram muito bem explorados, assim como o tema da ‘Estrela da manhã’ que – na minha opinião – ficou um pouco de escanteio com todas as ‘desgraças’ que aconteceram na história.
Enfim, Morgenstern pra mim não foi uma leitura muito proveitosa, eu realmente achei a história muito forçada em alguns pontos e com o excesso de plot twist eu ficava ‘rindo de nervoso’ porque não sabia mais o que poderia acontecer naquele livro, é mais ou menos um caso de ‘desgraça pouca é bobagem na vida da Sarah’. A síntese da história é muito boa, e acredito que se a autora tivesse enxugado um pouco os acontecimentos que permearam a vida dos protagonistas tínhamos aí uma bela história de amor cheia de mistérios. O que ajuda bastante na leitura é que a escrita da autora é bem fluida e quando você se conecta com a história o livro vai bem.
Como disse, ainda que a história não tenha funcionado pra mim vi várias resenhas positivas da obra e só lendo mesmo pra vocês saberem se o livro é bom ou não ^^
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