Gabs. A 01/06/2023
Baby Shark, doo-doo doo-doo
A prática leva a perfeição?
No caso do Jo Nesbø, podemos afirmar que sim.
O primeiro de uma série antológica.
Comecei extremamente errado com Harry Hole, meu primeiro contato com a escrita de Jo Nesbø foi em seu sétimo livro: Boneco de Neve, que é próximo ao ápice em termos de suspense.
O mesmo não pode ser dito de O morcego, dá pra sentir as engrenagens ainda começando a esquentar, a evolução da decadência típica do personagem que ainda não está presente - o que é bem normal, a culpa foi minha, Harry - te conheci no futuro e não te reconheci no passado.
Uma fama em construção, uma boa jornada, mas não a melhor.
Um pouco diferente dos outros livros do Jo Nesbø, que parecem pegar fogo nas nossas mãos, aqui as coisas começam bastante glaciais e só lá para o fim que a coisa deslancha de verdade.
De saída, eu quase abandonei esse livro, de tantos rodeios que o autor dá - coisa que acabou se mostrando talvez um vício inicial de escrita - afinal, foi o primeiro livro do homem, então vamos dar um desconto rsrs.
Fui surpreendida com a introdução cultural aborígene australiana, não só aquela parte dos animais tensos que todo mundo já sabe, Jo Nesbø trás uma sensibilidade de visão aos nos contar o outro lado da Austrália, com respeito a ancestralidade e ao povos originários daquela região (Mas não dá pra olhar para o lado, em algumas situações ele dá umas escorregadas bem ao estilo branco salvador anos 2000, com esteriótipos raciais mega desnecessários).
Quanto ao desenvolvimento do suspense, a resenha de capa diz: "sobe como uma montanha russa, para te jogar toda a adrenalina da maneira que a história é contada" ou seja, demora pra esquentar, mas o final é bem eletrizante.