Vida Fora da Gangue

Vida Fora da Gangue Pedro Stiehl




Resenhas - Vida Fora da Gangue


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Gisa 27/04/2016

Parabéns Stiehl!
Eu confesso: Ando preguiçosa para resenhar. Pronto, falei.

É tanto livro, tanta coisa, que resenhar tudo, se torna cansativo e praticamente impossível. Só neste mês já foram 15 livros lidos. Não rola resenhar tudo. E nesta de não resenhar tudo, às vezes bate uma vontade de resenhar quase nada Por isso a criação da coluna : Lidos, mas não resenhados.

Mas às vezes e só às vezes, a gente encontra aquele livro que PRECISA resenhar, que PRECISA falar sobre, que NECESSITA mostrar para o mundo todo. O livro de hoje é um desses.

Bora entender do que eu estou falando?

Quem me acompanha sabe que eu realmente acredito que a literatura pode mudar o mundo. Mas como eu já disse uma vez: precisamos trabalhar para que ela mude o mundo para melhor.

Não raro, encontro livros que passam mensagens, estereótipos e pregam coisas não tão bacanas. A gente encontra de tudo neste mundo literário. Racismo, machismo, homofobia, gordofobia e por aí vai. E aqui, não estou falando de criticar essas situações, pois isto é importante. Estou falando de histórias que realmente pregam essas atitudes as vezes os autores não se tocam, mas as vezes, é bem de propósito.

Livros para adolescentes e que passam esse tipo de coisas então... nem se fala. Vixe, a gente vê aos montes nas livrarias, vendendo mais que refrigerante no verão.

E esse tipo de literatura muda o mundo. Para pior.

É por isso que quando li este livro, eu pensei: O mundo precisa conhecer. Ou meus leitores, que seja. Afinal, aqui a gente encontra um livro que também pode mudar o mundo. Para melhor.

Vida Fora da Gangue é narrado em primeira pessoa pelo João Pedro, um adolescente do ensino médio. João tem sua turminha. A Lygia, a menina por quem ele é apaixonado. Bruno, o jovem que não parece um bom exemplo, já que tem 20 anos, não tem interesse em passar na escola e por aí vai. E Carlinha, uma menina muito bonita, que às vezes sai com Bruno, sem compromisso, mas que é namorada do Druído, o chefinho de uma gangue.

A gangue do Druído passa seus dias na frente da escola. O objetivo deles, é meter medo dos alunos. Aliás, eles estão matriculados na escola, mas não frequentam. A gangue está envolvida com drogas, violência, prostituição. E claro, são inimigos da turma do João.

Mas a turma do João, apesar de tudo, é uma turma que gosta da escola. Eles tem aquela vontade de mudar o mundo, o que é super comum nesta fase e que infelizmente muitos perdem a medida que o tempo passa. E como a gente pode mudar o mundo? Com uma ação de cada vez. E é isso que a garotada faz. Eles começam a escrever um jornal na escola, o "Folhe teen" . O jornal faz sucesso logo de cara, com um poeta que ninguém sabe quem é, com várias matérias e tudo o mais...

O problema é que jornalista tem que ser meio detetive. E assim, a turma descobre que alguém está destruindo os livros da biblioteca da escola. E que a gangue do Druído está mais na lama do que poderiam imaginar?

E agora, o que é que eles podem fazer? Mudar o mundo é simples na teoria. Na prática, a gente precisa lutar muito mais.

O livro do Sthil espanta, com certeza. Ele espanta pela linguagem. Pelo jeito informal de João contar a história, pelas coisas que o garoto pensa. Espanta pelos temas abordados, pela nudez com que as coisas são expostas. Espanta por não apresentar uma solução clara. Espanta por não punir os atos. Espanta e até incomoda.

Mas se a gente não se sente incomodado, a gente não muda. Os livros devem causar esta estranheza mesmo, esse desconforto, essa vontade de fechar o livro e agir. E isso o livro faz muito bem.

O livro foi feito para jovens. Para que jovens possam ler, se identificar, perceberem que não estão sozinhos e que nem todos os adultos existem para julgá-los. Então o livro apesar de abordar tantos temas delicados, ele acaba sendo gostoso de se ler. Em muitos momentos a gente acaba dando risada. E mesmo para os mais velhos, a sensação de se sentir jovem, de estar novamente na escola, acaba sendo uma experiência muito proveitosa.

O João foi uma ótima escolha de narrador, ainda que ele não seja o melhor personagem. Ele enxerga as coisas com certo preconceito muitas vezes, assim como nós e precisa aprender, perceber e conviver com os problemas para entender.

A obra é de 2000 e se passa aqui na cidade. Ainda assim, ela permanece atual e poderia ser ambientada em qualquer lugar. Coisas assim, acontecem sempre, em todo o lugar.

Sei que a postagem ficou enorme. Mas eu precisava falar desse livro com vocês. Eu queria que vocês conhecessem esta história. E eu espero, do fundo do meu coração, que todos vocês tenham a oportunidade de mergulhar nesta aventura. Que ela possa ajudar os adolescentes e que possa clarear a mente dos adultos também.

O autor é aqui da cidade, e vocês não imaginam a satisfação que é conhecer o autor deste livro pessoalmente. Vocês sabem quando a gente vai a um teatro e aplaude em pé? Fiquei com vontade de fazer o mesmo ao terminar estas páginas. Parabéns Stiehl!

site: http://profissao-escritor.blogspot.com.br/2016/04/vida-fora-da-gangue-pedro-stiehl.html
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