A Bagaceira

A Bagaceira José Américo de Almeida




Resenhas - A bagaceira


23 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


O Velho Jack 29/01/2011

A seca na visão de José Américo
A bagaceira é um marco do romance regionalista brasileiro, escrito em 1928 por José Américo de Almeida. O triangulo amoroso de Dagoberto, Soledade, e Lúcio, Soledade é uma retirante fujindo da seca que chega a fazenda de Dagoberto que por sua vez é pai de Lúcio, que logo se apaixona por Soledade, que é violentada por Dagoberto tornando-se amante dele(rapariga)- O livro em si mostra a realidade da seca no sertão Paraibano daquela época, a relação de retirantes escapando como podem do periodo de seca, e de fazendeiros brejeiros nada contentes com essa bagaceira em suas terras.
Daniel.Malaquias 08/03/2023minha estante
Lembrando que rapariga na época do livro era moça rsrs




Maria14000 24/05/2023

O sofrimento de "não ter o que comer na terra de Cannaã"
"E foi a seca que me deu coragem. Porque saber sofrer, moço, isso é que é ter coragem." (p. 33)
Muito bom! O tipo de livro em que a natureza, a cultura, a luta e a miséria humana são as protagonistas, e os homens/as suas atitudes são "levados" por elas. Recomendo. É necessário.
comentários(0)comente



Marquim 24/09/2021

LB - A bagaceira
Eu não gostei muito do livro como um todo...
Achei a escrita um tanto quanto estranha. Não consegui me ?apegar? nem à história nem a nenhum dos personagens.
E, quando leio esse tipo de obra que dizem ser importante para a literatura brasileira e a avalio com uma nota tão baixa, fico mal e me acho o cara mais estranho do mundo...
Enfim, é isso...
comentários(0)comente



Otávio Augusto 16/01/2024

Importância grande, qualidade razoável
A bagaceira é considerado o marco do romance regionalista modernista. Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e José Lins do Rego são alguns dos grandes nomes da literatura brasileira que beberam da fonte de José Américo de Almeida. Sendo assim, não posso eu, como um grande apreciador da literatura nordestina, deixar de ler A bagaceira. Entretanto, já deixo bem clara a minha opinião: é um livro cuja importância é maior do que sua qualidade literária.

Inicialmente, a sinopse do livro é atrativa. Um brejo paraibano, chefiado por Dagoberto, homem viúvo e idoso, recebe retirantes sertanejos - Valentim, pai biológico de Soledade, e Pirunga, um irmão de criação de Soledade. A partir daí, o enredo principal do romance se desenvolve na forma de uma tensão amorosa entre Soledade e Lúcio, o filho de Dagoberto, que é um jovem estudioso e ingênuo; Dagoberto, como patriarca eivado de mandonismo, completará o triângulo amoroso do romance. A partir desse relacionamento de Lúcio e Soledade, que desperta olhares de todos os habitantes locais, o autor consegue tecer críticas sociais relevantes, principalmente em relação à pobreza, à falta de dignidade de vida, ao servilismo - quase escravagista - e à fome. Nas palavras de José Américo: "Há uma miséria maior do que morrer de fome num deserto: é não ter o que comer na terra de Canaã".

Entretanto, o livro falha ao não seguir essa linha narrativa com fidedignidade. O autor não cria um romance de enredo sólido, mas apenas um amontoado de cenas que pouco dialogam entre si. Em um momento acompanhamos os personagens principais. Depois lemos descrições eruditas da natureza local. Posteriormente, críticas sociais em forma de digressões mais longas do que deveriam, de qualidade variável. O romance se torna, então, uma colcha de retalhos.

Ainda assim, A Bagaceira tem seus méritos. Em seus melhores momentos, José Américo faz comentários poéticos em suas descrições da natureza e dos personagens. Além de serem bem líricas, são comentários com palavras ora eruditas, ora regionais; há um glossário ao fim do livro que nos ajuda a compreender os significados das palavras nordestinas utilizadas. Mesmo sendo nordestino, tive que recorrer muitas vezes ao glossário para compreender certas expressões - não é um livro de fácil leitura, de forma alguma. Também há ecos da literatura naturalista em A bagaceira. Em diversos momentos José Américo compõe uma prosa que se aproxima do romance tese e trata seus personagens como meros produtos do meio em que vivem, como humanos reduzidos aos seus instintos animalescos mais primitivos. Destaco o seguinte trecho:

"Mulheres extraordinárias! Filhavam uma e , não raro, duas vezes por ano. Engendravam-se em prazeres fugazes eternidades de sofrimentos. Os apetites com que a natureza capciosa encadeava as gerações deserdadas eram uma série de sacrifícios irresistíveis. Amplexos de corpos moídos. Procriações desastradas. Fábrica de anjos. A fecundidade frustrada pela miséria e pela morbidez geral."

Quem já leu O cortiço reconhecerá a influência da escola naturalista sobre A bagaceira. A meu ver, por ser um recurso aqui posto de maneira pontual, torna-se um ponto positivo que vem a engrandecer o romance, adicionando uma camada a mais de significado - a denúncia social. Percebe-se que José Américo conhecia, de fato, os problemas da Paraíba; não à toa que foi governador do Estado.

Aos amantes da literatura regionalista brasileira, esse livro é leitura obrigatória. Sua influência está em livros que lhe são superiores, em se tratando de estilo e valor literário. Sem A bagaceira, não teríamos obras como O quinze, Vidas Secas e Menino de Engenho. Saio dessa leitura com muita vontade de continuar a desbravar o sertão nordestino na prosa de nossos maiores escritores.
comentários(0)comente



José Cláudio 25/06/2021

Romance que marca o início da chamada ?geração de 30?, pautada por romances de denúncia social. O enredo é muito bom, mas a linguagem é bastante rebuscada, prefiro um Graciliano ou um José Lins do Rego fazendo esse tipo de romances, mas tem seus méritos!
comentários(0)comente



Daniel.Malaquias 11/03/2023

A seca como protagonista
Creio que de todos os personagens de A Bagaceira, o sertão seja o grande protagonista da história. Sertão esse que é narrado de forma seca, violenta, porém também bela e cheia de matizes poéticas e políticas. O rol de personagens se debruça sobre o clima árido do sertão nordestino, em particular o paraibano e nos convida a uma história sobre amor, amizade, falatórios, inveja, poder e diversos outros sentimentos que fazem parte da vida humana, desde tempos mais remotos. A Bagaceira é um romance árido, espinhoso, todavia crítico e denunciador da miséria humana.
comentários(0)comente



Axel.Rodrigues 15/05/2020

Boa história
Conta uma boa história, interessante, você quer saber o que vai acontecer, mas ao mesmo tempo a escrita e o regionalismo dificultam essa leitura, deve ser feita sem pressa ou não é feita.
comentários(0)comente



Vinícius 08/07/2020

Um marco
Livro marcante sobre seca e suas consequências no nordeste brasileiro, onde os: "esqueletos redevivos caminhavam" em busca de dias melhores.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Gucordeiro 07/05/2023

A Paraíba nas suas belezas e deselegâncias
Uma análise político-social da Paraíba (e consequentemente do Nordeste) no final do século XIX, mas vai bem além disso. O autor usa uma linguagem muito bonita e poética para descrever os personagens, e cria um conflito psicológico entre eles que de fato te prende na história, apesar de servirem como marionetes para sua tese social. A mistura de regionalismos com palavras rebuscadas - e já antiquadas- dificulta um pouco a leitura, e percebi também que o ritmo é um pouco estranho, o que talvez seja em razão de o enredo funcionar mais como exemplo de uma teoria política. Esta teoria, por sinal, é reflexo de uma efervescência de ideologias do começo do século passado (época em que o livro foi escrito), e pode parecer ofensiva para olhos anacrônicos. Ela utiliza de uma tensão entre brejo e sertão para construir uma narrativa paraibana que resulta em bastante utilitarismo e positivismo. Apesar de parecer inadequada para a atualidade, ela ajuda entender a história nordestina, porque, afinal de contas, José Américo foi governador da Paraíba. E, independentemente de qualquer coisa, também vale dizer que impressiona a sensibilidade apresentada por um político, já que o livro é poético e profundo durante toda sua extensão. Dificilmente se consiga pensar num político atual que tenha essa mesma habilidade. Anotei diversas passagens interessantes que analisam a natureza humana, ainda que não concorde com as conclusões finais tiradas delas. Enfim, o livro vale muito a leitura.
comentários(0)comente



Mauro Sérgio Da 23/01/2015

Profundo, revela como as condições ambientais fazem o homem extrair de si as formas mais primitivas. Uma dessas formas "primitivas" pode ser atribuida a personagem Soledade cuja sexualidade sem rédeas se contrapõe a Lúcio, "civilizado", contido nos seus impulsos, e que idealiza seu amor por ela.
comentários(0)comente



Simeia Silva 07/04/2017

.
Já começo essa resenha, deixando claro que não sou estudante de Letras e nem tenho muita familiaridade na literatura Lírica, portanto, o meu parecer sobre o livro não é nada parecido com os resumões para vestibulares que vemos por aí. Tudo esclarecido, vamos a resenha.
.
.

A história se passa entre os anos de 1898 e 1915, dois períodos de seca forte. O senhor Valentim, sua filha Soledade e seu afilhado Pirunga, abandonam a fazenda onde moram em Bondo, no Sertão, e partem em direção aos engenhos, onde são acolhidos por Dagoberto, dono do Engenho Morzagão. Dagoberto é o demo em pessoa, manda e desmanda sem dó ou piedade no povo que trabalha pra ele. Lúcio é seu único filho, faz faculdade de Direito e não aceita os pensamentos e o jeito retrógrado do pai.
.
Nas férias da faculdade, Lúcio chega no Engenho e se apaixonada por Soledade, o que lhe traria muita tristeza, pois pra mim ela não era nada santa. Com a volta de Lúcio pra faculdade, o seu pai Dagoberto seduz Soledade, o que criou uma confusão dos diabos, levando a morte de um inocente e a prisão de outro (pai de Soledade).
.
.Valentim após saber da verdade sobre quem seduziu quem, ameaça matar Dagoberto, que foge logo em seguida com Soledade e Pirunga, de volta pra fazenda do Bondo, no Sertão. E pra vingar o padrinho preso, Pirunga provoca a morte de Dagoberto, deixando Soledade sozinha. Lúcio herda o Engenho do pai, casa - se, o tempo passa, e das cinzas, ou da seca, ressurge Soledade, acabada e com um filho pequeno. No começo Lúcio a ignora, mas depois reconhece a mulher e seu filho, e o toma como seu irmão.
.
NOTA FINAL: Bom, a seca, os senhores de engenho e os retirantes, foram pano de fundo da história. Adorei entender a diferença entre o Agreste e o Sertão, a terra e período de chuva são um pouco diferentes. Enfim, não sei se consegui entender e absorver, toda a essência da história e da escrita rebuscada do autor, mas se você faz faculdade de Letras ou se interessou, é uma boa pedida.

site: @sentaaileitor
comentários(0)comente



Ana 24/10/2021

Árido
A Bagaceira, inicialmente lançado em 1928, nas palavras de Guimarães Rosa, abriu caminho para o moderno romance brasileiro. Não nego seu imenso valor histórico e literário mas... nem tudo é perfeito, o livro não me agradou de todo. O casal da trama, Lúcio e Soledade, não me cativou por um motivo: o autor tenta a todo custo nos fazer ver Soledade como uma figura idealizada, quase uma heroína romântica, mas para mim, ela não passa de uma sonsa. O tempo todo se oferecendo pro Lúcio, fazendo charme, argh, um nojo.
Dei graças a Deus quando a história terminou.
Mas outras coisas foram bastante marcantes para mim no enredo:
A tristeza imensa que senti quando li sobre a vida de todo ser vivente arruinada pela seca, pela fome, pela miséria. Um horror sem fim, uma das piores coisas que podem acontecer a um ser humano, isso de ir secando e morrendo de fome aos poucos, ao relento, enquanto o sol impiedoso
chamusca sua pele.
Fico pálida apenas quando imagino o horror daquele povo sofrido!
José Américo usou aqui uma escrita que lembra um pouco a do próprio Guimarães Rosa, e vemos assim que A Bagaceira teve ter servido de inspiração para o autor de Grande Sertão: Veredas, e para outros grandes autores da nossa chamada geração de 30.
comentários(0)comente



jonatas.brito 22/04/2017

Leitura impactante e necessária!
Ao concluir a leitura de “A Bagaceira”, tive a absoluta certeza de ter, em minhas mãos, uma autêntica relíquia literária brasileira. O romance é significativo por tratar-se, primeiramente, de sua importância histórica para o nosso país. Este livro inaugurou uma nova fase literária, denominada Romance de 30. Após sua publicação em 1928, seguiram-se diversos outros romances caracterizados pelo forte tom de protesto, denúncia e alerta para os grandes problemas existentes na região Nordeste do Brasil. A seca, o êxodo rural, as desigualdades e conflitos sociais eram temas frequentes nas obras de autores desse período, como Raquel de Queiroz com seu romance “O Quinze” (1930); “Mar Morto” (1936), de Jorge Amado e “Vidas Secas” (1938), de Graciliano Ramos. Todos, coincidentemente ou não, escritores nordestinos.

O paraibano José Américo de Almeida (1887 – 1980), autor de “A Bagaceira”, conhecia de perto as adversidades sofridas pelo povo sertanejo. Advogado de formação, usou a política e a literatura como ferramentas para denunciar o descaso do Estado para com o nordestino e seus flagelos. Além de romancista, José Américo foi promotor público, deputado federal, senador, ministro, pré-candidato à Presidência da República e membro da Academia Brasileira de Letras. Sua obra causou grande impacto quando de seu lançamento. Por intermédio de um trágico triângulo amoroso entre seus personagens, o autor conseguiu chamar a atenção e tornar público os reveses de quem sofria com a seca.

Ambientado em uma das grandes secas do século XIX, mais precisamente em 1989, o autor nos apresenta Dagoberto, grande proprietário de terras e dono do Engenho Marzagão, e Lúcio, seu filho e estudante de Direito. A princípio o leitor notará que há uma relação conflituosa entre pai e filho que se agravará durante do curso da história. Certo dia, bate-lhe à porta um grupo de retirantes, composto por Valentim, sua filha Soledade e Pirunga, filho de criação de Valentim. Dagoberto, por razões só reveladas posteriormente, acolhe a família em sua propriedade. Acerca dos retirantes, o autor realiza uma triste e fatídica descrição que faz jus, em parte, à comoção do público de sua época:

"Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam para onde iam. (…) Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais."

Dagoberto está longe de configurar-se um salvador. Figura cruel e prepotente, sabedor de que os retirantes não possuem opção senão serem subjugados, trata-os de forma humilhante e em condições desumanas. Soledade, porém, é a personificação da inocência e da sensualidade feminina. Ela dispõe de seus dotes sexuais exercendo, assim, forte influência sobre a maioria dos personagens. Diante disso e longe de ser apenas uma opção para as mulheres acometidas pela seca, o autor relata a íntima relação que há entre a fome e a exploração sexual das meninas sertanejas:

"…a exploração bestial da carne magra. O gozo contrastante das mulheres desfeitas, corrompidas pelos fétidos sintomas da fome. O estômago exigia o sacrifício de todo o organismo, até nas suas partes mais melindrosas. Tudo era vendido pela hora da morte; só a virgindade se mercadejava a preço baixo. Meninas impúberes com os corpinhos conspurcados. Deitavam-se a elas nos fundos das bodegas por um rabo de bacalhau ou um brote duro."

Assim sendo, Lúcio, ser puro e romântico, vê-se totalmente envolvido pela menina retirante. Porém, por mais que haja um flerte entre ambos durante toda a leitura, o estudante de Direito mantém-se imaculado perante Soledade. Após um período longe do engenho, Lúcio retorna decidido a casar-se com ela. Ao externar suas intenções para seu pai, Dagoberto lhe revela um segredo que surpreenderá Lúcio e os leitores: seu pai havia abusado sexualmente de Soledade, tomando-a como sua rapariga, em sua pior definição. Doravante, o leitor acompanhará uma tragédia anunciada, tornando a leitura de “A Bagaceira” uma experiência marcante, comovente e deveras realista.

José Américo de Almeida criou uma obra em que seus personagens, descrições e paisagens exercem forte apelo simbólico. Tudo possui uma razão de ser e existir. A narrativa – com sua linguagem regionalista – é uma arte à parte, trazendo mais lirismo e poesia à narração. “A Bagaceira” é retrato do Brasil da virada do século XIX, porém, sua denúncia continua atual e necessária. Um livro indispensável, atemporal e um clássico da literatura modernista brasileira.

site: https://garimpoliterario.wordpress.com/2017/04/22/resenha-a-bagaceira-jose-americo-de-almeida/
comentários(0)comente



Alberto 26/12/2021

Faroeste num engenho de cana da Paraíba no início do século 20.
Tem seus méritos, é claro, mas me pareceu um tanto irregular, e com alguns furos no enredo. De todo modo, é uma descrição muito interessante do cotidiano num engenho de cana na Paraíba a cento e poucos anos atrás. Mostra um conflito entre dois modos de vida e de pensamento, o dos sertanejos e o dos "brejeiros". O autor retrata os sertanejos como grandes e sem defeitos, tomando o partido deles. Há um grande esforço em utilizar o cenário e a natureza como ferramentas simbólicas dos estados emocionais e significados dos personagens. Vale pelo interesse histórico, tanto da história do país quanto de uma certa fase de busca de uma literatura tipicamente nacional.
comentários(0)comente



23 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR