Meia-noite e vinte

Meia-noite e vinte Daniel Galera




Resenhas - Meia noite e vinte


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mardem michael 02/05/2017

As angústias e incertezas de uma geração
Que grata surpresa conhecer o trabalho de Daniel Galera! Em meia-noite e vinte, acompanhamos as memórias, frustrações e angústias de personagens de meia idade. Uma bióloga em busca de seu título de doutorado. Um publicitário de sucesso. Um jornalista sexualmente confuso e um escritor supostamente assassinado no auge de sua carreira. Daniel Galera nos expões a contradições de vidas que se entrelaçam. A vida de quem viu nascer a era da internet. A vida de uma geração. Muito bem ambientada, exemplificada e escrita, essa história mexeu muito comigo!
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Bi Bueno 26/07/2022

Meia-Noite e Vinte
Mais um livro do Daniel Galera pra conta. O texto é muito bem escrito e a história, ambientada em Porto Alegre, como a maioria dos livros do autor, e as histórias dos personagens, quase todos da mesma geração que eu, fazem com que a gente se identifique com o texto de uma forma muito particular. Como bióloga, fiquei intrigada com a composição de uma das personagens e com as descrições de metodologia e de pesquisas na área.
Esse cara é muito bom! Um escritor pra gente acompanhar e que ainda vai nos dar muita coisa boa!
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criscat 22/03/2017

Meia-noite e vinte
Como eu já havia constatado ao ler Barba ensopada de sangue, Daniel Galera é um bom contador de causos, sabe como laçar e enlaçar o leitor com sua narrativa. Apesar de narrado em primeira pessoa pelos três amigos "sobreviventes", com cada voz narrativa perceptivelmente diferente das demais, há uma unicidade motivada não só pelo passado em comum e o tom saudosista que todos adotam, mas também pelo fato de cada um deles estar mergulhado - ou mergulhando - em situações-limite, seja na vida profissional, seja na pessoal, ou ambas.


site: http://www.cafeinaliteraria.com.br/2017/01/06/meia-noite-e-vinte/
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Ju 14/03/2017

Super contemporâneo, realista e cheio de referência dos anos 2000. Gostei muito talvez por saber falar a língua dos narradores, por me sentir parte e por me confundir com a história dos personagens. Eu lia o orangotango mesmo sem saber que ele existia. Gostei muito da escrita do Galera e quero ler mais livros escritos por ele.
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Tiago 09/02/2017

Trying too hard
Se os detalhes as vezes nos fazem compreender o todo, alguns deles em "Meia-Noite e Vinte" chamam muito a atenção. Um romance contemporâneo brasileiro que tem protagonistas e personagens na casa dos 30 e poucos com nomes como Aurora, Maximiliano, Antero, Andrei e Manfredo (?!?!) demonstram uma vontade muito grande de ser diferente, único. Praticamente hipster, apesar de em algum trecho do livro um dos protagonistas criticar um garoto e o classificar desta forma.

Em meras 200 páginas Daniel Galera também quer abraçar o mundo. Morte, depressão, drogas, sexo, amizade, ética, feminismo, homossexualidade e por ai vai... Todos os temas possíveis que afligem os adultos saudosos de sua juventude que agora se vêem oprimidos pelo cotidiano estão presentes neste livro.

Mas se por um lado o autor não dá conta de tratar de tudo, por outro há que se elogiar sua coragem de tentar e em alguns aspectos atingir êxito, A questão do sexo na vida dos seus personagens, por exemplo, consegue alcançar notas bastante profundas e íntimas. A maneira como o romance é estruturado também é interessante, intercalando narradores e colocando como eixo de ligação um personagem bastante complexo.

Irregular, "Meia-Noite e Vinte" é um livro que transpira sentimentos depressivos, desânimo, fadiga e falta de crença na humanidade. Porém, ao tentar criar personagens que justifiquem e embasem tais sentimentos, Galera fica no meio do caminho e não consegue tornar nenhuma das figuras de nomes "exóticos" de sua trama memoráveis.
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Achados e Lidos 22/01/2017

Dramas contemporâneos
Daniel Galera se tornou uma espécie de “fenômeno literário” brasileiro com Barba Ensopada de Sangue, lançado em 2012. Seu novo romance era aguardado, portanto, com uma expectativa enorme. Meia-Noite e Vinte confirma o autor como o expoente maior de uma safra de ótimos escritores como há muito não se via na cena literária brasileira.

O ponto de partida de Meia-Noite e Vinte é justamente a morte de uma espécie de alter ego de Galera, Andrei Dukelsky, descrito como “um dos maiores novos talentos da literatura brasileira contemporânea”. Mais conhecido pelo apelido, Duque foi morto de forma brutal, ao ter seu celular levado durante uma corrida pelas ruas de Porto Alegre.

A tragédia, que chega a Aurora por meio do Twitter, força a aproximação dela com os outros dois narradores do livro, Antero e Emiliano. Juntos, os quatro haviam escrito, na virada do milênio, um cultuado fanzine digital, chamado Orangotango.


O enredo é simples. Trata-se, essencialmente, do reencontro dos três amigos após a morte de Duque, o que os força a voltar a habitar o passado e, sobretudo, entender como chegaram ao presente e qual o futuro possível nas circunstâncias em que se encontram. O domínio de Galera sobre a narrativa, porém, faz com que esse seja um romance de portas abertas.

Cada personagem parece estar afundado em situações-limite. Aurora, uma pesquisadora da área de botânica razoavelmente bem sucedida, é ameaçada de não ser aprovada em sua qualificação de doutorado na Universidade de São Paulo por um professor abusivo. Seu choque com a morte de Duque a encontra em uma Porta Alegre caótica, com ares dignos de Saramago, o que exacerba seu pessimismo com a humanidade.

A fragilidade do homem era tocante. Milhões de anos de evolução desembocando em seres incrivelmente não adaptados ao ambiente do planeta, como demonstrava nosso sofrimento diante de mínimas alterações de temperatura ou falta de substâncias, uma vulnerabilidade humilhante a todo tipo de condição atmosférica, exposição a materiais e outros organismos, para não falar na ainda mais humilhante vulnerabilidade da nossa mente a qualquer baboseira, à ansiedade, à esperança. Éramos inadequados àquela natureza. Não espantava que desejássemos destruí-la.
Em um estado semi-depressivo, vivenciando apenas relações online, Aurora começa a questionar também os limites da ciência – e, automaticamente, de seu papel no mundo. Sua pesquisa sobre a percepção da passagem de tempo pelas plantas, que ao fim poderia até acelerar a produção de alimentos, começa a lhe parecer um problema em si. A terra, na sua avaliação, chegou a um ponto em que mais capacidade de vida significa fim mais próximo:

O ser humano não seria o primeiro organismo a ensejar o próprio genocídio por excesso de vantagem evolutiva, nem nisso éramos especiais.
Antero, um autocentrado diretor de uma agência de publicidade famosa, parece ainda preso em seus experimentos na adolescência, quando escrevia de forma transgressora para o Orangotango. Seu discurso vazio em um TEDx sobre a mídia e a produção de conteúdo capaz de conquistar massas de consumidores é, de certa forma, um reflexo irônico da tentativa de intelectualizar esse meio, disfarçando seu objetivo principal: vender.

Encarregado de escrever a biografia de Duque, Emiliano é um jornalista solicitado, mas que vive uma vida de certa forma decadente, desregrada, sem quaisquer amarras sentimentais.

Por todo o romance, está latente uma sensação de mal estar com a modernidade, uma percepção muito forte de que algo saiu fora do eixo no mundo. Ao dialogar com as manifestações de junho de 2013, um movimento ainda em digestão pela sociedade brasileira, Meia-Noite e Vinte escancara o mau humor que parece ter dominado as relações sociais desde então, uma espécie de azedume que advém de sonhos dilacerados.

Antero relembra a passagem de 1999 para 2000, quando havia a expectativa de um bug nos computadores que causaria panes globais, e que não deu em nada.

Quinze anos depois, o que começava a espalhar seus tentáculos pela sensibilidade de gente adulta e esclarecida como Aurora era outra coisa, uma angústia diferente da tensão pré-milênio. A nova angústia era essa expectativa difusa de um sufocamento vagaroso e irreversível, após o qual não restaria nada.
O estado de espírito dos personagens é algo como uma ressaca moral da década anterior, que se iniciou com as possibilidades abertas pela internet e por um pais que também parecia ter saído do limbo social e econômico. De repente, essa geração parece ter caído na real de que ainda estamos presos a um país capaz de retroceder décadas em um par de anos. Em um mundo que pouco faz para amenizar esse sentimento de fim iminente.

Há também uma forte tensão sexual entre os personagens, uma espécie de desejo latente que pode rapidamente caminhar para o mundo das possibilidades materiais. Uma espécie de espelho para o passado, que pode lhes permitir ser mais honestos com eles mesmos do que hoje, quando já se tornaram maduros o suficiente para construir defesas contra os instintos.

É esse sentimento que faz com que Emiliano não consiga recusar a proposta de escrever a biografia do amigo morto. Duque era avesso a redes sociais, mas depois de sua morte, descobre-se que tinha uma vasta presença online. Sua vida online lhe sobreviveria, e deixaria inclusive algumas respostas sobre o ar misterioso que envolve sua morte.

O leitor, porém, encontrará poucos respostas para seus questionamentos. Meia-Noite e Vinte é um livro conciso, mas que ao mesmo tempo pincela uma gama vasta de assuntos. Com esse livro, Galera também se aproxima de um autor que é sua referência assumida, David Foster Wallace, e seu realismo misturado com fluxo de consciência. Como não poderia deixar de ser, já estamos esperando o próximo livro de Daniel Galera. .

site: http://www.achadoselidos.com.br/2016/11/03/resenha-meia-noite-e-vinte/
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Djeison.Hoerlle 10/01/2024

Começou maravilhosamente bem, talvez o melhor Galera depois de Barba Ensopada de Sangue e o desenvolvimento tava sendo igualmente satisfatório, mas senti, ao final, que o autor simplesmente cansou de escrever, interrompendo abruptamente uma narrativa que parecia pedir, ainda, mais umas 150 páginas.

Dá uma certa amargura imaginar a grande obra que Meia Noite e Vinte podia ter sido.
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Camila.Dias 24/02/2018

Não leva a lugar nenhum
O livro trata do rencontro de três amigos, após a morte de um outro amigo. Esse reencontro reaviva lembranças de cada um deles e das histórias que viveram juntos na adolescência/juventude.
O livro é narrado em primeira pessoa e cada capítulo é feito sob o olhar de cada um dos personagens vivos, muitas vezes tratando sobre a relação de cada um deles com o amigo morto.
Achei que o livro começa no meio do nada e não leva a lugar nenhum no final, não senti conexão com nenhum dos personagens durante a trama, mas confesso que li até o final pra saber aonde a história ia dar.
É o primeiro livro do autor que leio, e confesso que não foi um bom começo.
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Yasmin Landulpho 16/06/2020

Livro mais sem pé e nem cabeça que eu li esse ano! Capítulos muito longos e cansativos! Não indico essa leitura!
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Pedro 12/04/2018

O assassinato de Duque, jovem promessa da literatura brasileira, provoca uma reunião de amigos, antigos companheiros do Orangotango, um importante zine eletrônico dos anos 1990. Do reencontro entre Antero, Emiliano e Aurora ressurgem afetos e rancores, e a trágica morte de Duque ressuscita lembranças de um tempo em que jovens cheios de criatividade desbravavam o potencial aparentemente ilimitado da Internet, enquanto enfrentavam a iminência de um Apocalipse na virada do milênio. Alternando narradores e com olhar crítico sobre a própria geração, Daniel Galera recapitula as vitórias, derrotas e sonhos de uma juventude que viu surgir novas possibilidades de se viver e que hoje encara, atônita, mas ainda apaixonada, as feridas da vida adulta e de um mundo que parece sempre estar prestes a terminar.
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Bruno Cortez 08/03/2018

História rasa, mas a leitura é um deleite
A história do livro é bem rasa e simples, nada misterioso e envolvente como "Barba ensopada de sangue". Os 3 personagens narradores do livro são interessantes e bem desenvolvidos. As tramas paralelas transitam por temas contemporâneos, de forma realista e suave ao mesmo tempo, fazendo com que não desgrudemos do livro. Não é o melhor romance do Galera (na minha opinião), mas o mais saboroso de ler.
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zoni 31/01/2018

Horrível?
Eu comecei a ler esse livro em setembro de 2017, porém, só tive disposição para terminar o mesmo agora esse ano. E que livro chato, hein? Não me lembro de muita coisa quando comecei esse livro, mas tenho certeza que quando o comecei já me bateu a decepção. Galera, nos da uma história tão lenta, chata e sem propósito que fica difícil de entender.

Durante toda a leitura eu senti que não fazia sentido, nada na história me atraiu, a escrita é genérica e não tem nada de novo ou marcante. Os personagens são distantes, vazios e não nos deixam conhecer. A coisa mais chata do livro são as mudanças abruptas de narração e personagens, isso me deixava perdido e confuso.

Já tinha visto outras pessoas falarem mal de outros livros do Daniel Galera, mas ainda assim dei uma chance para esse livro, e bem, não rolou. É um livro péssimo.

site: instagram.com/nomeiodatravessia
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Marker 29/05/2017

Ainda é uma memória bem clara pra mim o período, ali pelos idos de dois mil e sete, que topei com Até o dia em que o cão morreu, romance de estreia do Daniel Galera. Era por volta das três da tarde e eu fazia minha ronda semanal na Pernambooks, agora falecida livraria que ficava na Rua Barão de São Borja, coração do bairro da Boa Vista, no Recife. Eu devia ter em torno de quinze anos, e estava na fase mais leitora da minha vida até então. Os anos de Harry Potter haviam passado num flerte discreto, e eu me dedicava a uma investigação feroz da então contemporânea prosa brasileira. Foram anos de Joca Terron, João Paulo Cuenca, Cecília Giannetti, Daniel Pellizzari, Antonio Prata, Chico Mattoso, e nenhum deles fazia comigo o que Galera conseguia fazer. Livro de um fôlego só, Cão era repleto de temas que eu ainda não compreendia muito bem em sua complexidade: estavam lá a inadequação, a incerteza, o ódio, o amor, e tantas outras coisas que eu conhecia, só não sabia nomear. Faço essa introdução só para explicitar os motivos pelos quais a leve decepção com a leitura de Meia-noite e Vinte me foi tão desagradável.

Se colocadas lado a lado, as vozes do Galera neste e naquele livro poderiam até passar por escritores diferentes, e eu não falo isso num tom totalmente congratulatório de felicitação a um escritor que amadureceu e encontrou sua forma e estilo. Se Cão tinha uma espontaneidade quase adolescente -quase, porque o rigor formal estava todo lá-, Meia-noite soa como um livro forjado pelo estereótipo do escritor: auto-consciente, apaixonado por si mesmo, perdido numa pretensa batalha entre criador e criatura. Galera já havia flertado com um texto mais pretensioso quando escreveu Cordilheira, curiosamente o único de seus outros romances a ter uma voz feminina, mas o foco empregado ali levava o livro para um lugar mais sóbrio, o que não acontece desta vez. As três vozes presentes nesse novo romance tentar abarcar tantos estereótipos e questões contemporâneas quanto as duzentas páginas permitem, o que termina por sufocar qualquer resquício de profundidade.

Para melhor contextualizar; Galera trata aqui da reunião de três amigos porto-alegrenses quando do falecimento do quarto componente de seu antigo grupo. Criadores de um fanzine literário virtual nos idos de noventa e nove (muito como aquele que o próprio autor editava com amigos), os quatro experimentaram breve sucesso nos círculos culturais da cidade, e a ideia se desmantelou meteoricamente. Aurora tomou o caminho da biologia, Antero se transformou num publicitário capitalista voraz, e Emiliano, o mais velho de todos, seguiu como jornalista freelancer. Duque, o quarto e mais talentoso de todos, se manteve na literatura e acabou conseguindo fama e status de grande nome da cena contemporânea brasileira, trajetória ceifada por um latrocínio. É um grupo de personagens curiosas mas, excetuando Aurora, acabam sendo tratados com uma unidimensionalidade bastante sofrível. Antero se transforma numa caricatura de workaholic e pai de família pouco dedicado, Emiliano é sempre tratado como uma pessoa pragmática e bruta, o que pessoalmente me incomoda quando avalio que a homossexualidade do personagem é colocada em perspectiva à partir da maneira como ele não "cede" aos estereótipos que recaem sobre esse grupo, e Duque é sempre representado como o clichê do escritor misterioso e ranzinza.

De novo, quando se colocam essas vidas ao lado daquela existência medíocre porém sempre atenta ao caminho de um pretensa prosperidade que era o protagonista de Cão, os de cá perdem bastante. Não vou fabular em cima do que Galera esperava ou não esperava alcançar com Meia-noite, mas muito me parece um registro levemente biográfico e pessimista de um mundo que existiu e se apresentou como cheio de possibilidades mas agora está quase morto, com apenas uma pontinha de esperança acesa ao longe. A abertura da internet foi, de muitas maneiras, o desvelar de um projeto de mundo e vida mais justos e igualitários, o que anos depois se mostrou apenas ingenuidade. Pode ser uma sátira, no fim das contas, e eu falei um monte de bobagem, mas acho que não. O fato é que aquele Galera, mais próximo das expectativas ingênuas, escreve melhor que o pessimista.

site: http://www.pipoescreve.com/2017/05/meianoite.html
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avdantas 06/03/2017

O que sobrou dos nossos sonhos
No limiar do ano 2000, o mundo tinha dois possíveis destinos: sofrer com o bug do milênio toda a desgraça que o avanço tecnológico traria, ou gozar das vantagens que esse super desenvolvimento tecnológico proporcionaria a nossas vidas. O mais irônico é perceber que as duas alternativas na verdade não eram alternativas, nem opostas, apenas dois fatores de um mesmo fenômeno: a nossa evolução tecnológica; e que vivemos exatamente na linha divisória, com os braços abertos tentando nos equilibrar, um no caos e outro na evolução.

Os personagens de “Meia-noite e vinte” eram jovens em 1999. Antero, Aurora, Emiliano e Andrei curtiam uma espécie de fama na Internet graças a um fanzine virtual chamado Orangotango, que fazia sucesso online com textos literários, manifestos e experiências artísticas. Envoltos em festas, popularidade, juventude, sexo e drogas, os quatro amigos publicam o e-zine em um curto período de tempo, logo quando a vida os chama a se integrar à sociedade, sempre maior e nem sempre melhor que nós.

O livro começa com Aurora lendo no Twitter a notícia da morte de Andrei, apelidado de Duque pelos amigos, em um roubo de celular, com um tiro na cabeça. Isso impacta Aurora de uma forma profunda, fortalecendo nela a sensação de que o mundo está acabando (não em um sentido catastrófico, mas como se os dias fizessem parte de um lento processo de degradação da humanidade), representando aquela primeira postura que comentei no primeiro parágrafo desta resenha.

Ela encontra os outros amigos no enterro. Emiliano, um homem gay, jornalista free-lancer, que tem um fetiche envolvendo sexo e violência. Antero, o espírito-livre do grupo na época do fanzine, que se tornou um publicitário de sucesso, trabalhando para as grandes empresas e metido em um casamento ao qual ele não faz questão de manter fidelidade. E por último a própria Aurora, que decidiu seguir carreira acadêmica, mas esbarrou em um professor que lhe nutre um desafeto e a reprovou no exame de qualificação para a tese.

Todos se sentem chocados com a morte de Andrei, o único que seguiu carreira literária e manteve sua vida o mais privada possível. Cai nas mãos de Emiliano a tarefa de escrever uma biografia sobre o jovem misterioso e talentoso escritor.

O livro retrata de quatro pontos de vista diferentes o futuro da chamada geração Y, aquela que cresceu com a Internet, a revolucionária. Mostra como a vida exige de nós tanta energia que quase não sobra nada para os nossos desejos. E ainda por cima explora as facetas da nossa nova vida online, questionando a relação entre memória e digital. Quando morremos, o que sobra de nós na Internet faz parte da nossa vida? Quando morremos, o que se faz com nossos dados e rastros que ficam na rede? De certa forma, a Internet permite que nossa memória e presença permaneçam ativas em contas de usuários e fotos de perfil. No livro de Galera, isso é fundamental para o desenlace da trama.


Sou leitor ávido de literatura contemporânea e nunca vi um livro refletir sobre nossa época e nossas subjetividades com tanta fidelidade. Já li outros livros de Daniel Galera e sempre gostei, mas fiquei com a impressão de que precisava de algo mais. Eu precisava de “Meia-noite e vinte”.

site: http://cheirodesombra.blogspot.com.br/
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joaoaranha 26/01/2017

Experiência visceral.
Ler "Meia noite e vinte", de Daniel Galera, foi uma experiência descritiva visceral, coisa difícil de se presenciar nos escritores brasileiros.
Você é conduzido a uma experiência urbana sem pudor ou limites. Não é um livro para se apegar à história em si, mas na passagem do tempo, agressivo, duro e, ao mesmo tempo, anestesiante e saudoso. Mesmo não morando em Porto Alegre, era como se eu conhecesse todos os lugares descritos.

Uma obra magnífica em primeira e terceira pessoas, da Companhia das Letras, altamente recomendada.
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