Mutações da Literatura - No século XXI

Mutações da Literatura - No século XXI Leyla Perrone-Moisés




Resenhas - Mutações da Literatura - No século XXI


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Thalyta Vidal 10/07/2023

"O cadáver continua bem vivo"
Nesse livro, a partir de um levantamento ancorado em posicionamento de críticos e romancistas, Perrone-Moisés faz um levantamento acerca das principais mutações sofridas pela literatura no século XXI. São pontos relevantes por ela citados a presença da metaficção, da autoficção, da intertextualidade e da forte relação com grandes obras do passado. É importante reconhecer a grandiosidade desse trabalho, contudo, ao meu ver, a autora peca ao - enquanto se debruça sobre a América - não citar nenhum autor brasileiro. No entanto, há de se mencionar a importância de todo o debate por ela construído, bem como da análise sobre a discussão acerca do 'fim do romance' tão comum durante o século XX e a tese defendida pela autora acerca da sua, não apenas prevalência, mas predileção pelo gênero no século XXI.
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regifreitas 22/07/2021

MUTAÇÕES DA LITERATURA NO SÉCULO XXI (2016), de Leyla Perrone-Moisés.

Mesmo após tantos teóricos terem vaticinado o fim do romance e a morte do autor, esse gênero nunca esteve tão em evidência como nos últimos anos. Milhares de títulos são lançados anualmente em todo o mundo. E muitos dos seus autores são alçados a verdadeiras celebridades do momento.

A autora aponta que, diferentemente da abordagem dos modernistas, os romances atuais seguem um padrão mais tradicional quanto à forma, situando-se mais próximo às produções dos séculos XVIII e XIX. Para Perrone-Moysés, os autores contemporâneos querem ser acessíveis ao grande público, por isso se preocupam mais com a questão temática das obras do que em se aventurar na sua inovação formal.

Também alguns conceitos - intertextualidade, paródia, metalinguagem, ironia etc. - creditados ao pós-modernismo (ou modernidade tardia, como ela prefere), não são artifícios inéditos dentro da produção literária. Desde o surgimento do gênero romance eles podem ser encontrados. São recursos já utilizados por autores do passado, e talvez a maior “inovação” resida no fato da frequência bem maior com que eles aparecem na produção contemporânea.

É uma obra muito didática e acessível, mesmo àqueles que não são estudiosos do assunto. As ressalvas estão na falta de diversidade dos autores escolhidos por Perrone-Moisés para analisar: basicamente homens brancos. Ela não foge muito do já estabelecido, e mesmo quando cita escritores atuais, prende-se aos já agraciados pelas grandes premiações, ou àqueles já com uma reputação reconhecida entre os críticos.
profuilma 22/07/2021minha estante
Gostei do livro! Obrigada pela resenha!




Andreas Chamorro 08/03/2020

Este livro me salvou
Sou autor. Estou avaliando a literatura contemporânea aos poucos para saber o que faço ou não. Perrone me deu a resposta, ela falou diretamente comigo neste texto, principalmente no último capítulo. Se um dia minhas obras chegarem a ser o que almejo, ser a graças ao que li neste livro, pois sem estas passagens talvez tivesse desistido.
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Toni 26/08/2019

“Mutações…” poderia muito bem ter se chamado “Deixa eu falar por que vocês precisam da crítica para lhes dizer o que é boa literatura”. A aparente crueldade desse começo se justifica não porque o livro seja ruim, mas por se tratar de um livro perigoso capaz de convencer o leitor de que existe uma literatura melhor e mais preparada para salvar o mundo, mas apenas alguns poucos eleitos capazes de percebê-la. O problema mora tanto nessa crença absurda quanto na pretensão de um panorama que analisa as obras de 1 MULHER e ZERO ESCRITORES NEGROS produzidas neste século.
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A história da literatura é prova de que em tempo algum escreveu-se melhor: escreve-se como sempre se escreveu—com uma tradição (oral ou escrita) por trás e um presente urgente e teimoso nas mãos. Não obstante, a busca de Perrone-Moisés por mutações na literatura contemporânea acaba se tornando a procura pelo que resta de uma Tradição que justifique a função do crítico, estando esta última respaldada, nas palavras da autora, “por uma diferença de qualidade”, detectável na “boa literatura”, “que se pode experimentar e demonstrar”. Faz pena que a pesquisadora não consiga cumprir a promessa, e suas mutações não passem de uma lista de favoritos—todos homens brancos e, mormente, do norte. Constrangedora, a propósito, é sua defesa de Vargas Llosa, um autor “maniqueísta” e “não muito original”, cujo “estilo influente” “não evita os lugares-comuns” para “prender a atenção dos leitores, administrando bem os suspenses”. Páginas antes, a autora já elencara essas mesmas características como traços da “leitura fácil”, “de mercado”, indigna do olhar do Crítico Literário (maiúsculo, claro).
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Predomina o estilo fatal-hiperbólico (Fulano é o último dos escritores capazes de blá blá blá). Quando se aventura por questões mais complexas, como o universo dos booktubers, a crítica literária e o ensino de literatura hoje, a autora mostra que não enxerga muito além de seu milieu, recorrendo a sentenças categóricas descontextualizadas (“Os críticos literários nunca foram estimados pelos escritores”).
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Não é possível dizer nesse ponto se a autora ignora que essas categorias há muito se misturaram (vários críticos escrevem, assim como muitos escritores fazem crítica), ou se é mais uma escolha política da pesquisadora, de seu elitismo fantasiado de preservacionismo bem-intencionado. Além disso, o corpus analisado (majoritariamente autores premiados, seja com o Nobel ou outros prêmios e, de novo, todos homens brancos) mostra sua opção por aquilo que já foi validado, não havendo novidade crítica alguma, apenas aquele velho chover no molhado e uma clara indisposição para o que seja ex-cêntrico. Mutações mesmo, nenhumas. Talvez na paciência e boa-vontade de nós leitores. Seja como for, é de partir o coração ver tanta erudição a serviço de uma “estética” sem ética.
Arthur.Katrein 31/08/2020minha estante
Pelo jeito a Leyla não mudou muito desde que escreveu "Altas Literaturas" em 1998.

O último capítulo daquele livro é voltado a pintar estudos culturais voltados para a literatura e as tentativas de inclusão e reconstrução do cânone como "jovens acadêmicos filisteus que querem queimar Shakespeare e Dante por serem machistas". E a lastimar o fim da literatura e os relativistas pós-modernos em sua cruzada puritana de destruição dos clássicos.

Eu admiro muito a erudição e a escrita dela, mas esse confronto forçado contra verdadeiros espantalhos da nova geração de críticos e acadêmicos - mais preocupados com questões sociais - beira a desonestidade.




Biblioteca Álvaro Guerra 20/03/2018

No mundo inteiro, as tiragens milionárias de romances e outros gêneros de narrativa longa têm desmentido as velhas previsões sobre a extinção iminente da prosa de ficção. O hábito de ler romances sobrevive com saúde surpreendente na pós-modernidade, apesar da esmagadora hegemonia do audiovisual. Além de fonte insubstituível de prazer intelectual, a alta literatura permanece essencial como instância de representação e crítica da realidade.

Empreste esse livro na biblioteca pública

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site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535927733
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Luiz Pereira Júnior 22/02/2017

Mutações da alta literatura...
Um livro para quem ama livros. Focada na prosa e longe do ranço acadêmico e daquilo que já se tornou lugar-comum (incensar Clarice e Guimarães Rosa, dentre os modernos), a autora nos apresenta obras atuais para aqueles que amam a literatura. O único problema: para aqueles que detestam spoilers, a autora entrega o final de vários dos livros analisados. Mas, para quem ama literatura realmente, o final, muitas vezes, é o que menos importa...
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Aguinaldo 20/11/2016

mutações da literatura
Em quatorze ensaios curtos e muito bem escritos Leyla Perrone-Moisés alcança oferecer ao leitor um bom panorama da literatura contemporânea. Nos seis primeiros dos quatorze ensaios ela faz um resumo do que pode ser entendido com os dilemas da cultura no século XX. Ela discute, define, conceitua, esclarece, reflete sobre o que pode ser dito do "fim da literatura", da herança cultural que pode ser recebida por meio da literatura e dos livros, do pós-modernismo na literatura, dos tons infinitos de cinza que são as formas de crítica literária e do ensino de literatura nas escolas. Nos demais ensaios ela analisa em detalhe as experiências narrativas mais comumente utilizadas nas últimas décadas, por escritores brasileiros e estrangeiros. Fala dos modismos e do mercado dos livros, das reflexões que escritores de sucesso produzem acerca de seu ofício, dos exercícios de metaficção e intertextualidade, de autoficção e das tentativas de capturar a modernidade, da literatura de entretenimento e da literatura sofisticada, que cobra erudição do leitor. O tom é sempre neutro. Ela nunca utiliza categorias de apreciação ou gosto vagas. Há livros que ela analisa minuciosamente e outros que descreve em dois ou três curtos parágrafos. Compara estilos e propostas narrativas. Tenta contrastar os ciclos ficcionais do século passado com aquilo que é produzido hoje. Fala de diversos escritores sem induzir o leitor a classificar um autor como melhor que outros. Certamente ela poderia obscurecer o texto com chavões acadêmicos e outros malabarismos, mas afortunadamente ela preferiu escrever um livro que mesmo o mais neófito dos leitores, o mais iludido dos jovens youtubers poderá aproveitar. Enfim, aprende-se um bocado com Leyla Perrone-Moisés. Belo livro.
[início: 13/10/2016 - fim: 20/12/2016]
"Mutações da literatura no século XXI", Leyla Perrone-Moisés, São Paulo: editora Schwarcz (Companhia das Letras), 1a. edição (2016), brochura 14x21 cm., 296 págs., ISBN: 978-85-359-2773-3

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/10/mutacoes-da-literatura-no-seculo-xxi.html
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