Carla Brandão 08/09/2016A história de Sarah começa difícil. Ainda bebê, foi abandonada pela mãe biológica na porta da casa de uma vizinha. Aos 60 anos, Julieta acabou se tornando uma mãe-avó e deu para aquela menininha tudo o que gostaria de ter dado para os filhos que nunca teve. Sarah cresceu amada, cheia de grandes planos e recebendo todo o apoio de Julieta. A menina, que gostava de inglês e de computadores desde cedo, tinha como maior objetivo estudar em Stanford, nos Estados Unidos. Plano feito, plano realizado.
Durante o intercâmbio de um ano, se dedicou ao máximo para ser aceita na Universidade. Durante os anos da graduação, suas horas eram todas dedicadas aos estudos, sem muito espaço para diversão ou romances. Lá conheceu Jeromy Brown, um famoso cientista que comandava um sigiloso projeto chamado Delta. Quando passou a integrar a equipe, Sarah não imaginava o que viria depois. Uma fatalidade acontece e ela retorna ao Brasil depois de anos morando fora.
Seu caminho se cruza com o de Alex na madrugada do dia 18 de novembro. Ela, presa em um lugar que não conhece. Ele, trabalhando sem descanso em pleno final de semana. Ela, em 2013. Ele, em 2012. É claro que quando a janela de chat surgiu do nada em seu computador com uma estranha afirmando estar falando do futuro, Alex achou que era tudo fruto do cansaço, que ele estava sendo vítima de uma piada ou mesmo de um hacker, nunca que fosse verdade.
Mas Sarah tem como provar o que diz e se esforça para que Alex acredite nela, afinal, ela corre perigo e teme também pela vida de Julieta. A partir daí, Alex inicia uma corrida contra o tempo para desvendar os mistérios envolvendo o projeto Delta e para tentar impedir que o sequestro de Sarah ocorra. Apaixonado desde que falou com ela por meio daquela janela do tempo, precisa calcular bem cada atitude para que suas ações com a Sarah do passado não tenham consequências negativas para a Sara do futuro.
A narração é feita na maior parte do tempo em terceira pessoa. No início do livro, a autora lança mão de recursos como matérias de jornal para contar um pouco do passado dos personagens, do início do Projeto Delta e até mesmo da evolução da informática. Foi ótimo para fornecer informações importantes de forma diferente e contextualizar o leitor sem se prender a descrições exaustivas. O livro conta ainda com passagens do diário de Sarah e trocas de e-mails, tornando a narrativa ainda mais dinâmica e variada.
Por não ser cronologicamente linear, Delta: um comando para o tempo, mantém o mistério por mais tempo, apesar do desfecho não ter sido uma grande surpresa para mim. O texto vai seguindo em uma direção e, de repente, no capítulo seguinte se volta a algum acontecimento do passado. Mas não é à toa, existem detalhes importantes por lá. Todo esse passeio pelo tempo é devidamente separado em capítulos, portanto a leitura não é confusa em nenhum momento.
Histórias de viagem no tempo não são novidade, mas Ana Cristina Melo construiu um enredo que agrada e prende. Não encontrei furos, que são sempre um risco em tramas assim, as pontas são todas amarradas. Conforme o livro vai se aproximando do fim, o próprio leitor consegue ir encaixando as peças e obtendo as respostas.
A preocupação de Alex com o que seu envolvimento com Sarah pode causar no futuro, faz com que o romance aconteça devagar. Se isso causa angústia na moça, o efeito em quem lê é de uma história de amor mais crível, que acontece e cresce aos poucos. A lição que fica é a de que para o amor não existem barreiras, nem mesmo a do tempo.
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