O Muro de Pedras

O Muro de Pedras Elisa Lispector




Resenhas - O Muro de Pedras


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Ingrid_mayara 27/12/2017

Minha experiência de leitura
Lembro-me com certa precisão do dia em que comprei esse livro num sebo. Eu já havia comprado alguns livros da Clarice e gostei tanto de sua escrita, que voltei lá para comprar mais um, sem saber ao certo por qual título procurar. Perguntei à vendedora, não havia nenhum. Decepcionada, já ia saindo da loja sem nada levar quando ouvi a vendedora me chamar. Moça, pode ser este aqui? Parece ser da irmã dela, quer ver? Pode ser. Comprei sem folhear direito. A vendedora, cuja experiência lhe dá o poder de conhecer seus clientes sem precisar saber seus nomes, deve ter notado a falta de brilho em meus olhos e pediu-me que voltasse em breve, pois sempre tem alguém querendo trocar livros, então aos poucos fui preenchendo o espaço reservado às obras de Clarice, tendo sempre ao lado O Muro de Pedras.

E agora, cinco anos depois, finalmente tive coragem de pegar para lê-lo. Foi um sentimento estranho, como uma aluna que gosta muito de sua professora e lamenta pelos últimos dias de aula sabendo que no ano seguinte outra pessoa ocupará o cargo, obrigando-se ao encontro com o desconhecido.

A cada página eu ficava mais aliviada, como quando acaba-se por gostar da nova professora, sabendo que um dia poderá se esbarrar com a outra na escola da vida. E nutre-se um amor equivalente e ao mesmo tempo diferente, pois cada pessoa é única.

O Muro de Pedras foi publicado em 1963 e é um romance considerado intimista. O enredo não é linear e a narração é em terceira pessoa, contando a história de Marta, uma mulher que tem crises existenciais. Nas primeiras páginas, conhecemos a complexa relação dela com a mãe quando esta vai lhe visitar e fica reparando na arrumação da casa. Durante uma discussão causada pelos comentários intrometidos de Eunice, Marta reage:

"Mamãe, quando é que você compreenderá que está me destruindo, que não suporto mais as suas críticas, as suas zombarias, os seus reparos constantes? Deixe-me viver errado, mas deixe-me viver. Já sou adulta, já posso assumir a responsabilidade dos meus atos."

Então Eunice lhe responde com seu mesmo jeito zombeteiro, sempre insinuando que Marta ainda não é uma pessoa completa, que seus fracassos nada têm a ver com a mãe. E de repente, como hábito, muda totalmente de assunto fingindo que estão conversando pacificamente sobre a costura do vestido. A submissão e o respeito pela mulher que lhe deu a vida chega ao limite com o falecimento do pai, e finalmente a mãe vai embora para longe, deixando-a encarar sozinha a própria liberdade.

Entre um relacionamento e outro, Marta chega a pensar que sua grande missão é ser mãe, embora haja o dilema entre gerar uma vida ou deixar de viver.

"Viver era-lhe agora o mesmo que arranhar as pedras de um muro; os dedos sangravam, sem que ela conseguisse inscrever nele o mais leve indício de sua dor."

Bem, antes de ler esse livro você precisa saber que a narrativa é bastante instrospectiva, sem demarcação específica de tempo ou momento histórico, sem contar também a situação da sociedade. Não há predominância de cenas com ação, nem muita profundidade dos personagens secundários, apenas o necessário para acompanhar a vida da protagonista. A leitura foi agradável e pude notar diversas semelhanças nas características psicológicas de alguns personagens e pessoas que conheço. A história de Marta tornou-se inesquecível para mim; Elisa Lispector tornou-se inesquecível.

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Poesia na Alma 26/08/2017

Um monólogo compulsivo sobre a angústia
O Muro de Pedras, de Elisa Lispector, 166 páginas, foi o primeiro livro a ganhar, por decisão unânime da comissão julgadora, o Prêmio de Romance José Lins do Rêgo, em 1962, promovido pela José Olympio Editora, hoje, Grupo Editorial Record desde 2001.

“Mas parece que o poço de angústia que há no coração humano é maior e assola tudo.”

Marta, personagem central, vive um monólogo compulsivo sobre a angústia de ser livre, o que a torna desajustada diante do mundo. Refletir sobre a própria existência a fere, é insano, reduzindo-a a um estado de imersão e refreamento da vida cotidiana.

continue lendo - http://www.poesianaalma.com.br/2017/08/resenha-o-muro-de-pedras-de-elisa.html
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