Bruna A. 13/12/2017The Ghost in the Shell - Masamune ShirowTalvez essa não seja uma resenha comum sobre a obra e é grande a chance de acabar falando besteiras aqui, mas vou tentar ser sincera: eu não gostei do mangá, ou não tanto como achei que gostaria. O motivo é um só: eu não entendi!
Quer dizer, fui gostar da história depois de mais da metade lido. No geral, achei deveras confuso. Até um tanto cansativo. Sem dúvidas, é uma grande obra. Não dá pra negar a magnitude do universo que Shirow criou. Mas o meu problema foi justamente esse: é tão complexo que não dá pra entender logo de cara onde foi que me meti.
Obras sobre ficção científica e cyberpunk na minha pequena experiência lendo sobre elas, me deram uma certeza: o autor não é didático e não tenta fazer qualquer esforço em explicar pro leitor o que é tudo aquilo. Grandes obras sobre ficção científica já começam no meio e você vai adivinhando com informações aqui ali ou acolá sobre o que aconteceu no passado. Não existe a linha do começo-meio-fim, além de um grande salto de tempo entre um capítulo e outro, como acontece em GitS. Não foi assim quando você assistiu Star Wars pela primeira vez? GitS não é diferente.
E pra mim, para conseguir saciar o tanto de perguntas que vão aparecendo ao ler a história, eu vou precisar das respostas. E não foi isso o que aconteceu exatamente. A riqueza de detalhes é tanta que dá pra perder vários momentos tentando decifrar/entender cada um deles.
O autor nos leva à um futuro não muito difícil de imaginar nos nossos dias atuais: a tecnologia tomou conta de todos, ciborgues de alto custo e pobreza caminham lado a lado. A criminalidade é alta em um mundo tão desigual que dá mais prioridade às maquinas do que aos seres humanos.
Nasce então a Seção 9, responsável pela segurança pública comandada pelo Chefe Aramaki e a Major, a nossa protagonista Motoko Kusanagi, e sua equipe altamente treinada: Batou, Togusa, e também Paz, Saito e os simpáticos Fuchikomas.
(fica aqui um detalhe pra genialidade da aparência do chefe da Motoko, um homem de muita autoridade com cara de macaco: dois extremos da evolução humana)
E Batou que foi, de longe, o meu personagem favorito. Um grande homem/ciborgue (não dá pra ter certeza) com um senso de moda questionável e um senso de humor que arranca risadas apenas de olhar pra cara dele. Adorei!
A edição da JBC está impecável. Muito bem cuidada, digno do que a obra merece. Várias páginas coloridas que assumem um tom degradê até chegar no preto e branco. Muito bonito visualmente. O tamanho do mangá me incomodou um pouco, acostumada que estou com mangás menores foi um pouco complicado acostumar a ler um volume tão grande.
Há linhas de rodapé do próprio autor que gosta de explicar uma situação ou ação da história. Fiquei um pouco duvidosa sobre essas notas. Geralmente, é algo que gosto, mas as notas do Shirow são tão longas (10 linhas explicativas é muito sim) e ele divaga tanto pra fora do plot que não era raro eu ter que voltar a leitura depois porque tinha esquecido o que estava acontecendo no mangá. Só quando as notas diminuíram eu consegui acompanhar a história no meu ritmo e não no do autor.
Não é uma história 100% séria também. Há muitas cenas de humor, não só pra quebrar o clima como para mostrar que ciborgues se divertem também.
No geral, é um mangá que não recomendo ler sem ter um mínimo de conhecimento sobre a obra. Deixe para ler as notas do autor depois de terminar tudo. Espere muita filosofia entre máquinas e humanidade. Talvez, tenha um pouco de paciência se essa não for muito a sua bolha de leitura (como foi comigo), mas não desista. É uma história incrível que merece ser lida por todos.
Comecei essa resenha dizendo que não gostei e termino ela recomendando a leitura. Tá vendo só a dualidade? The Ghost in the Shell é isso: pergunte, duvide, questione o mundo e você mesmo.